​Kavita Shah quer levar a música de Cabo Verde mais longe com álbum “Cape Verdean Blues”

PorDulcina Mendes,16 nov 2023 9:49

A cantora nova-iorquina de origem indiana, Kavita Shah está em Cabo Verde para apresentar o seu terceiro álbum intitulado “Cape Verdean Blues”, lançado em Setembro deste ano. A digressão de apresentação do álbum começou no mesmo em simultâneo com o lançamento, nos Estados Unidos da América, passando por Portugal, e termina na França. Na Cidade da Praia, o ‘show’ de lançamento aconteceu no passado fim-de-semana, e esta sexta-feira, 17, será a vez de São Vicente conhecer o “Cape Verdean Blues”.

Formado por 12 faixas o album “Cape Verdean Blues” foi editado pela editora global Folkalist Records. 

A cantora disse numa entrevista ao Expresso das Ilhas que quer com este disco levar a música de Cabo Verde mais longe. “Para poder homenagear a memória de Cesária Évora. É importante para mim preservar e mostrar a cultura que gosto muito, para outros lugares do mundo”.

“A minha esperança com este disco é transmitir um sentimento de conforto para quem ouve a minha música. O que consegui com a música cabo-verdiana é de expressar o sentimento de saudade que existe dentro de mim”, realça.

Kavita conta que a sua ideia não era de fazer um disco, mas sim de compor duas/três canções, e quando deu conta já tinham um álbum completo.

Lançamento em Cabo Verde

Para a cantora, o show na Cidade da Praia foi óptimo. “Para mim, após fazer 15 concertos fora, chegar a Cabo Verde e compartilhar a música com o público daqui é emocionante”.

E disse que a primeira fase do show de lançamento do álbum está quase no fim, pois só faltam dois concertos. “Vamos tocar esta sexta-feira, 17, na cidade de Mindelo e 2 de Dezembro, em Paris (França)”.

Após passar por vários palcos, Kavita Shah espera que em São Vicente o concerto seja ainda melhor.

Kavita Shah conta que o álbum já ultrapassou a sua expectativa. “Este trabalho é diferente dos outros que tenho feito até então, e fiz este trabalho por amor que tenho a Cabo Verde e pela música de Cabo Verde. Fiz este disco de coração e não pensei a nível do mercado, então fiquei muito surpreendida que este trabalho está a chegar muito mais longe do que aquilo que tinha imaginado”.

A cantora disse que em menos de dois meses vendeu tantos discos que precisa fazer mais cópias. “Tem sido emocionante, fico feliz que tenha sido tão bem recebido, tanto nos Estados Unidos da América, como em Portugal”.

“Espero que o meu trabalho ajude o público cabo-verdiano a olhar a sua música de forma diferente, e a valorizar a música tradicional de forma diferente, porque tanto a morna como a coladeira são ricas e especiais, agora está na mão das novas gerações. Sendo uma pessoa que vem de fora, que está a valorizar e a fazer um trabalho centrado nisso, espero que este amor que tenho à morna chegue ao público cabo-verdiano também”, sublinha.

“Cape Verdean Blues”

“Cape Verdean Blues”, conforme explica, é um álbum com sensação de lar, curado de mornas e coladeiras tradicionais cabo-verdianas, com composições inéditas de Vasco Martins e uma canção tradicional indiana, na sua voz jazz.

O álbum cresceu organicamente a partir das sessões casuais de estúdio de Shah e Bau, originalmente destinadas a documentar o seu repertório, este apresenta mais membros do círculo íntimo de Cesária Évora, incluindo o percussionista Miroca Paris e aclamada vocalista Fantcha.

“Cape Verdean Blues” foi gravado no Mindelo, Lisboa e Nova Iorque e inclui repertório tradicional em língua cabo-verdiana.

O álbum apresenta ainda as composições "Uma porta aberte" e "Situações triangulares" de Vasco Martins, com quem Shah fez amizade na ilha.

“Todos podemos relacionar-nos com a fugacidade da vida, que é universal. A minha esperança para este álbum é que traga às pessoas uma sensação de conforto, a mesma sensação que tive quando ouvi a Cesária a cantar pela primeira vez", frisa.

Kavita Shah saúda legado da Cesária Évora através da exploração de muitas mornas amadas no “Cape Verdean Blues”. Na malfadada morna, "Flor Di Nha Esperança", acompanhada por guitarras impressionisticamente melancólicas com floreios melódicos deslumbrantes, Shah faz dela própria a canção por meio de fraseados expressivos e imbuindo a letra de um profundo sentimento de perda que lembra o pathos dos vocalistas de baladeiros clássicos do ‘jazz’.

"Essa música demorou-me quatro anos a acertar, senti que a Cesária tentava ensinar-me alguma coisa", partilha Shah. "Tive de estudar o fraseado dela, mas também permitir que a música desbloqueasse emoções dentro de mim que eu tinha engarrafado durante anos”, revela a cantora, que aprendeu a falar a língua cabo-verdiana, através da música.

Relembramos que a Kavita Shah participou este ano na 9.ª edição do AME - Atlantic Music Expo e no Kavala Fresk de 2018.

Kavita Shah é uma nova-iorquina de origem indiana reconhecida por possuir uma "incrível destreza para linguagens musicais" (NPR). Shah fala nove idiomas, incluindo português e língua cabo-verdiana, e incorpora pesquisa etnográfica na sua música original.

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Autoria:Dulcina Mendes,16 nov 2023 9:49

Editado porAndre Amaral  em  5 mai 2024 23:28

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