Associações comunitárias apostam na criação de bibliotecas locais

PorDulcina Mendes,20 ago 2022 11:48

Incentivar a leitura e tirar as crianças da rua são alguns dos objectivos das bibliotecas comunitárias. As bibliotecas vão ocupar o tempo livre das crianças com leitura e outras actividades educativas. O Expresso das Ilhas falou com alguns responsáveis de associações comunitárias que criaram as suas próprias bibliotecas para ajudar as crianças a ter um espaço educativo, onde possam desfrutar de uma boa leitura e de conhecimento.

Na Cidade de Praia alguns bairros possuem as suas bibliotecas, onde as crianças têm oportunidade de ter um espaço, onde possam estudar, ler e ocupar os tempos livres de forma diferente. 

A associação Fidjus de Kokeru criou a sua biblioteca pensando não só em incentivar a leitura, como também em tirar as crianças da rua. Situada em Coqueiro, um dos bairros periféricos da Cidade da Praia, a associação sentiu a necessidade de ter um espaço que funcionasse como biblioteca para servir a comunidade, sobretudo a camada mais vulnerável. 

Rafael Ferreira, da Associação Fidjus de Kokeru, contou a este semanário que antes tinham apenas uma escola de boxe a funcionar e que sentiram a necessidade de ter um espaço que acolhesse as crianças que ficam muito tempo na rua, sem nada para fazer. 

“Na comunidade temos muitas crianças vulneráveis. Então como tínhamos um espaço que funcionava como jardim, construímos a nossa biblioteca que serve à comunidade, porque acho que através da educação podemos mudar o comportamento dos jovens, transmitindo-lhes boas práticas’’, justifica. 

A partir daí começaram a recolher livros para a biblioteca que hoje é uma realidade. “Depois contactamos a Biblioteca Nacional que nos ofereceu certa quantidade de livros. A partir de lá começá- mos a receber ofertas de livros de várias pessoas”. 

“Então começamos a trabalhar com as crianças, a incentivá-las a criar gosto pela leitura. Além disso, temos pro- gramas, onde exibimos filmes que têm a ver com a educação. Também temos os contos tradicionais. Há bem pouco tempo recebemos cá a escritora e contadora de estória Adriana Reis, que está em Portugal e o Gil Moreira também. 

A biblioteca surgiu este ano, com objectivo de tirar as crianças da rua. “Temos muitas crianças que estão na rua, cujas mães são chefes de família. Muitas vezes saem para vender e as crianças ficam na rua até altas horas, então criamos este espaço para não ficarem vulneráveis na rua”. 

Na biblioteca as crianças dedicam-se à leitura, pintura e a fazer algo que os possa servir mais tarde. “Além disso, temos aulas de francês e inglês para essas crianças. Também frequentam o espaço crianças mais crescidas que fazem boxe e nas aulas de dança temos adolescentes, adultos e crianças”. 

Também a Associação Safende Di Nós – Bairro Amado dispõe de uma biblioteca para servir toda a comunidade, principalmente aos mais jovens. 

Por outro lado, a Associação Amigos de Cobom tinha uma biblioteca comunitária que foi inaugurada, em 2018, graças a uma iniciativa do professor universitário Alexandrino Moreira e da Embaixada do Brasil. O espaço acolhia aula de karaté e biblioteca, mas devido a alguns constrangimentos o espaço encontra-se fechado neste momento. 

Já a Associação Comunitária de Achada Eugénio Lima quer ter a sua biblioteca, mas estão sem espaço para a sua instalação. “Temos um projecto para criar uma biblioteca comunitária, mas infelizmente ainda não conseguimos concretizá-lo. O que nos falta é um espaço”, sublinha a vice-presidente Zaudina Semedo. 

Zaudina Semedo disse que seu desejo é ter uma biblioteca comunitária. “Há muito que tenho lutado por um espaço, mas ainda nada, tenho desejo de trazer muitas coisas para a comunidade, mas temos problema com um espaço para isso”.

Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 1081 de 17 de Agosto de 2022.

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Autoria:Dulcina Mendes,20 ago 2022 11:48

Editado porNuno Andrade Ferreira  em  20 ago 2022 17:22

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