Praia respira poesia

PorDulcina Mendes,18 nov 2023 17:19

O Encontro Internacional de Poesia da Macaronésia visa proporcionar espaços de reunião e de criação literária, no contexto insular atlântico constituído pelos arquipélagos de Cabo Verde, Canárias, Madeira e Açores.

Durante o encontro, serão realizadas várias actividades como conferências, debates, feira e apresentação de livros, momentos de música e poesia, visita à Cidade Velha. A Câmara Municipal da Praia vai acolher, esta quinta-feira a feira e lançamento de livros e outras actividades culturais.

A escritora e Comissária Nacional de Cabo Verde, Vera Duarte, disse ao Expresso das Ilhas que esta iniciativa reúne anualmente os poetas da Macaronésia para celebrar a poesia.

“Que poesia temos, que poesia fazemos e o que queremos com a poesia. Na verdade, são amantes da poesia que procuram nesse encontro ampliar o espaço e a dimensão da poesia que fazem e a possibilidade de chegar cada vez mais longe com a sua poesia. O grupo entende que a poesia tem um papel importante na construção de um mundo de paz, igualdade e liberdade”, afirmou.

Vera Duarte explicou que o encontro visa ainda mostrar a beleza da poesia, “o lado artístico da poesia, porque a poesia em si, tal como a música, tem valências que muitas vezes as pessoas nem se apercebem”.

O encontro conta com a participação de 30 poetas e será uma oportunidade para a reflexão sobre a situação actual no mundo, como a invasão da Rússia à Ucrânia, de Israel com a Palestina e outras guerras, nomeadamente, no Sudão. “O que vamos fazer é que saia deste encontro um apelo às Nações Unidas, que também será entregue à UNICEF, à UNESCO, à União Europeia e à União Africana, no sentido de apoiar os esforços para se conseguir uma paz mundial”.

“Este apelo às Nações Unidas tem o propósito de juntar a nossa voz à voz dos outros para que aconteça a paz mundial. Pode ser utopia, mas temos de ir atrás das utopias, senão vivemos num mundo de distopia, e não queremos isso”, frisa.

Ainda segundo a Comissária de Cabo Verde, é entendimento dos poetas que “se as crianças forem desde o berço educadas pelas artes, poesia, pintura, música e não em ver soldados com armas poderemos construir uma sociedade onde haja menos ódio”.

Para Vera Duarte, o encontro tem um programa diversificado e denso porque pretende-se que esses dias sejam muito frutíferos. “Um diálogo bom entre poetas cabo-verdianos e dos outros arquipélagos. Temos a possibilidade de deixar material de carácter científico, em termos poéticos literários, que depois pode ser usado nas nossas universidades”.

Na quarta-feira, 15, haverá uma sessão na Universidade Jean Piaget, com intervenções e debate e, na quinta-feira, 16, no Salão Beijing da Presidência da República, haverá um momento poético-musical com distribuição de diploma aos participantes.

“Pelo caminho faremos uma visita ao berço da nacionalidade cabo-verdiana, onde levaremos os nossos convidados aos diferentes pontos culturais e de referência da Cidade Velha. Teremos um pôr-do-sol com um momento musical e poético”, destaca.

Homenagem

Vera Duarte justificou a homenagem a Jorge Barbosa com o facto de “ele ser um poeta muito apreciado por outros poetas açorianos como Pedro da Silveira em que há um diálogo entre eles deque nos irá falar Urbano Bettencourt. (…). “Escolhemos Jorge Barbosa porque que na sua poesia falou desde o início do aparecimento dessas vias, um período que acabou por ligar todos os arquipélagos da Macaronésia” acrescenta.

O Vice-primeiro-ministro, Olavo Correia, que presidiu a abertura do encontro, lançou um desafio ao Ministério da Cultura e das Indústrias Criativas e à Câmara Municipal da Praia no sentido de haver um busto do poeta Jorge Barbosa na Praça Alexandre Albuquerque.

“Jorge Barbosa é um grande vulto da cultura, poeta e escritor cabo-verdiano, é um marco para Cabo Verde a nível da cultura que deve ser vivenciado e promovido, sobretudo para os jovens cabo-verdianos”, afirmou.

O encontro foi ainda palco para Olavo Correia anunciar a eliminação de qualquer taxa ou imposto sobre livros. “Todas as taxas e impostos que incidem sobre os livros vamos eliminar. As taxas estatísticas que incidem sobre os livros vão ser eliminadas e, a partir do próximo ano, os livros vão pagar zero escudos de imposto de taxas, porque uma sociedade que não lê está condenada ao fracasso”, enfatizou. 

Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 1146 de 15 de Novembro de 2023.

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Autoria:Dulcina Mendes,18 nov 2023 17:19

Editado porSheilla Ribeiro  em  19 nov 2023 10:21

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