A ratificação da classificação aconteceu a 11 de Dezembro de 2019, na 14.ª reunião anual do Comité Intergovernamental para a Salvaguarda do Património Cultural Imaterial da Unesco, que decorreu no Centro de Congressos Agora, em Bogotá, Colômbia.
O dossiê da candidatura a Património Imaterial Cultural da Unesco, com mais de 1.000 páginas e cerca de 300 entrevistas, foi formalmente entregue pelo Governo de Cabo Verde em 26 de Março de 2018.
De acordo com o documento, a morna terá surgido no século XIX, não sendo consensual se foi na ilha da Boa Vista ou na Brava que teve a sua origem. Mas refere que surgiu de uma mistura de estilos musicais com fortes raízes africanas, o landum, com as influências da modinha luso-brasileira.
Marcada pelas letras do poeta Eugénio Tavares (ilha da Brava, 1867 – 1930) e mais de tarde de Francisco Xavier da Cruz ou ‘B.Léza’ (ilha de São Vicente, 1905 – 1958), a morna conheceu o seu expoente maior fora de Cabo Verde através da cantora Césaria Évora (1941 – 2011), que através desse género musical abriu as portas do mundo a um País de pouco mais de meio milhão de habitantes.
A candidatura de Cabo Verde foi alicerçada na cultura popular que manteve viva a morna até aos dias de hoje, alimentada por músicos e intérpretes de todas as idades. O processo que foi levado à Unesco conta com 77 declarações individuais de consentimento e apoio, de instrumentistas, compositores e intérpretes de morna, até artesãos e construtores de instrumentos de corda.
O dossiê cabo-verdiano contou com o apoio técnico de Portugal e com a colaboração do antropólogo Paulo Lima, especialista português na elaboração de processos de candidatura a Património Imaterial da Humanidade da Unesco, como o fado, o cante alentejano e a arte chocalheira.
A morna é tida como o “género musical mais emblemático de Cabo Verde e um factor de unidade nacional”.
O tema “Sodade”, interpretado por Cesária Évora foi dos que mais contribuiu para a divulgação da morna no mundo.