Espaço Gota d’Arte quer mais apoios

PorDulcina Mendes,26 mai 2024 9:23

O espaço Gota d’Arte, situado na Praia, no bairro de Achadinha, é uma associação cultural criada em Janeiro de 2011, que procura incutir nas crianças e nos jovens o gosto pela arte, mas para continuar os trabalhos precisa de mais apoio. Gota d’Arte, da Associação com o mesmo nome, foi seleccionado para receber obras de recuperação, pintura interior e exterior, no âmbito do programa de apoio à causa social “Liderança e Responsabilidade Social - A Música Salva”, promovido pela Leadership Summit Cabo Verde, um evento que já vai na sua segunda edição e que decorreu de 7 a 10 deste mês, na Cidade da Praia.

“Gota d’Arte” é um projecto da bailarina e coreógrafa, da companhia Raiz di Polon, Elizabeth Fernandes (Bety) e do percussionista angolano Fernando Carlos (Ndu). Ambos acreditam que é possível transformar as pessoas através da arte, e com essa missão criaram esta Associação que está de portas abertas há mais de treze anos e por onde já passaram cerca de 800 crianças e jovens.

Com oficinas de artes plásticas, música, dança e teatro, o espaço cultural Gota d’Arte não só apoia os jovens e crianças a encontrar uma forma de expressão através da arte, como os ajuda a entrar no mundo da música e conseguir seguir uma carreira profissional.

Segundo a presidente do espaço Gota d’Arte, Elisabeth (Bety) Fernandes, o trabalho que foi feito pela Leadership Summit Cabo Verde representa uma grandeza, porque foi algo que estavam a precisar.

“Todos sabemos o que é fazer trabalho artístico, o que é ter uma associação de cariz artístico, porque o financiamento é pouco. Se pensar qual é o orçamento que temos no país destinado à cultura, aí imaginas que as condições de financiamento não são muitas”, considera.

Bety Fernandes afirma que com este apoio da Leadership Summit Cabo Verde, o espaço está agora bem identificado e a atrair muitas pessoas. “O pessoal passa cá para tirar fotografias, os vizinhos também ficaram contentes porque o espaço está pintado e valoriza a rua”.

Além de pintura, disse que entregaram t-shirts a todas as crianças do espaço Gota d’Arte, levaram pessoas para fazer voluntariado na Associação Gota d’Arte e realizar sessões com as crianças.

Objectivo

Conforme explicou, o objectivo do espaço Gota d`Arte é usar a arte como instrumento de educação. “Educação para aprender e para os outros aprenderem, para estar lá e ter uma mentoria. Uns vão lá para se tornar artista, mas outros nem por isso”.

“Para além de trabalhar a parte artística com as crianças e jovens, podemos sensibilizá-los para poderem ficar mais sensíveis à natureza, para saberem quais são os seus deveres e direitos. Temos alunos que seguiram o seu estudo superior e que regressaram ao espaço Gota d’Arte. Outros tornaram-se artistas e trabalham na área e há aqueles que não estão nesta área, mas que recebem algo aqui que será positivo na sua vida futura”, destaca.

Bety Fernandes frisou que Gota d’Arte é uma escola informal, mas tem a sua planificação e a sua forma de actuar. “Sabemos quais os objectivos que queremos atingir e fazemos a nossa avaliação. Uma das nossas formas de avaliar é ver se os alunos estão aptos para tocar, fazer um espectáculo, dançar e fazer uma peça de teatro”.

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O espaço Gota d’Arte oferece actualmente aulas de guitarra, baixo, teclado, percussão, teatro e música. “Estamos com cinquenta e tal crianças, mais os jovens que estão cá, que têm uma banda e projectos no Gota d’Arte”.

“Temos o caso da Zul Alves que faz parte do projecto Gota d’Arte e que já tem o seu primeiro álbum no mercado. Zul Alves esteve dois anos e tal a trabalhar o seu disco no espaço. Acredito que o momento que ela esteve no Gota d’Arte foi um processo de crescimento, ela teve até aula de expressão corporal”, sublinha.

Projectos

O espaço, segundo Bety Fernandes já fez vários musicais e discos. “Trabalhamos sempre durante uma temporada e no final sai um musical que engloba o espectáculo de música, dança e teatro”.

Neste momento, revelou, estão a preparar um musical intitulado, “Na ta brinka nu kria”. “O projecto era para ser apresentado no Dia das Crianças no ano passado, mas não conseguimos patrocínio para fazer o trabalho, pois é algo que implica arranjar um figurino, cenário, temos que pagar o espaço, iluminação, som Então é uma série de coisas que ainda não conseguimos, mas a música já está pronta e as crianças já estão todas ensaiadas. Portanto, temos este projecto para sair e as crianças estão a trabalhar nele”.

Desafios

Para a bailarina e coreógrafa, o desafio maior é conseguir criar mais condições no espaço para trabalhar com os mais pequenos e “manter a escola, porque temos gastos muito elevados”.

“Gostaríamos de dar seguimento a este projecto porque trabalhamos à base do voluntariado no espaço; temos amigos que vão lá dar aulas ou trabalhar algum tema com as crianças, mas não conseguimos fazer um plano contínuo porque dependemos de outras pessoas para executarmos o nosso plano de actividades”, explica.

Bety Fernandes acrescenta que desejam ter um trabalho contínuo no espaço Gota d’Arte, para conseguirem abrir o espaço de manhã até à tarde. “Precisamos de financiamento para manter o espaço e dar mais condições aos nossos alunos”. 

Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 1173 de 22 de Maio de 2024.

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Autoria:Dulcina Mendes,26 mai 2024 9:23

Editado porAndre Amaral  em  28 mai 2024 9:30

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