O livro “Vendedeiras de Prazer” foi lançado em Julho de 2024.
Segundo uma nota da Embaixada de Cabo Verde em Portugal, “Vendedeiras de Prazer” é a história de Ludmila, um relato que se move entre o verídico e a ficção. Mas, como sublinha a autora, esta poderia ser a história de dezenas de meninas que, todos os dias, lutam e labutam nas ruas à procura de parceiros. E é certo, frisa, que “elas não fazem aquilo porque gostam”.
A mesma fonte refere que essas jovens, muitas vezes invisíveis à sociedade, são vítimas, do abandono, da violência, da negligência. “São meninas como tantas outras, que alimentam sonhos de uma vida melhor, de um grande amor, de felicidade. Muitas são mães, e também ´pais´, pois cuidam sozinhas da educação, amor e alimentação dos filhos”.
A narrativa de “Vendedeiras de Prazer” é também o reflexo da realidade de muitas famílias cabo-verdianas, onde a pobreza impera e o amor é, muitas vezes, uma incógnita. Onde a maldade e a hipocrisia passam despercebidas aos olhos de muitos.
Florizandra Porto dá voz a meninas e meninos vítimas de exploração sexual, posteriormente abandonados à própria sorte. “Crianças visíveis nas ruas das cidades, dormindo debaixo de carros para se protegerem do frio, alimentando-se de restos encontrados nos contentores”.
A autora denuncia a leveza das penas aplicadas a crimes de violação sexual de menores, alertando para o facto de muitos agressores serem figuras próximas, pais, padrastos, irmãos ou vizinhos, e de as vítimas serem, muitas vezes, obrigadas a conviver com os seus agressores após o cumprimento das penas.
"Esta é a história do Mindelo e da gente da minha ilha", escreve Florizandra. "Gente que luta, sonha e sofre. Que não dorme para fazer o impossível acontecer".
Florizandra Delgado Porto Barros nasceu na cidade do Mindelo. Fez os estudos primários e secundários na ilha natal. Formou-se em Educação de Infância no Instituto Pedagógico da Praia e licenciou-se em Ensino Básico, com especialização em Língua Portuguesa e Estudos Cabo-verdianos, pela Universidade de Cabo Verde.
É professora do Ensino Básico Obrigatório. Em Junho de 2015, publicou o seu primeiro livro infantojuvenil, “O Melhor Amigo”. Participou ainda nas antologias "Ninguém Leva a Mal" e "Sexta-feira 13", editadas pela Sui-generis (Lisboa, 2017).
Em 2021, foi distinguida com o 1.º e o 3.º prémios no concurso de dramaturgia do Festival de Teatro do Atlântico (TEARTI).