Segundo uma nota do IILP, José Joaquim Cabral, que trabalha num romance histórico ambientado na ilha de São Nicolau nos anos 1930, realizará a sua residência literária em Braga, Portugal.
Durante este período, José Joaquim Cabral irá escrever e recolher informações sobre dois sacerdotes portugueses que viveram na ilha naquele contexto marcado pelo encerramento do Seminário-Liceu e pela chegada dos primeiros deportados políticos enviados pelo regime do Estado Novo, em 1931.
Para o autor, compreender o ambiente de origem, conhecer os espaços e os aspectos linguísticos e regionais é fundamental para enriquecer a narrativa e conferir maior verosimilhança aos personagens e à história.
Amosse Mucavele, natural de Maputo, Moçambique, desenvolverá a narrativa ficcional “A Semântica da Dor”, que retrata a luta da personagem Manuela Macombo para resgatar a memória do pai, Falume Macombo, deportado para São Tomé e Príncipe. O escritor realizará a residência naquele país, onde buscará informações adicionais sobre a vaga de moçambicanos enviados para trabalhar nas roças durante os anos 1960.
Nunes Cristóvão Sitoe, residente em Xai-Xai, Moçambique, planeja explorar as relações culturais, afetivas e históricas entre Moçambique e Cabo Verde através de um conto provisoriamente intitulado “Caminho de Dois Sóis”, que escreverá na cidade da Praia.
A história acompanha Leonel, um jovem moçambicano de origem cabo-verdiana, órfão desde a infância, que, apesar do sucesso profissional e estabilidade financeira, enfrenta um vazio existencial que só poderá ser preenchido pela busca das suas verdadeiras raízes.
Já Joana Bértholo, autora de mais de duas dezenas de obras, muitas premiadas, para crianças, ensaio, conto e romance, realizará sua residência na cidade do Mindelo. O seu objectivo é recolher material para um conto que integrará o livro “Do Amor e de Outros Fantasmas”.
A mesma fonte explica que o trabalho da autora aborda temáticas como a presença do fantasma enquanto símbolo daquilo que está ausente desde memórias históricas até a relação com a morte, o papel da linguagem na mediação da lusofonia e as diferentes formas de vivenciar as alterações climáticas em espaços de características tão diversas, conjugando assim as dimensões de língua, ecologia e morte.
Conforme a mesma fonte, o Programa de Residências de Criação Literária do IILP, nas suas duas edições, já apoiou oito escritores da língua portuguesa, promovendo a criação literária e aproximando criadores e contextos culturais no espaço da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).
“O programa cobre despesas de viagem, estadia e oferece apoio para o processo criativo durante o período de um mês. Os textos produzidos na primeira edição já foram publicados no número 10 da revista ´Plateau´, disponível na página oficial do IILP”, aponta.