Este ano, a festa da Bandeira na comunidade de Campanas de Baixo decorre de 01 a 24 de Fevereiro, sob a responsabilidade do festeiro e empresário João Pedro Fernandes.
Tradicionalmente, a Banderona começa com a montagem das barracas e o “pilon” (pilão) e termina com o almoço, seguido da passagem da bandeira para o festeiro do ano seguinte e este ano não foge a regra. O festeiro convida toda a população da ilha e emigrantes em férias para abertura da festa com um almoço convívio, música ao vivo e pilon a partir das 14 horas de hoje.
Grupos locais como Riba d´Ora, Original de Patim, Bem de Longe, Jandir e Banda 7 Sóis, Vavo e Banda e grupos e artistas convidados como Rapaz de Safende, Batucadeiras “Herança de nos Terra”, Tikai, Tony Barros, Adérito de Pina, John Fontes, Rui di Bitina, Chris Centeio constam da lista de artistas que o festeiro tem anunciado e confirmado através das redes sociais
A comunidade de Campanas de Baixo celebra a festa São João Baptista que foi cognominada de Banderona por ser a festa tradicional da bandeira com maior duração a nível de toda a ilha do Fogo.
É a segunda maior festa da ilha, depois da festa da bandeira de São Filipe, celebrada entre 25 de Abril e 01 de Maio e que passou a coincidir também com o Dia do Município de São Filipe, que movimenta maior número de pessoas e tem ganhado expressão nacional e internacional, com regresso de dezenas de emigrantes e pessoas residentes noutras ilhas para esta festa tradicional.
A Banderona ou da bandeira de São João Baptista surgiu há mais de dois séculos e conforme reza a lenda “na altura, as pessoas ouviam, no “assobiar” do vento sons comparados com o toque de tambor e cantigas no ar, ao longo de vários dias”, seguidos de relâmpagos e trovões, tendo um raio caído numa ribeira onde habitualmente brincavam algumas crianças da comunidade.
A Banderona tem alguma diferença com outras festas assinaladas no Fogo. A sua figura principal é o "cordidjeru" (governador), que dirige e superintende todas as actividades da festa.
Nela participam cavaleiros, detentores de bandeiras (guardiões das bandeiras e da ordem, paz e harmonia), um juiz que preside, juntamente com o "cordidjeru", que assegura a votação ou nomeação dos festeiros para a festa do ano seguinte, e um corpo de “coladeiras” integrado por homens e mulheres, acompanhados de “caxerus” (tamboreiros).
Outra figura da festa é o de “refugiado ou ladrão”, que é uma espécie de “canisade”, que, durante a festa, só aparece no dia da matança, no último sábado, antes do almoço, com intenção de roubar os produtos como carne, mandioca e outros.
Nos últimos 30 anos, a comunidade de S. Jorge, vizinha de Campanas de Baixo, passou também a celebrar a festa da Banderona e começou, segundo os festeiros, no ano de 1995, quando Mulato de Campanas de Baixo e um grupo de coladeiras e tamboreiros decidiram levar a bandeira de São João de Campanas de Baixo para S. Jorge, em homenagem a Nhonhô de Caela, membro do grupo que tinha falecido.
Durante a visita e em gesto de solidariedade e amizade, eles compartilharam um lanche simples e a partir da data a Banderona de S. Jorge passou a ser comemorada anualmente, tendo ao longo dos a nos festejado por vários descendentes de Nhonhô de Caela.