A ideia surgiu porque os promotores perceberam que as pessoas se distanciaram um pouco do cinema e com as plataformas streaming, como a Netflix, ficou ainda mais difícil ver as pessoas saírem das suas casas para ver filmes.
Como conta a gestora da produtora, Natacha Craveiro, `Mankara` nasceu da própria experiência vivenciada nos últimos anos. Quando a produtora estreava filmes em Cabo Verde, foi percebendo que o público se havia distanciado um pouco do cinema, “talvez porque durante décadas, as salas de cinema em Cabo Verde ficaram fechadas”.
“Depois tivemos as plataformas como a Netflix. Então constatamos que as pessoas têm uma certa resistência em se deslocar para ver filmes. A nossa intenção é reconquistar o público cabo-verdiano para o cinema, é daí que surgiu a ideia de `Mankara`. Ter um espaço onde as pessoas possam assistir os filmes. O nome Mankara vem um pouco da nostalgia, daquela época em que realmente comprávamos mancara na porta do cinema”, explica.
Conforme realçou, “Mankara” trará sessões todas as quintas-feira, com excepção da última quinta-feira do mês. “Todas as quintas teremos uma sessão que será encerrada com o realizador do filme, quer presencial ou via internet. E uma vez por mês teremos um ciclo de três dias sobre um tema que pode ser sobre realizadoras africanas, ou um género de filme, ou um realizador em particular”.
Natacha Craveiro frisa que neste momento Mankara estará só na Cidade da Praia, porque é um projecto que se apresentou à Praia Criativa, sendo seleccionado para ser um dos incubados no Palácio da Cultura Ildo Lobo.
Mas, o objectivo não é só a Praia, “esperamos crescer no sentido de firmamos em outros espaços, embora Korikaxoru já apadrinhe um outro projecto intitulado “Filmes na mochila”, que leva filmes para vários lugares. Mankara é fixo por enquanto”.
`Mankara` tem como objectivo trazer diferentes cinematografias. “A nossa intenção é dar às pessoas a oportunidade de ver cinema de várias perspectivas, de diferentes realizadores, de diferentes tipos de filmes, diferentes géneros.
A inauguração de “Mankara” vai ser marcada por quatro dias de actividades. “No primeiro dia [quinta-feira, 15], vamos apresentar a história do cinema, onde fizemos uma curadoria de curtas metragens que passa pelo cinema mudo, preto e branco, animação até aos dias de hoje onde as técnicas de coloração, sonorização e os efeitos especiais chegaram a um nível de sofisticação jamais imaginados”.
“Na sexta-feira, 16, faremos a exibição de filmes africanos de realizadores muito conhecidos. Clássicos de cinema africano. No sábado, 17, o foco é Cabo Verde, com filmes de realizadores cabo-verdianos. O domingo, 18, é dedicado às crianças e também vamos contar a história de cinema adaptada para crianças. Como estamos na época de Carnaval teremos momentos de convívio com o Bididó, que é uma figura do Carnaval da ilha de Santiago”, indica.
Com este projecto Korikaxoru almeja ter daqui a alguns anos um público de cineclube, crítico de cinema ou, ainda, pessoas que decidam enveredar pela realização, por causa dessa influência.
Tem assim, uma vertente muito educativa, “de disponibilizar filmes que não vemos, normalmente. Queremos passar diferentes filmes, temos um espaço, e tínhamos que dar uma atenção especial ao cinema cabo-verdiano, africano. Não vamos descurar nenhum tipo de cinema, mas sim vamos dar às pessoas a oportunidade de ver todo o tipo de cinema”, assegura.
A intenção da Korikaxoru é criar um público amante do cinema e impulsionar cada vez mais esta arte. “Temos a intenção de criar público” e assim, levar à abertura de salas de cinema. “É um sonho grande e ambicioso, mas vamos dar um pontapé de saída para fazer com que as sala de cinema abram”, reitera.
Natacha Craveiro realça que a expectativa é que o público possa ver os filmes. “Será um momento de ver, de discutir, de falar e de aprender, porque aprendemos sempre com o cinema, e de viajarmos um pouco, porque viajamos muito ao ver os filmes. A nossa expectativa é que as pessoas venham ver os filmes a que nos demos o trabalho de fazer curadoria”.
“Mankara” funcionará no primeiro andar do Palácio da Cultura Ildo Lobo e as sessões de cinema terão lugar no auditório do mesmo espaço.
Fundada em Janeiro de 2017, a Korikaxoru Films promete trazer um olhar novo para o cinema nacional enquanto arte e veículo de comunicação. Além do “Mankara”, a Korikaxoru está com outro projecto em carteira, refere Natacha Craveiro, sem avançar mais informação. “Será divulgado oportunamente”, diz.
Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 1159 de 14 de Fevereiro de 2024.