O atraso, segundo os responsáveis dos grupos, está a provocar dificuldades no pagamento aos fornecedores. Na conferência de imprensa, estiveram presentes porta-vozes dos grupos Vindos d´África, Vindos do Mar, Samba Jó e Deusa do Amor, que participaram no último desfile carnavalesco.
O encontro foi convocado após a informação de que ainda não foi transferida a última tranche do valor prometido, 600 contos para cada grupo, montante este que deveria ter sido pago na segunda semana após o Carnaval.
Arnaldo Barreto, apontado como presidente indicado para a futura Liga dos Grupos de Carnaval da Praia, explicou que a demora no pagamento está a gerar pressão por parte dos fornecedores, que acreditam que os grupos já estão de posse dos valores.
“A Câmara já entregou duas tranches, num total de 1.400 contos. Estranhamente, dizem agora que falta documentação para pagar os restantes 600 contos. Como isso é possível, se já houve entregas anteriores?”, questionou.
Além da questão financeira, os grupos aproveitaram para reforçar a importância da criação de uma Liga independente.
Conforme Barreto, a proposta inicial da Liga previa a inclusão de elementos da Câmara Municipal, algo rejeitado pelos grupos carnavalescos. “Queremos uma Liga totalmente autônoma, sem ligações partidárias ou institucionais, gerida por pessoas com vontade real de trabalhar pelo Carnaval da Praia”, afirmou.
A criação da Liga, no entanto, enfrenta entraves devido à escassez de recursos humanos. Barreto lamenta a dificuldade em encontrar pessoas dispostas a colaborar voluntariamente.
“Não posso ser presidente e secretário ao mesmo tempo. Precisamos de gente comprometida com esta causa, com pelouros definidos. Eu, por exemplo, posso contribuir fortemente nas áreas de segurança e comunicação”, destacou.
Os representantes dos grupos também criticaram a organização do desfile deste ano, apontando falhas na logística e problemas de comunicação. “Houve atrasos na entrada dos grupos na avenida, o que não pode voltar a acontecer. Anotei essas falhas e houve muitas queixas sobre a actuação do júri, inclusive a presença de jurados inexperientes”, relatou Barreto.
Para os grupos, a falta de estrutura e apoio pode pôr em risco o futuro do Carnaval na capital. “Hoje somos quatro grupos, mas com esse desânimo, podemos acabar com apenas dois. É preciso agir com urgência”, alertaram.
A criação formal da Liga depende agora da realização de uma Assembleia Geral, que ainda não aconteceu por falta de membros suficientes. A expectativa dos organizadores é que o processo seja concluído nos próximos dias, com a aprovação de estatutos e definição de um plano de trabalho.