O cavaquinho que fez sambar a Capital

PorJoão Carlos Silva,29 out 2025 13:03

Praia
Praia Gilson Vaz

Passavam poucos minutos das 19h30m, de sábado, 25, quando o público, ávido de alegria, diversão e de seguir a sabura do samba, começou por iniciativa próprio, à capela, e num coro naturalmente afinado, a cantar os versos do refrão do grande sucesso DEIXA ACONTECER NATURALMENTE, eternizado na voz de Xande de Pilares, no Grupo Revelação, e que é hoje um dos clássicos mais populares em Cabo Verde, presença obrigatória em qualquer evento ligado ao samba, e não só.

A banda deixou mesmo que acontecesse naturalmente e arrancou, fazendo a vontade dos pagodeiros da capital. Estava assim dado o mote para uma noite absolutamente mágica no WAREHOUSE, uma das mais badaladas e sofisticadas casas de show da capital do país, que no passado Sábado se vestiu de gala, para receber em grande estilo o maior nome do samba e pagode de Cabo Verde.

Foi a segunda Roda de Samba de Djony do Cavaco na Praia, com a chancela SIGUI SABURA, e se a primeira foi uma agradável surpresa, esta foi um estrondoso sucesso. O artista, músico e compositor, mindelense já havia feito vibrar Praia Maria, logo após o Carnaval, ao som do cavaquinho. Mas soube a pouco e deixou a todos com um gostinho na boca de quero mais. Prometeu voltar em breve e cumpriu. Durante cerca de duas horas e meia, ininterruptas, de muito boa música, Djony, a banda e o público foram um só. Em perfeita sintonia.

Cantaram juntos, dançaram juntos, tocaram juntos e juntos exaltaram a caboverdianidade. Uma caboverdianidade plural, cosmopolita e que não se confina aos limites das ilhas. A começar pela banda, composta por músicos mindelenses, praienses e até… franceses. O público era também ele uma mescla muito grande de gente de todos os cantos do país, de todas as ilhas de Cabo Verde e de outras paragens. A comunidade brasileira, naturalmente, fez-se representar em peso, mas havia gente também de Portugal, França, Espanha, Angola, etc. Um enorme caldeirão cultural a respirar Cabo Verde. O ritmo era predominantemente brasileiro, mas a alegria e viabração eram muito nossos.

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Crédito das fotos: Gilson Vaz

O ambiente era profunda e animadamente caboverdiano. Uma simbiose inter-ilhas que começa a dar vida ao sonho de Banzi Pires, sócio fundador da SIGUI SABURA e o grande mentor da Roda de Samba da Capital, de unificar culturalmente o país e massificar uma cultura uniformente caboverdiana, levando o que de melhor se faz em cada ilha ao público das outras.

O momento alto da noite chegou, sem grandes surpresas, com a já tradicional grapsódia dos maiores sucessos do Carnaval. Ao som de clássicos eternos da autoria de Vlú Ferreira, Constantino Cardoso e Jenifer Solidade, as largas centenas de pessoas presentes puderam “pô môn p’altura, trá pê d’tchôn e gritá… ARAIAAAAHHH”. : Djony, entretanto, alterou de improviso a letra de R’Bêra Bôte ê Ága, cantando “… Capital ta dá conta de recód. Olê lê, olê lá, pegá Capital e pôl lá em cima” e provocou o êxtase geral.

Outro ponto que a noite de Sábado deixou claro, talvez o mais claro de todos, é o amadurecimento artístico de Djony do Cavaco. A presença em palco, a projeção vocal, a própria linguagem corporal e a empatia com o público, fazem deste virtuoso cavaquinista, hoje por hoje, o pacote completo. A forma contagiante como leva o público ao rubro, a calma e serenidade com que vai atendendo aos muitos pedidos que vão surgindo, a forma inteligente e perspicaz, como consegue ler o ambiente e conduzir o repertório a preceito, são garantia que cada roda de samba é sempre um sucesso.

E a próxima é já no dia 29 de Novembro, em São Vicente, numa noite recheada de convidados e de música da melhor qualidade.

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Autoria:João Carlos Silva,29 out 2025 13:03

Editado porAndre Amaral  em  29 out 2025 17:05

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