Quatro grupos de batucadeiras no Festival de Batuku no Senegal

PorDulcina Mendes,6 jul 2023 9:19

Em comemoração do Dia da Independência de Cabo Verde, quatro grupos de batucadeiras estão a participar no Festival de Batuku no Senegal, que teve início esta segunda-feira, 3, e vai até dia 10 deste mês.

Fortaleza (Cidade Velha), Mondon (Eugénio Lima), Herança di Nos Terra (Lagoa, São Domingos) e Associação Nós Cultura Figueira (Ilha do Maio), são os grupos de Cabo Verde que estarão neste certame.

Segundo Bob Mascarenhas, do Batuku Nos Alma, além de colocar o batuco, os grupos terão durante uma semana várias actividades.

“Da nossa parte é algo novo e estamos muito expectantes, com todo empenho e dedicação das batucadeiras, porque é a primeira vez que estamos a sair de Cabo Verde com quatro grupos de batuque e cerca de 52 mulheres. É uma grande responsabilidade, e estamos todos motivados e acredito que vamos fazer algo bonito, em Senegal”, assegura.

Bob Mascarenhas explicou que os grupos que participam no festival em Senegal foram indicados pelo grupo que está a organizar o evento. “Este festival surgiu porque no ano passado o grupo de batuco Strella Cadenti que esteve em Cabo Verde, para participar na primeira edição do Festival Nacional de Batuco, fez amizade com quatro grupos de Cabo Verde, então o grupo desafiou-nos a comemorar o dia 5 de Julho, em Senegal com esses quatro grupos”.

“O nosso objectivo era de levar mais grupos, se tivéssemos possibilidade. Se batuque tivéssemos apoio da instituição, acho que levaríamos dez grupos para o festival em Senegal. E não ficaremos só no Senegal, mas sim iríamos para outros países, para mostrar a nossa cultura”, frisa.

Mas disse que de qualquer forma, as batucadeiras estão todas motivadas, porque vão conhecer algo novo e vão fazer aquilo que gostam. “Elas fazem batuco com amor, e são mulheres que levantam às 06 da manhã e fazem tudo o que têm para fazer, mas quando chega o final da tarde, têm uma hora para sentar e por o batuco e relaxar a cabeça, para deitar tranquilo”.

Neste projecto de ir para o Senegal, as batucadeiras estão zangadas, porque não há apoio de pessoas que esperavam que iam engajaram neste projecto, mas fizeram esforços e todos nós fizemos os nossos esforços e arrumamos os nossos bilhetes de passagem, para podermos ir ao Senegal.


2ª edição do Festival Nacional de Batuco

A 2ª edição do Festival Nacional de Batuco que vai acontecer este ano na Cidade Velha, no dia 29 de Julho, “onde o batuco nasceu”.

Conforme disse, os preparativos estão encaminhados juntamente com a Câmara Municipal de Ribeira Grande de Santiago. “E neste momento estamos na fase de enviar convites às câmaras municipais para termos representantes de cada concelho”.

“A 2ª edição do festival será grandioso, vamos comemorar o Dia Nacional do Batuco lá onde o batuque nasceu, que é na Cidade Velha. Será uma grande responsabilidade, por isso que a edilidade local está bem engajada neste projecto, para que o evento seja melhor que a primeira edição”, assegura.

De lembrar que a primeira edição do Festival Nacional de Batuco aconteceu no ano passado, na Cidade da Praia e contou com a participação de 23 grupos nacionais e internacionais.


Batuco

Bob Mascarenhas afirmou que o batuco é bem-aceite pela sociedade, e só não é bem-aceite no seio dos dirigentes que temos. "Mas a nível da população é bem aceite e acho que é isso que é mais importante para as batucadeiras”.

Neste sentido disse que estão a trabalhar na promoção da cultura e do batuco, “acho que o Ministério da Cultura poderia ver essa questão. Se tens um dia da Morna e fazes tudo para que as coisas aconteçam e agora temos um dia de batuco, porque não fazes nada nesse dia, e deixar aquela data passar para depois vires fazer alguma coisa, então pergunto aquela data o que é que significa”.

Por isso que afirmou que se trata de uma concorrência, e a "maioria dos grupos que estavam no evento feito pelo Ministério da Cultura, na Assomada, são grupos que trabalham connosco. O objectivo do Ministério da Cultura é de ver as pessoas a fazer cultura e apoiar, ele não tem obrigação de fazer, mas tens obrigação de patrocinar, porque quando patrocinas estás lá, na abertura e no encerramento”.

“Em termos turísticos, na ilha de Santiago o batuco é o ponto alto. Qualquer turista que vem para o nosso país quer ver e saber mais sobre o nosso batuco. E pergunto, o quê que o Ministério do Turismo está a fazer em relação a isso, a única coisa que dizem é temos sol e praia, mas isso também tem lá fora, não é isso que o turista vem à procura no nosso país”, afirma.

Para Bob Mascarenhas os turistas procuram algo inédito, “às vezes, perguntamos, se será que as pessoas que temos nesses lugares de decisões são as pessoas certas. Eu digo que não, talvez não tenha visão para ver a realidade, é preciso sair no terreno”.

“Temos pessoas de quatro paredes, não temos pessoas de terreno, porque se saíres no terreno consegues ver a verdade, e fazer algo, mas quando estás entre de quatro paredes ficas à frente o teu computador e mais nada, fazes aquilo que te convém ou que te mandam fazer mais nada”, aponta.

O artista disse que se não fosse o esforço e a dedicação das mulheres, este género musical já tinha desaparecido do mercado. “Se batuco tivesse apoio, não haveria nenhum género musical cabo-verdiano que ficaria à sua frente. Batuco é único género musical em Cabo Verde que um grupo consegue juntar milhares de pessoas, se formos ver um espectáculo musical para encher uma sala tem que juntar 10/12 artistas”.

“Se colocares um grupo de batuco no mercado da Praia, por exemplo, vais ver a quantidade de pessoas que vão juntar. Não só juntam milhares de pessoas, mas também tem um engajamento forte, isso é para vermos até onde o batuco pode ir”, sublinha.

Bob Mascarenhas voltou a destacar que as batucadeiras também são artistas. “Hoje, alguns restaurantes já começaram a colocar batuco nas suas programações, o que é muito bom, mas queremos mais”. 

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Autoria:Dulcina Mendes,6 jul 2023 9:19

Editado porAndre Amaral  em  7 jul 2023 8:06

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