Bila Santos lecciona a disciplina das Ciências da Terra e da Vida (CTV), na Escola Capelinha na Praia. Há 12 anos que vem desenvolvendo este projecto que surgiu da necessidade de incentivar os alunos à leitura através da poesia.
“Como sabemos não há nenhum grande homem ou mulher na história da humanidade que não leu ou que não escreve. Então o objetivo deste projecto foi motivar os alunos a melhor e a ganhar o hábito pela leitura. Graças a Deus consegui isso através da poesia, porque a poesia é fácil de ler, é boa e faz-nos viajar no tempo. E é isso que queria que os alunos fizessem, pois, a poesia leva-nos a viajar através da leitura”, considera.
Bila Santos conta que começou este projecto há 12 anos apenas com alunos da Escola da Capelinha, mas hoje recebe alunos de várias escolas da capital.
“A poesia trouxe-me justamente isso, não trouxe só crianças para aprender a ler, criar o gosto pela leitura, mas colocou os meninos a viajar também. Então, já faz 12 anos que comecei essa iniciativa. Temos meninos que fazem parte do grupo que estão a estudar nas escolas secundárias”, indica.
“Nós enviamos as palavras”
Bila Santos frisa que não está a fazer esse trabalho como num show, nem para receber aplausos, mas sim para levar a poesia como mensagem. “Por isso, não queremos aplausos, nem palmas até porque esses alunos auto- intitulam-se mensageiros, pois o nome do grupo é `Bai Palavra`. Nós enviamos as palavras e queremos que as palavras cheguem como deve ser, sem vergonha na cara”.
Além disso, sublinhou que tem o hábito de voltar à ilha de Santiago, duas vezes por ano, tudo com o objectivo de levar as palavras e mensagens positivas. “Levamos os textos, as palavras e as mensagens de positividade, paz, harmonia para outras escolas e meninos”.
Na mesma linha destacou que os pais sentem que esse movimento está a ajudar os seus filhos, não só no comportamento, mas também no aproveitamento escolar. “É uma experiência interessante, porque além de declamar poesia, brincamos nos nossos ensaios, temos Tik Tok também e todo o tipo de brincadeira, então não é um espaço preso, onde os meninos apenas ensaiam, todos estão à vontade. É um espaço de brincadeira e de confraternização”, realça.
Além de poetas cabo-verdianos, o núcleo declama poesia de poetas estrangeiros. Num pequeno momento de convívio com os alunos do professor Bila Santos foi possível ver de perto o amor dos meninos pela poesia.
Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 1179 de 3 de Julho de 2024.