Segundo a mesma fonte, a aquisição da Lusafrica e da Africa Nostra pela Sony Music France e Sony Music Publishing France abre novas perspectivas e oportunidades inéditas para conquistar novos mercados. "Este movimento estratégico também destaca a força do grupo Sony, que, ao criar sinergias entre as suas diferentes entidades, permite promover mais amplamente os artistas e as suas obras, contribuindo para a riqueza da cena musical global".
Na mesma nota, a presidente da Sony Music France, Marie-Anne Robert declarou que estão muito felizes por integrar a Lusafrica na família Sony Music.
“Temos o compromisso de preservar e desenvolver o legado construído pela Lusafrica, criando pontes entre mercados e gerações, em benefício dos artistas e dos fãs. A nossa experiência no desenvolvimento de audiências internacionais permitirá que ouvintes do mundo inteiro descubram ou redescubram este tesouro essencial da world music. Continuaremos a honrar a visão de José Da Silva e a apoiar os artistas para que alcancem novos patamares”, afirmou Marie-Anne Robert.
Já o fundador da Lusafrica, José da Silva confessou que a decisão não foi fácil, “mas tornou-se evidente. Com o tempo, percebi que já não tinha a energia necessária para acompanhar a Lusafrica e a Africa Nostra como gostaria”.
José da Silva acrescentou que quase 40 anos após a criação da Lusafrica, tomou a decisão de transferir o catálogo da Lusafrica para a Sony Music France, um parceiro de longa data com quem compartilharam uma história sólida.
No entanto, mostrou-se convicto de que é a melhor decisão. “O grupo Sony tem os recursos e o know-how para continuar esta aventura e, acima de tudo, conhece o nosso catálogo e a nossa identidade musical graças a mais de 20 anos de colaboração. Desde a sua criação em 1988, a Lusafrica desempenhou um papel essencial na difusão das músicas africanas, latinas e lusófonas pelo mundo, especialmente com a trajetória incrível de Cesária Évora”.
Para José da Silva esta passagem de “bastão” marca o fim de um ciclo, “mas também a continuidade de um legado musical que me é muito querido”.
Por seu lado, o presidente da Sony Music Publishing France, Antoine Dathanat frisou que estão muito entusiasmados com a ideia de trabalhar o repertório da Africa Nostra.“O seu catálogo editorial é rico e variado, com títulos emblemáticos que têm alcance internacional. Essas obras possuem um enorme potencial de reinterpretação, especialmente entre as novas gerações. Ao integrar a Africa Nostra, reforçamos a nossa capacidade de oferecer essas pérolas musicais a um público internacional sempre ávido por descobrir ou redescobrir clássicos intemporais”, aponta.
Fundada em 1988 por José da Silva, a Lusafrica é o selo que revelou Cesária Évora ao mundo. Conhecida como a Diva dos pés descalços, a cantora cabo-verdiana alcançou a fama tardiamente, conquistando diversos prêmios pela sua música, incluindo um Grammy, quatro Kora Awards e dois Victoires de la Musique. A discografia de Cesária Évora é certificada com disco de ouro em França.
Após produzir Cesária Évora e outros artistas lusófonos de Cabo Verde como Lura, a Lusafrica diversificou-se assinando com artistas africanos como Bonga e Boubacar Traoré, e latino-americanos como Polo Montañez. Este último ganhou notoriedade internacional com o sucesso “Un Montón de Estrellas”, pelo qual foi nomeado ao Latin Grammy em 2003.
A música foi amplamente tocada nas rádios cubanas e regravada por diversos artistas internacionais, incluindo Pedro Alonso famoso ator da série “La Casa de Papel” e Marc Anthony.
Em 2000, foi criada a editora Africa Nostra, cujo catálogo editorial coincide em cerca de setenta e cinco por cento com o da Lusafrica.
Actualmente, com um catálogo de mais de quatro mil títulos, incluindo toda a discografia de Cesária Évora, com sucessos internacionais como “Petit Pays”, “Sodade”, “Bésame Mucho” , todos os álbuns de Polo Montañez, como “Un Montón de Estrellas” , “Guitarra Mía”, a Lusafrica e a Africa Nostra ocupam uma posição central na transmissão da música lusófona e africana no mundo.
De acordo com a Harmonia, os catálogos da Lusafrica e da Africa Nostra ressoam muito para além das fronteiras dos seus artistas, com audiências particularmente fortes nos Estados Unidos, França e América Latina, e vêm crescendo constantemente há anos.