O mentor e director do festival, Ednilson (Tambla) Almeida, disse numa entrevista ao Expresso das Ilhas que nesta edição resolveram colocar o foco nas comunidades rurais da ilha e também realizar um concurso de filmes de um minuto, para que surgem mais trabalhos e novos talentos nesta área.
“O festival está a ser construído de forma muito positivo e em diálogo com as comunidades e com muita aprendizagem da parte da nossa equipa. Ao mesmo tempo, estamos a sentir-nos muito motivados por levar o nosso processo criativo e o cinema de Cabo Verde para essas comunidades”, explica.
“Para nós, é uma oportunidade de trabalhar. Além de cinema, temos um conjunto de actividades que vamos realizar, como formação e oficinas para realização de filmes de um minuto. Para o filme de um minuto, cujo concurso está a decorrer, os vencedores serão conhecidos no dia 31 deste mês”, anuncia.
Como esta iniciativa a organização quer levar outras pessoas a chegar no cinema. “O cinema é uma arte que acolhe todas as outras artes, expressões e outras experiências que não são artística”, considera Tambla Almeida.
“Neste caso, sempre associamos outras expressões artísticas e também com isso, acho que temos muitas formas de conseguir criar motivação e alimento. O artista faz arte para ser visto, recebido e para chegar ao público. Neste sentido, nada melhor que o contacto directo. Todos vamos ganhar: a comunidade, os artistas e os produtores de cinema”, frisa.
Tambla Almeida afirmou que esta edição tem uma programação, na qual tentaram procurar um equilíbrio entre o documentário, ficção e filmes infanto-juvenis para o público mais geral.
“Preocupamo-nos em trazer alguma temática ambiental, ligado ao mar e este foi o critério para escolher os filmes. Queremos destacar os nomes do pessoal que tem vindo a produzir isso e que tem alguma produção, alguns até com premiação internacional, que precisam ser vistos, discutidos e analisados”, realça.
Este festival, conforme o mentor , tem o espírito de partilha e troca de ideias. “Muitos projectos já saíram do festival e estão a nível internacional, porque conseguimos ter contactos de reconhecimento de vários países da Europa, América e do continente africano”.
“Temos tidos vários contactos, links, colaborações e conversas que permitiram que, durante o festival, determinadas ideias saíssem e fizessem um percurso internacional, nas salas de cinema a nível mundial”, sublinhou, dizendo que é pena não ter tido oportunidade de circular os filmes com a mesma facilidade em Cabo Verde.
Conforme assegurou, o festival tem servido como mola de inputs para muitos projectos que estrearam ou cujas ideias saíram a partir dos encontros que promoveram nos contactos internacionais.
“Gostava que tivéssemos muito mais iniciativa, ou que outros municípios tivessem projectos iguais ou semelhantes ou até divergentes, mas que pudessem contribuir para aumentar a produção nacional”, aponta.
O mentor do festival revelou que Oiá tem procurado colocar o cinema de Cabo Verde num pedestal alto. “O Festival Oiá é um projecto muito acarinhado, dentro e fora de Cabo Verde e vamos continuar a trabalhar para continuarmos nessa senda e esperar pela sua consolidação”.
Filmes recomendados
Tambla Almeida referiu que temos um conjunto de livros que são indicados para leitura durante o ano lectivo, mas não temos uma lista de filmes recomendados. “Isso quer dizer que não temos cinema nacional”.
Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 1143 de 25 de Outubro de 2023.