Festival Baía das Gatas: Trio electrizante encerra certame com público ao rubro

PorExpresso das Ilhas, Inforpress,14 ago 2023 10:29

​As actuações electrizantes de Yuran Beatz, Ary Beatz e MC Acondize levaram o público ao delírio no encerramento, hoje, da 39ª edição do festival de Baía da Gatas, com “chave de ouro” e com o Sol a raiar.

Teimosos, como só o público de Baía das Gatas sabe ser, os jovens, e alguns menos jovens, só começaram a deixar o areal quando o santiaguense MC Acondize, encarregue de fechar o festival, deixou o palco, por volta das 06:30.

Mas, antes se fez a festa de “pilhas Duracell”, que, mesmo com o adiantar da hora, cantaram, dançaram aos pulos, tudo ao som de êxitos como “É pa pila”, “Vizinha fofokera”, “Ali dinheru” e outros que Acondize trouxe para a sua primeira actuação no certame.

Apareceu com a capa da bandeira de Cabo Verde, ladeado de dois dançarinos e um robô gigante iluminado.

Entretanto, o aquecimento já estava feito com as actuações anteriores de Yuran Beatz e Ary Beatz, cujo entrosamento com o público não se perdeu, nem mesmo com problemas de som verificados minutos depois de Yuran ter subido ao palco.

Apesar do impasse de cerca de cinco minutos, o público voltou a cantar a plenos pulmões o sucesso “Aqui dói” e não deixou o jovem sozinho em nenhum momento dos cerca de 25 minutos da sua actuação.

Ary Beatz também fez levantar poeira da areia de Baía das Gatas, tal como Yuran.

Num espectáculo, que começou com mais de três horas e meia de atraso, perto das 22:00, quase que não houve tempo para os presentes respirarem, e um dos momentos também de tirar o fôlego, com certeza, foi o do luso-cabo-verdiano Dino d´Santiago.

O cantor, que também actuou na Baía das Gatas pela primeira vez, realçou as suas raízes cabo-verdianas através de músicas como “Tareza”, “Kriolu”, “Nôs Funaná”, “Pensa na Oji” e “Lokura”, acompanhado na dança do irmão mais novo e da sobrinha de 11 anos, esta última que emprestou o nome ao seu álbum “Eva”, lançado em 2013.

Totalmente rendido aos mindelenses, Dino d´Santiago até teve a ousadia de saltar do palco e ir cantar para o meio do público, neste show que apelidou como o “melhor concerto” que teve até agora, apesar de já ter cantado em Portugal, sua terra natal, outros países da Europa e Brasil.

“Era um sonho pisar este palco de Baía das Gatas desde sempre, e baptizei-me como Dino d´ Santiago aqui no Mindelo”, descreveu aos jornalistas, adiantando que depois de se “redescobrir” no Mindelo, no contacto com músicos como Hernâni Almeida, voltou para Portugal e começou a escrever as suas músicas em crioulo.

Agora, em 2023, também teve descobertas como actuar para um público somente de africanos e que, garantiu, lhe deu um retorno “muito maior” que as suas expectativas.

“Sentir aquele povo, o carinho, a forma que me olhavam, desde que cheguei no aeroporto, vim para o hotel, não tinha essa noção”, sublinhou, dizendo-se arrepiado com aquilo que sentiu no meio da multidão.

O cantor e activista luso-cabo-verdiano, que cantou as suas composições de mistura de estilo tradicional de morna, coladeira e funaná, com estilos do mundo, assegurou que vai continuar a escrever o seu hino em Cabo Verde, e, inclusive, já adquiriu um terreno no arquipélago para receber os descendentes repatriados de Portugal e considerados como “sem pátria”.

Polémicas à parte, o último dia do festival também ficou marcado logo na abertura pela “mulher-furacão”, como é apelidada a cantora Ceuzany, que inaugurou o palco com “Dança ma mi”, de Tito Paris, seguido de “Lua”, de Princezito”, e “Mindel d´Novas”, de Ary Kueka, “Bo Seiva”, de Orlando Pantera, e “CV Lá Fora”, que interpretou ao lado do compositor da música, Kiddye Bonz, no final da sua actuação.

Quem também não deixou os créditos por mãos alheias foi o português Plutónio, que, numa mistura de rap, RnB e afrohouse, cantou várias das suas músicas em uníssono com os presentes, afirmando-se há muito desejoso de voltar ao Mindelo, depois de participação, em 2018, com Richie Campbell.

Na noite houve ainda lugar para o `reggae-man´ jamaicano Protoje.

O Festival Internacional de Música da Baía das Gatas, teve a primeira edição no dia 18 de Agosto de 1984.

É realizado anualmente na praia da Baía das Gatas, a oito quilómetros da cidade do Mindelo, e não se realizou ali apenas em 1995, devido a uma epidemia de cólera que assolou Cabo Verde, e nos anos 2020 e 2021, por causa da pandemia da covid-19, em que se concretizou o evento no formato online.

Anualmente, a Câmara Municipal de São Vicente, que organiza o certame, reserva uma verba no orçamento municipal para fazer face às despesas com a logística, viagens e cachê de artistas de Cabo Verde e do estrangeiro, mas “o grosso do montante” para suportar o evento, de acordo com a autarquia, provém de patrocínios de empresas e outras instituições.

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Autoria:Expresso das Ilhas, Inforpress,14 ago 2023 10:29

Editado porSara Almeida  em  14 ago 2023 17:11

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