George Tavares disse que “Dez Ilhas, Dez Mornas” é um projecto muito “grande”, porque é um dos seus maiores sonhos. É um projecto que surgiu antes da pandemia, onde desafiou a sua pessoa a fazer algo para o país.
“Pensei por que não apostar em fazer músicas que têm a ver com outras ilhas. Fiz a coladeira Sina di Djarfogu, que é uma música que é interpretada pela cantora foguense Assol Garcia e duas pessoas nos Estados Unidos da América fizeram uma aposta, porque acharam que a música foi feita por uma pessoa da ilha do Fogo, e isso me chamou muito atenção”.
O cantor explicou que no projecto “Dez Ilhas, Dez Mornas” as músicas já estão feitas, agora está na fase de elaborar o projecto.
O artista realçou que o projecto “Dez Ilhas, Dez Morna” é dele, mas que as mornas serão interpretadas por cada artista natural dessas ilhas. “Para São Vicente tenho Tito Paris ou Solange Cesarovna, na Praia tenho o Albertino, na ilha do Sal, Mirri Lobo, na Boa Vista, Nancy Vieira, no Maio, será interpretada por mim ou Rhaya Monteiro”.
O cantor afirmou que a morna da ilha de Santa Luzia, não retrata nada daquela ilha. “A morna da Santa Luzia fala sobre a morna em si”.
George Tavares frisou que pretende até final do ano gravar todos as mornas que estão orçadas em mais de mil contos.
O projecto já conta com o apoio da CVTelecom. “Tive um encontro com o Presidente da República que me deu uma carta de recomendação para posteriores patrocínios. Estou muito feliz e brevemente vou iniciar as gravações, só que estou à espera de mais um patrocínio para iniciar o projecto com força”.
Em relação ao diretor do projecto indicou que é o instrumentista e compositor Humberto Ramos, que vive em Portugal. “Quero fazer um projecto diferente, porque não quero colocar as dez mornas só num produtor musical, porque se colocar todas as músicas na mão de um produtor, todas as músicas terão apenas a alma daquele produtor”.
Por isso, disse que para este projecto quer trabalhar com cinco produtores, para ter diferentes almas lá. “Como autor do projecto vou querer os mesmos instrumentos, para que o trabalho tenha uma riqueza à minha maneira”.
Apoio
Em relação a patrocinadores, defendeu que se fizer mais contactos vai encontrar mais patrocinadores, porque é um trabalho de Cabo Verde. “Há ilhas que têm mais de um município e se cada um der a sua parte vou longe com o projecto. Mas, para isso vou ter um encontro com o presidente da Associação dos Municípios, porque tenho que fazer este trabalho”.
Para a apresentação do trabalho George Tavares disse que pretendo fazê-lo na Assembleia Nacional, na Cidade da Praia, reunindo todos os cantores das dez mornas.
Para George Tavares será uma satisfação enorme, não só para ele, mas para todos os cabo-verdianos. “Também quero apresentar o meu projecto na UNESCO, para isso tenho que mostrar ao Ministério da Cultura aquilo que pretendo fazer”.
Mais projecto
O cantor disse que lançou recentemente um single e pretendo lançar mais, mas como está com dois projectos em andamento não terá tempo para novos trabalhos discográficos.
Sobre a morna, disse que este gênero musical se tornou algo raro. “Morna já é património do mundo. Já levamos a morna a património mundial, mas a morna tornou-se algo raro. No Dia Nacional da Morna ouvimos mornas em todo o lado, mas fiquei com a sensação de que a Rádio e a Televisão de Cabo Verde ficam ansiosos para esse dia acabar”.
Direitos autorais
George Tavares conta que muitas músicas dele passam nas rádios, mas que as pessoas esquecem de citar o compositor da obra. “É essa dificuldade que temos, depois temos os direitos autorais em Cabo Verde, que acho que já deram um grande passo, mas precisam de dar o passo mais importante que é de transferência dos direitos autorais”.
“No meu caso sou membro da SOCA, mas há muitos artistas da Sociedade Cabo-verdiana de Música que cantam as minhas músicas, mas não recebo os direitos autorais porque não estou inscrito na Sociedade Cabo-verdiana de Música para ter os meus direitos, pois escolhi a SOCA”, observa.
O artista conta que como não está inscrito na Sociedade Cabo-verdiana de Música fica sem os seus direitos autorais. “Isso não pode ser, deve haver alguma forma de transferirem os meus direitos autorais. As duas entidades gestoras de direitos autorais já deram um grande passo, mas acho que devem ver esta questão”.
Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 1155 de 17 de Janeiro de 2024.