Kiki Lima era uma figura incontornável da cultura cabo-verdiana, reconhecido tanto no campo das artes plásticas como na música.
A notícia do seu falecimento está a gerar uma onda de consternação, especialmente nas redes sociais, onde se multiplicam as mensagens de pesar e homenagem ao legado deixado por este criador multifacetado.
Natural de Santo Antão, Kiki Lima, de nome completo Euclides Eustáquio Lima é licenciado em Design de Comunicação pela Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa, frequentou ainda os cursos de Desenho e Pintura no CEC e de Escultura no Centro de Arte e Comunicação Visual, ambos em Lisboa.
Pintor, escultor, designer e músico, compositor e intérprete, Kiki Lima iniciou o seu percurso nas artes plásticas em 1969. Ao longo da sua carreira, realizou mais de 200 exposições individuais e participou em mais de 160 exposições coletivas.
O seu trabalho pictórico distingue-se pelo uso de cores vibrantes e uma pincelada gestual, retratando figuras em movimento e espaços emblemáticos da cultura cabo-verdiana, onde a música desempenha um papel central. As suas telas luminosas captam a alegria popular em cenas de rua, mercados, recantos e danças tradicionais.
Kiki Lima assume-se como um artista impressionista e expressionista, explorando variações das técnicas tradicionais. Prefere usar uma mesa em vez de uma paleta e privilegia pincéis largos, recorrendo frequentemente a cores alegres, com destaque para o laranja e o azul ciano.
Ao longo da sua trajetória, recebeu várias distinções e prémios, entre os quais se destacam o 1.º Grau da Medalha de Mérito Cultural do Governo de Cabo Verde (2017), a 1.ª Classe da Medalha do Vulcão, no âmbito do 25.º aniversário da Independência de Cabo Verde, atribuída pelo Presidente da República de Cabo Verde; o Prémio Selo Morabeza (2015); o título de “Personalidade 2002“ em Artes Plásticas, atribuído pelo Núcleo de Estudantes Universitários Africanos em Portugal; e o “Prémio Prestígio AI-UÉ” – Pintura (1992). O seu nome está representado no painel de pintores cabo-verdianos da Assembleia Nacional de Cabo Verde.
Entre as suas obras de arte pública mais relevantes destacam-se o frontispício do Pavilhão de Cabo Verde na EXPO’98 e a peça “Receção de Emigrantes”, situada no Aeroporto Amílcar Cabral, na ilha do Sal. O seu trabalho integra diversas colecções nacionais e internacionais, tanto públicas como privadas, em Portugal e noutros países.
Algumas das suas obras encontram-se em colecções particulares de figuras proeminentes, como os ex-presidentes portugueses Mário Soares, Jorge Sampaio e Cavaco Silva, o Rei de Espanha, os Presidentes da África do Sul, Timor-Leste e China, bem como as ex-primeiras-damas dos EUA, Hillary Clinton.
Como escultor, produziu várias obras em bronze, incluindo bustos, troféus e medalhas comemorativas.
Em 2019, Kiki Lima celebrou os seus 50 anos de carreira com a exposição “50 anos de musicalidade pictórica”, realizada no Palácio da Cultura Ildo Lobo, uma homenagem ao seu percurso artístico multifacetado e à sua contribuição para a arte cabo-verdiana.