A obra, que é uma adaptação do “Athlete Burnout Questionnaire (ABQ)” de Thomas Raedeke e Alan Smith, foi lançada, sexta-feira, no auditório da Universidade Jean Piaget de Cabo Verde, com apresentação a cargo dos jornalistas António Monteiro e Benvindo Neves.
Em declarações à Inforpress, o professor universitário explicou que este instrumento tem sido utilizado a nível mundial para avaliar os níveis de esgotamento em diversas áreas, mas só a partir dos anos 80 é que a área do desporto foi investigada.
Cabo Verde, conforme disse, ainda não tinha feito a investigação em nenhuma área, por isso decidiu adaptar o ABQ à realidade dos atletas cabo-verdianos, com o desejo de contribuir para a criação de uma comunidade científica que se debruce sobre o estudo do esgotamento nos atletas cabo-verdianos.
“A ideia é de sensibilizar a comunidade cientifica cabo-verdiana, os investigadores e os governantes e toda a sociedade civil no sentido de construirmos um grupo de investigação forte que investigue o fenómeno do esgotamento no deporto, mas também em outras áreas como educação, saúde, que são áreas que por excelência que temos alto índice de stress”, afirmou à mesma fonte.
Neste livro o autor teve a preocupação de trazer um contributo nas várias subáreas ligada ao desporto, como os árbitros, os dirigentes desportivos e os treinadores, mas com foco nos atletas que praticam modalidades individuais e colectivas.
Para além de analisar a validade do instrumento no contexto sócio cultural cabo-verdiano, o autor compara no seu livro os dados da síndrome, a nível internacional, com a realidade cabo-verdiana.
“Achamos que as proporções são mais ou menos equivalentes, mas a única diferença é que a nível internacional os atletas treinam sobejamente mais do que aquilo que se treina aqui. Há uma carga de treino e de intensidade associada a cada realidade desportiva, que é acima da média, e nós aqui, ainda estamos muito aquém em termos de densidade de treino e de dedicação do próprio atleta”, precisou.
Euclides Lopes Furtado disse ainda que a nível individual constatou que os atletas trabalham “mais arduamente” e tem tido um “bom despenho” a nível internacional, mas a nível de modalidades colectivas é preciso fazer um trabalho “mais de fundo”, sobretudo no que toca a formação dos potenciais atletas.
Síndrome de burnout é um estresse excessivo e crónico provocado por sobrecarga ou excesso de trabalho. O nome “burnout” vem do inglês e significa literalmente “queimar até o fim”. Trata-se, portanto, de um esgotamento físico e mental decorrente de uma vida profissional desgastante e sobrecarregada que não afecta apenas desportistas mas todas as classes profissionais.
Os sintomas da síndrome de burnout incluem exaustão física e emocional, ansiedade, desânimo acentuado, dificuldade em sentir prazer, dificuldade de raciocinar, irritabilidade, preocupação, alterações do sono, sentimentos de incapacidade ou inferioridade, falta de motivação e criatividade.
Com a evolução do quadro, podem surgir transtornos mentais como depressão, além de doenças físicas.
Texto originalmente publicado na edição impressa do expresso das ilhas nº 891 de 24 de Dezembro de 2018.