homepage
À volta do mês de Safende, assinalado anualmente em Setembro, os praticantes e amantes do streetbasketball (basquetebol de rua) juntam-se para celebrar os dez anos desta modalidade neste bairro da cidade da Praia. O evento Street Basket All Star Safende acontece este sábado 30.
A realização do jogo entre os veteranos e camada jovem do streetbasketball do bairro da Safende será o ponto alto da comemoração. Também estão agendados concurso de lançamento e uma partida de streetbasketball que colocará frente à frente uma equipa do Pensamento e outra da Achadinha.
“Os talentos que temos aqui, nomeadamente no domínio da percussão, batucadeiras e os jovens que fazem o circo poderão preencher alguns intervalos no decorrer do evento”, espera Joel David Barreto, um dos organizadores do evento.
Actividades culturais e desportivas, bem como campanhas de limpeza foram realizadas durante o mês de Setembro, mês dedicado ao bairro de Safende, e que culmina com as festividades do santo padroeiro no dia 1 de Outubro.
Ademais, segundo a organização, no decorrer dos jogos está prevista uma campanha de recolha de contribuições para melhorar a quadra onde praticam o streetbasketball.
Streetbasketball na promoção da inclusão social e preparação de atletas
A nível da intervenção social em Safende, muitas vezes catalogado como um bairro problemático e palco da violência e delinquência juvenis, o streetbasketball assume um papel relevante.
“Tenho estado a ouvir que estes rapazinhos estão a demonstrar outro tipo de mentalidade e preferem andar pelo caminho certo”, afirma Joel David Barreto, que vê no streetbasketball uma forma de promover a integração social e livrar os jovens dos males socias.
Além da intervenção social, conforme Joel David, o streetbasketball em Safende tem servido também de trampolim aos seus praticantes para outros saltos no pavilhão do Gimno Desportivo Vavá Duarte.
Actualmente, este bairro periférico do capital do país regista mais de quatro dezenas de praticantes do streetbasketball cuja idade oscila entre os 8 e os 40 anos, segundo o membro da organização do Street Basket All Star Safende.
“Streetbasketball está a ter cada mais ênfase na comunidade, os miúdos estão a gostar. Estão motivados e há cada vez mais envolvimento das pessoas”, revela Joel Barreto, também ele atleta do Seven Star.
Percurso do streetbasketball em Safende
A céu aberto e em condições precárias, o streetbasketball deu seu primeiro passo no ano de 2007 em Safende. “Jogávamos praticamente num piso de calcetas e a bola durava um mês, no máximo dois”, lembra Joel Barreto.
Após muita insistência, a Câmara Municipal da Praia (CMP) concedeu aos jovens de Safende, praticantes do streetbasketball, um apoio monetário para a reabilitação do espaço.
“Nós entrámos com a mão-de-obra. Na altura eu tinha 12 anos e distribuía água para os colegas mais velhos na confecção de blocos”, conta Joel David Barreto. Deste engajamento comunitário nasceu um “pequeno campinho” no qual o streetbasketball foi conquistando popularidade e praticantes no bairro.
Joel David Barreto deixou-se seduzir pela modalidade que já praticava desde os oito anos. No meio dos rapazes mais velhos não se intimidou e começou a ensaiar jogadas do streetbasketball como crossover, hurrycane, caneta, entre outras.
Dois anos se passaram, mais uma bateria de pedidos junto à CMP em prol da melhoria das condições da prática do streetbasketball. Desta feita, a autarquia abriu os cordões à bolsa disponibilizando uma verba substancial que colocou de pé um projecto mais estruturado.
“A necessidade aumentou, mais pessoas aderiam ao streetbasketball. Demoliram o que havia e construíram uma placa maior”, diz Joel Barreto.
De 2011 a 2015, Safende conheceu uma grande dinâmica no quesito streetbasketball. “Todos esses anos fizemos torneio e foi positivo. Participaram muitas equipas, quer da comunidade quer de outros lugares. Organizávamos torneios relâmpagos todos os fins-de-semana com música”, aponta este amante do basquetebol.
Entretanto, desde de 2015 que não se organiza um único torneio a nível do streetbasketball em Safende.
Sobre a modalidade
Mais do que um jogo, o streetbasketball também está fortemente enraizado na cultura da juventude. Ele está vinculado à imagem do gueto, com ligação à música rap e hip-hop. Esta associação deve-se provavelmente às raízes deste desporto, encontradas nos quintais de grandes cidades americanas.
O universitário Earl Manigault, “The Goat”, foi o primeiro grande ícone do streetbasketball em meados da década de 50.
Conhecido também como streetball, a modalidade é praticada por duas equipas, cada uma com três jogadores, em meia quadra, utilizando apenas uma cesta, tendo a música rap como banda sonora. Ela pode assumir as diferenciações de 1X1, 2X2, 3X3, entre outras.
Crossover, hurrycane, caneta e enterrada são consideradas como as principais jogadas do streetbasketball.
Crossover - é um corte normal, como no basquete de quadras, só que com maior impulso. Sua principal vantagem é a quebra da defesa; Caneta -o jogador joga a bola entre as pernas do adversário; Hurrycane - o jogador passa a bola com a mão direita entre as pernas, só que por trás, até o lado esquerdo. O balanço da jogada faz com que ela pareça uma dança.
Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 826 de 27 de Setembro de 2017.
