Sal: Festival de Literatura Mundo chega ao fim com foco na ampliação e novas parcerias

PorExpresso das Ilhas, Inforpress,30 jun 2025 7:46

​A sétima edição do Festival de Literatura - Mundo do Sal chegou ao fim este domingo, e a organização do evento já se prepara para as próximas etapas com olhos postos na expansão e no aprimoramento do projecto.

Organizado pela Rosa de Porcelana Editora, sob a liderança de Marcia Souto e Filinto Elísio, o festival proporcionou quatro dias de “intensas actividades”, que incluíram homenagens, debates e lançamentos de livros, sempre com um olhar atento à celebração do cinquentenário das independências de Angola, Cabo Verde, Moçambique e São Tomé e Príncipe.

“Temos as razões todas para expressar o nosso apreço pela vossa imensa generosidade e paciência para com este projecto que, ainda de pequenos, têm inquietação, intencionalidade, a par de propósito que faz de nós corredores de fundo e sujeitos que acreditam na cultura, como a veia e o veio da libertação, mas também da liberdade”, expressou.

Na sua intervenção, Márcia Souto destacou ainda os próximos “passos ambiciosos” do festival, como as extensões desta sétima edição que já têm data marcada para 1 de julho, no município do Tarrafal de Santiago e a preparar para extensões em Portugal e Roma, com o formato e o conteúdo já em fase de esboço e processo.

Souto também ressaltou o anúncio do edital e regulamento do Prémio Lhana de Literatura, edição poesia, em que convidou poetas com textos inéditos a ficarem atentos e prontos para esta nova oportunidade.

Outra iniciativa de destaque é a exposição "Franz Kafka", em tributo ao 101.º aniversário do desaparecimento do autor, e com uma exposição a ser inaugurada em 18 de julho, na cidade de Praga.

Marcia Souto reconheceu o “longo percurso percorrido” para definir e realizar o modelo do festival.

Apesar do caminho já trilhado, a mensagem final é de que "pode fazer melhor" e que "há ainda muito a fazer".

Em representação dos participantes do Festival de Literatura Mundo do Sal, Luca Fazzini proferiu um discurso de despedida marcado pela gratidão e reflexão.

Fazzini ressaltou que o festival não foi apenas uma “comemoração nostálgica” do cinquentenário das independências de Angola, Cabo Verde, Moçambique e São Tomé e Príncipe, mas sim a construção de um legado.

O escritor enfatizou a importância de persistir nos projetc os de emancipação, afirmando que ainda há "páginas a serem escritas" tanto na literatura quanto nas práticas de justiça e comunidade.

Com a intervenção fez questão de homenagear os quatro poetas centrais desta edição, que foram Agostinho Neto, Aldo Espírito Santo, Noêmia de Sousa e Onésimo Silveira, cujas vozes “transformaram a língua portuguesa em um campo de batalha e de beleza”.

Fazzini também mencionou a contribuição da professora Inocência Mata e as diversas mesas de debate, que ampliaram o diálogo sobre temas como convivialidade literária, as literaturas africanas e a poética das ilhas.

Para finalizar, Luca Fazzini reforçou a ideia de que o festival cultivou a criação de comunidade e a fraternidade global e lembrou que a celebração das independências deve ser vista como uma "promessa inacabada" e um incentivo à cidadania ativa.

Nha Nácia Gomes e Manoel de Barros serão os homenageados do FLMSal 2026

 A organização revelou, no final do evento, que a cabo-verdiana Nha Nácia Gomes, pilar da cultura local, e o poeta brasileiro Manoel de Barros serão os homenageados da oitava edição do Festival, em 2026.

O anúncio foi feito por Márcia Souto, da Rosa de Porcelana Editora, no encerramento da sétima edição.

A escolha de Maria Inácia Gomes Correia, conhecida como Nha Nácia Gomes, conforme a mesma fonte, celebra uma das “maiores referências do batuco e do finaçon", da língua cabo-verdiana, da oratura e do património imaterial de Cabo Verde.

A homenagem coincide com o centenário de seu nascimento, a ser comemorado em 18 de julho do próximo ano.

“Sua obra e legado são fundamentais para a preservação e valorização da identidade cultural cabo-verdiana”, destacou Márcia Souto.

Ao seu lado, o festival honrará o poeta brasileiro Manoel de Barros, conhecido por sua poesia que explora o universo do Pantanal do Mato Grosso e a grandeza do ínfimo.

A obra do escritor brasileiro destaca-se, por tratar a palavra como um "organismo vivo, natural e ecológico", ressoando globalmente.

Márcia Souto enfatizou que "Nha Nácia Gomes e Manoel de Barros fazem parte do verbo falado ou escrito, uma dádiva da invenção”.

“Assim, teremos no ano de 2026 essas personalidades como mote da oitava edição do Festival de Literatura Mundo do Sal", sublinhou.

Outra novidade, continuou, é a presença de um parceiro estratégico para eventos, a Nova Monte, implicando na reestruturação dos momentos de homenagens, científicos e reflexões e debates, mas também de ampliação da participação de universidades, desde logo de Cabo Verde, mas também do Brasil, de Portugal.

Adiantou também algumas extensões que levam o nome do festival, da ilha do Sal e de Cabo Verde, para mais paragens do mundo, viagens que aportaram autores cabo-verdianos e suas obras.

A oitava edição do Festival de Literatura Mundo do Sal promete ser um marco na celebração da palavra em suas diversas manifestações, conectando a tradição oral cabo-verdiana à poesia contemporânea brasileira.

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Autoria:Expresso das Ilhas, Inforpress,30 jun 2025 7:46

Editado porSara Almeida  em  30 jun 2025 17:04

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