Apesar do lançamento oficial decorrer em solo brasileiro, Ailton assegura, em declarações ao jornal Expresso das Ilhas, que alguns exemplares já estão em Cabo Verde, permitindo ao público cabo-verdiano o acesso à nova publicação.
Segundo o autor, as poesias reunidas em “Na Ondas di Sodadi”, escritas em língua cabo-verdiana, reflectem de forma autêntica a complexidade da saudade, esse sentimento profundo e inseparável da vivência insular cabo-verdiana. “Cada verso captura a melancolia que surge com a distância, evocando desde o desejo de reencontrar um amor perdido até a vontade intensa de regressar às raízes que moldaram as nossas identidades”, descreve.
A obra, como explica Ailton Moreira, é um convite a “surfar nas emoções que nos inundam, revivendo memórias que quebram nas praias das nossas vidas”. Através da musicalidade dos versos, a saudade transforma-se em arte, proporcionando uma forma única e profundamente tocante de expressão para cada cabo-verdiano.
O livro nasceu há vários anos, alimentado pela experiência íntima e contínua desse sentimento que é transversal a toda a diáspora cabo-verdiana. “Desde a simples saudade de rever amigos, familiares ou um antigo amor, ao desejo de regressar às origens, degustar nossos pratos ou respirar nossos ares”, escreve.
Motivado também pelo marco histórico dos 50 anos da independência de Cabo Verde, Ailton vê neste lançamento uma forma de celebrar a cultura nacional e reforçar o valor da língua materna fora do arquipélago.
“Como neste ano comemoramos os 50 anos da nossa independência, não podia deixar passar esta oportunidade de contribuir com as celebrações desta data tão significativa. Nisso decidi, lançar novamente um livro em crioulo cabo-verdiano no território brasileiro, a fim de fortalecer ainda mais a nossa língua materna além-fronteiras”, sublinha.
O autor reforça a importância de valorizar a língua cabo-verdiana como um instrumento de soberania e afirmação cultural. “Se estamos a comemorar os 50 anos da nossa independência, precisamos necessariamente falar da valorização da nossa língua materna enquanto instrumento de soberania e empoderamento da nossa cultura e identidade”.
Ailton Moreira admite que falar de saudade é algo que faz parte do seu ADN: “Eu precisava homenageá-la através de um livro. Sendo uma obra de poesia em crioulo cabo-verdiano, ela ganha contornos ainda mais especiais”, conclui.