Filomena Delgado conta que o Orfeão da Praia retomou as suas actividades em 2009, mas o início do grupo recua a 1974, altura em que um grupo de jovens encabeçados pelo maestro Eutrópio Lima da Cruz decidiu criar o Orfeão Club Juvenil da Praia.
O grupo funcionou até 1976/77, altura em que a maior parte dos seus elementos começou a sair para fora do país para continuar os seus estudos. Com a saída da maior parte dos seus elementos, o grupo parou as suas actividades.
A retoma foi a partir de 2009. “Começamos a ensaiar no dia 5 de Janeiro de 2009, mas a decisão da retoma das actividades curalísticas foi decidido num convívio organizado na Ribeira Grande de Santiago (Cidade Velha)”.
Segundo Filomena Delgado, de 2009 até esta parte, o grupo teve altos e baixos. “No início contávamos com muitos curalistas chegando a ser cerca de 60 e tal aquando da nossa primeira internacionalização com saída para Portugal. Em 2011 fomos ao Brasil, já com 30 e tal elementos, para participar no Festival Nordeste Canta, organizado pela Associação Alagoana de Coros”.
Balanço
A presidente do Orfeão da Praia faz um balanço positivo destes anos do grupo, apesar dos altos e baixos. “O Orfeão da Praia apareceu várias vezes em palcos, quer nacionais, quer internacionais, para além das actividades de cariz social, às quais tem dedicado”.
Presentemente conta com cerca de 30 elementos, incluindo o maestro e quatro instrumentistas.
Em relação à formação para os coralistas,Filomena Delgado conta que tinham uma agendada com o maestro Luís Martins, do Maceió, Brasil, mas que, por questões profissionais, já não acontecerá em Novembro, tendo ficado adiado para de Janeiro de 2023. A formação será destinada a crianças e idosos do Espaço Aberto Safende.
Quanto aos temas, frisou que interpretam ópera juntamente com a música cabo-verdiana, mas que a partir da internacionalização decidiram apostar apenas na música cabo-verdiana, principalmente quando actuam fora do país.
“Não tem lógica estarmos a cantar outros temas que não sejam cabo-verdianos, até porque temos como objectivo divulgar a nossa música. Interpretamos temas que dizem respeito à terra: os temas marcantes do percurso do homem cabo-verdiano e aqueles que soam bem ao ouvido”, indicou.
FestiCoral
O Orfeão da Praia conta realizar a terceira edição do Festival Internacional de Coral (FestiCoral), em 2024, “ano em que o Orfeão da Praia completa os seus 50 anos, desde a sua aparição em 1974”.
A segunda edição foi realizada no ano de 2019, na Cidade da Praia, e contou com a participação de 10 grupos corais, sendo dois internacionais: de Portugal e Senegal.
Solidariedade
Filomena Delgado explica que “o objectivo do Orfeão da Praia é trabalhar em prol da cultura cabo-verdiana, divulgando a música cabo-verdiana, mas também dar uma mão amiga àqueles que mais precisam”.
É assim que o grupo já realizou várias actividades de cariz social, desde oferta de materiais didácticos às escolas, recolha de roupas e sapatos para serem entregues às comunidades mais necessitadas. “Já realizamos feiras de saúde, campanhas de plantação de árvores e recolha de roupas aquando da erupção vulcânica na ilha do Fogo. Com a COVID-19 logo nos primeiros tempos entregamos à delegação do Ministério da Educação da Praia máscaras comunitárias produzidas pela Confecção Alves Monteiro”, lembra.
“O grupo já realizou actividades com os idosos do Centro de Idosos do bairro de Bela Vista, na Cidade da Praia em que se pôde ver a alegria estampada nas caras desses idosos”, frisa. Contudo, o trabalho do grupo tem estado mais direccionado para o Espaço Aberto Safende com as crianças, “vamos ter uma experiência este ano com os adultos”.
Ensaios
O lugar de ensaio tem sido um constrangimento para o grupo, sublinha Filomena Delgado. “Já passamos por diversos locais de ensaios, iniciamos na Assembleia Nacional, depois passamos para o Cinema da Praia, mas por razões que se prendem com a ocupação do espaço tivemos que ir para a escola secundária Cesaltina Ramos, em Achada Santo António, onde nos cederam um espaço para os ensaios. Posteriormente fomos para a escola Secundária Pedro Gomes, depois passamos para o Salão Paroquial e, ultimamente, estamos a ensaiar no Liceu Domingos Ramos”.
“O local de ensaio é o nosso calcanhar de Aquiles, na medida em que passado todo este tempo ainda não conseguimos um espaço fixo onde possamos ensaiar e constituir uma sede. Os nossos arquivos, troféus e peças oferecidas encontram-se em casa dos elementos da direcção”, indicou.
Neste sentido, Filomena Delgado conta que já contactaram algumas entidades no sentido de obterem um espaço próprio, mas até agora não tiveram nenhuma resposta. “Vamos continuar a alimentar a esperança e lutar, no sentido de conseguirmos um espaço nosso, seja através de um patrocínio de arrendamento ou da cedência de um espaço para que realmente venhamos a ter um lugar onde possamos ensaiar e ter ali os nossos arquivos, as nossas peças e troféus”.
Já o funcionamento do Orfeão depende essencialmente das quotas mensais dos seus coralistas. “Temos alguns associados que não são coralistas, pessoas que saíram do Orfeão, mas continuaram a pagar as suas quotas, e isso ajuda-nos na prossecução dos nossos objectivos”.
Espectáculos
A próxima actuação do Orfeão da Praia está programada para o mês de Novembro próximo, na abertura da segunda edição do Djarfogo Internacional Film Festival, que terá pré-estreia no Salão Nobre da Assembleia Nacional.
Para o mesmo mês, o grupo tem programado uma digressão às ilhas do Fogo e Brava entre os dias 10 e 16 de Novembro, enquadrado do projecto “A Música Coral ao Encontro das Populações das Ilhas do Fogo e Brava”.
Estas são as actividades agendadas para este ano de 2022 mas, explica Filomena Delgado, os eventos que constam do plano anual das actividades vão culminar com as Festas do Natal com as crianças do Espaço Aberto Safende.