Numa entrevista ao Expresso das Ilhas, Cuca Roseta disse que os concertos estão a ser muito bons e a experiência está a ser espectacular. “Os concertos em Cabo Verde estão a ser incríveis. Está a ser uma experiência maravilhosa. Há muito tempo que sonhava em fazer esta turnê a Cabo Verde”.
“Tivemos dois anos a tentar os apoios para conseguir fazer esta turnê. E estes dois concertos [no Maio e em Terrafal] foram muito especiais. O que tem sido muito especial para mim é realmente este mergulho na tradição e na música de Cabo Verde, pois sempre que cá vim foi algo que me tocou muito, não só o povo, mas o facto de terem a música por todo o lado. E a morna é uma forma de se sentir muito linda e que me emociona muito”, destaca.
Nesta digressão intitulada “Fado e Morna”, Cuca Roseta conta que é a primeira vez que está a cantar muitas mornas, e que em cada ilha está a aprender um tema típico da ilha.
“Os dois concertos foram maravilhosos, porque sempre tenho um convidado especial em cada ilha, são cantores e músicos, então é uma fusão das culturas, é lindo e inspirador. Todos os concertos correram muito bem, no Maio tínhamos praticamente a ilha toda a ver-nos, mesmo muita gente e as pessoas adoraram o nosso concerto”, frisa Cuca Roseta.
Para a fadista está a ser lindo fazer turnês por todas as ilhas. “É algo histórico. Tínhamos feito uma tournê nos Açores, nas nove ilhas também, e desde aquela altura sempre dizia que o meu sonho era fazer esta turnê em Cabo Verde. Então quando tivemos convites para vir actuar em algumas das ilhas, tentamos arranjar formas de conseguir ir a todas as ilhas”.
Cuca Roseta destaca que estão a fazer uma turnê histórica e única em Cabo Verde, algo que vai-lhe marcar como artista. “Acho que me vai marcar muito como artista, porque acho que este mergulho nesta forma de sentir tão linda, cantando o Fado e a Morna. A morna tem o condão de contar histórias do coração, só que o fado tem um grito mais intenso do queixume e acho que a beleza da morna é precisamente o sentir a tristeza com uma certa ternura e uma gratidão que é arrepiante”.
“E é uma viagem maravilhosa. Para mim, aprender a sentir e a expressar as palavras que canto desta forma é algo que nunca mais vai sair de mim, é uma aprendizagem que vim beber à fonte e que levo comigo para o mundo. É impossível não levá-la para o mundo, está a ser mesmo lindo”, revela.
A turnê da fadista em Cabo Verde acontece com a parceira do Festival Sete Sóis Sete Luas. Conforme explicou o director do Festival Sete Sóis Sete Luas, Marco Abbondanza, tinha agendado para irem a cinco ilhas, mas conseguiram outros patrocínios para estarem nas restantes ilhas do arquipélago.
Repertório
Em relação ao repertório que trouxe para a digressão cabo-verdiana, Cuca Roseta disse que é metade fado e metade morna. As mornas foram sugeridas pelos artistas cabo-verdianos Tito Paris e Lura. Também a cantora Cremilda Medina enviou-lhe músicas para cantar e disse que tem cantado também interpretações do Bana.
A fadista conta que a sua paixão pela música cabo-verdiana começou desde sua a primeira viagem que fez ao nosso país, e, partir daí, nunca mais desligou. “E a partir daí comecei a ter uma ligação forte. Mas antes ouvi a Cesária Évora a cantar, também o Tito Paris de quem gosto muito e da Lura, que, entretanto, se tornaram meus amigos. Também há a Mayra Andrade, a Sara Tavares, Nelson Freitas e Djodje com quem fiz o dueto”.
Sobre a sua carreira artística Cuca Roseta disse que está espectacular e cheia de projectos lindos. “Gosto muito de levar a nossa música e tradição pelo mundo fora, mas também com as fusões, acho que isso me faz crescer muito”.
“Cantar no Brasil, Cabo Verde e na França… é muito bonito saber que as pessoas nos querem nestes países e que gostam das nossas músicas e isso é mesmo gratificante. Nunca sonhei que a vida me trouxesse tantas coisas boas, e há uma missão muito bonita, porque todas as pessoas têm um dom e o nosso dom serve para levar amor aos outros”.
Capital do país fica de fora
Cuca Roseta explicou que a capital do país ficou de fora desta turnê porque no dia 10 de Junho passado, no âmbito da Festa Lusa, esteve num concerto na Pracinha de Escola Grande, no Plateau. “Então, desta vez o Marco Abbondanza sugeriu que fôssemos ao Tarrafal de Santiago, pois já cantei três vezes na capital do país, onde já adorava”.
“Como já tinha vindo três vezes à Praia cantar, decidimos que agora íamos ao Tarrafal, que também é um lugar que sempre que vim cá vou, adoro ir, tem uma energia linda, então foi muito interessante poder cantar lá”, destaca.
Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 1141 de 11 de Outubro de 2023.