De férias em Cabo Verde, Luís Firmino disse ao Expresso das Ilhas que aproveitou a sua estadia no país para fazer alguns contactos para que possam regressar brevemente para fazer concertos musicais.
Os dois jovens cabo-verdianos foram para Portugal estudar, depois de terminarem os estudos superiores resolveram entrar no mundo da música: começaram a compor juntos até que surgiu o primeiro single.
“Começamos a compor até que a coisa ganhou uma certa dimensão. Queríamos dar-lhe um nome e uma dimensão e daí surgiu esse colectivo Acácia Maior. Esse nome é algo que nasceu em mim e que tenta traduzir aquilo que é o cabo-verdiano, aquilo que é a sonoridade, parte sempre do tradicional, mas sempre tem outra influência”, explica.
O primeiro álbum
Depois do lançamento de alguns singles, viram que podiam lançar o primeiro álbum e foi isso que aconteceu este ano. “Este ano lançamos Cimbron Celeste, que teve uma grande aceitação. Desde que lançamos o nosso primeiro single, Catá Bórre, que teve grande aceitação, estamos muito satisfeitos e criamos mais músicas”.
Segundo o artista, cada música levou o seu tempo, “então pegamos nos temas e decidimos fazer um álbum e começamos a trabalhar para isso. Trabalhamos sempre sem pressão e sempre a fazer músicas e a dar-lhe tempo para ser conhecida”.
Luís Firmino realçou que para ele é como se as músicas tivessem vida própria. “Estamos muito satisfeitos pela aceitação e a forma como as pessoas descrevem o álbum, daquilo que sentem. As pessoas que vivem fora do país sentem muito Cabo Verde”.
“Por exemplo, os jovens que não ouvem muito a música tradicional, com o álbum conseguimos pôr esses jovens a ouvir a nossa música tradicional, sem que se aperceberam disso. É como quando as mães dão aos filhos verduras na sopa. Então Acácia Maior é isso, é sopa cheia de nutrientes”, salienta.
Mensagem
Luís Firmino diz que o disco traz muitas mensagens de amor e de saudade da terra natal. “Se eu pudesse resumir, diria que o disco é amor pela terra, para a nossa gente e para a nossa cultura”.
Formado por dez faixas musicais, o álbum possui estilos musicais que fazem fusão de reggae e morna, da morna à mazurca, do hip-hop ao funaná. A criação, fusão e tradição são o mote para esta viagem sem fronteiras deste colectivo.
Todas as músicas do álbum foram feitas fora de Cabo Verde, e por estarem fora imaginam estarem no país. “A distância de Cabo Verde dá aquela saudade e o nosso imaginário ajuda-nos a criar as coisas”.
“Neste momento, estamos muito focados nas músicas e no nosso projecto. Temos o nosso primeiro álbum, agora é divulgá-lo. Então estamos muito focados na nossa Acácia, estou em Cabo Verde a divulgar um pouco o disco, depois vou para Portugal, onde teremos concertos neste Verão”, avança.
Mas, afirmou, Acácia Maior quer fazer shows em Cabo Verde para tocar em todas as ilhas. “Estamos muito ansiosos para apresentar o nosso trabalho na nossa terra. Já fiz muitos contatos na Cidade da Praia e estou muito feliz por poder conhecer muitas pessoas e poder falar com muitas pessoas”.
A ambição do colectivo, explica Luís Firmino, é levar o disco à outros países onde reside a nossa diáspora. “Não queremos ficar só com shows em Portugal, queremos levar o disco para outros países onde está a nossa diáspora, mas para isso vamos precisar de pessoas que nos levem para fazer shows lá. Queremos tocar em Luxemburgo, Países Baixos e em todos os lugares onde o nosso povo se encontra”.
O colectivo esteve no ano passado no Atlantic Music Expo (AME), naquela que foi a sua única deslocação fora de Portugal para espectáculos. “Já tocamos muito em Portugal, sendo que temos uns palcos onde ainda não tocamos, mas onde gostaríamos de mostrar o nosso trabalho”.
“Fizemos shows no Atlantic Music Expo, foi muito bom, mas queremos fazer mais espectáculos em Cabo Verde. As músicas estão a tocar nas rádios, mas Cabo Verde tem muitos festivais, acho que é um bom canal para espalharmos as nossas mensagens”, revela.
“Então precisamos tocar aqui para que as pessoas possam nos conhecer. E vou deixar um apelo para quem quiser nos convidar para espectáculos que estamos abertos, queremos muito tocar na nossa terra. Já agora, estamos à espera do convite para participar no Festival Baía das Gatas, que acontece nos dias 11, 12 e 13 de Agosto”, brinca.
Objectivos
Conforme disse, o objetivo do colectivo é continuar a fazer a fusão. “E para o próximo álbum já temos alguma colaboração. Temos uma colaboração com a cantora Nancy Vieira que vai sair no álbum dela. Então estamos muito felizes, porque Nancy é uma pessoa que admiramos muito, estar a trabalhar com ela é algo que nos deixa muito satisfeitos”.
O músico contou que quer continuar a fazer mais parcerias com artistas que ele considera que são importantes para o seu trabalho. “O nosso objectivo é expressar aquilo que sentimos. Acácia Maior é o meu palco, onde me expresso, onde apresento as minhas letras, tocamos e fazemos shows”.
“Temos outro objectivo que é chegar no maior número de público possível. Gostaria que todo o cabo-verdiano pudesse ouvir aquilo que fazemos. Se conseguir pôr todo o Cabo Verde a ouvir o nosso álbum ficaria satisfeito e muito contente”, confidencia.
Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 1125 de 21 de Junho de 2023.