O concurso decorre desta terça-feira, 08, até 20 de Novembro. A apresentação oficial do concurso aconteceu esta terça-feira, na cidade da Praia e contou com a presença da escritora homenageada.
Segundo o director executivo da Sankofa editora, Vanilson Teixeira, o concurso tem como objectivo dar mais dinâmica à cena cultural da cidade da Praia e descobrir novos escritores.
“Como estamos no mês de Outubro, que é o mês da cultura, a nossa ideia é trazer este concurso para trazer uma dinâmica literária. Se formos ver a cidade da Praia tem mais espaço para música, mas não temos tertúlia literária, saraus literários, e espaço para promovermos a cultura literária”, frisa.
Vanilson Teixeira acrescenta que o concurso visa não só dar a conhecer outras pessoas que escrevem, mas também para juntar as pessoas que estão no mundo literário, para dar a conhecer os seus trabalhos.
No âmbito do novo concurso, serão realizadas actividades nos bairros, como palestras, workshops, tertúlias literárias e chá literário. “Os workshops vão acontecer nas delegações das câmaras municipais, nos diferentes bairros. Também vamos para as escolas secundárias, teremos workshop de escrita criativa, roda de conversa para explicar o mundo literário, teremos sarau literário para fomentar aquela ansiedade para escrita”.
Segundo Vanilson Teixeira, os interessados podem concorrer com textos de poesia ou prosa. “Os interessados podem enviar os seus textos para a Sankofa editora, através da sua página na rede social. Também queremos abrir as inscrições nos diferentes bairros com Delegação da Câmara Municipal da Praia”.
“Para os selecionados que ainda não têm um livro concluído, iremos trabalhar juntos para que possam finalizá-lo. Aqueles que já possuem uma obra pronta receberão o prêmio, que inclui a impressão de 160 exemplares, todos destinados aos autores, mantendo os direitos autorais reservados a eles, como forma de impulsionar suas carreiras literárias”, indica.
Por outro lado, o editor disse que a escolha do nome de Vera Duarte se justifica com o facto de esta ser uma pessoa que reside na cidade da Praia desde 1975. “Vera Duarte viveu mais na cidade da Praia do que no Mindelo, a sua terra natal. Escolhemos esse nome, também para mostrar a Praia é uma cidade cosmopolita e que recebe pessoas todos os dias”.
“Vera Duarte tem várias experiências na cidade da Praia, já exerceu várias funções desde procuradora da República, foi presidente da Academia Cabo-verdiana de Letras”, acrescenta.
Para Vera Duarte, esta iniciativa representa uma quebra de paradigma. “Até agora, os patronos dos concursos literários só foram autores que já faleceram e, sobretudo, homens. Eu só conheço um concurso com nome de uma mulher, que é Orlanda Amarilis, de resto é tudo homem”.
“Vejam só o corte epistemológico que isto representa. É uma autora viva que vem de uma outra ilha e isto também dá um sentido globalizante ao nosso país. Não é o facto de a pessoa ser de São Vicente que impede de ter um concurso na Praia ou vice-versa”, enfatiza.
Para a escritora, este concurso mostra que as novas gerações literárias estão a trazer inovações. “Isto quer dizer que o mundo literário cabo-verdiano está dinâmico, está vivo, está intenso e está a trazer inovações”.
“Sinto-me muito contente por escolherem Vera Duarte, mas sentir-me-ia contente se fosse qualquer outra mulher por causa de tudo o que isto significa de inovador no panorama literário cabo-verdiano. Eu disse, mas não é só por dizer, não é só retórica, eles estão a fazer história e a história vai mostrar isso”, salienta.
Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 1193 de 9 de Outubro de 2024.