Dignidade humana e olimpismo

PorLeonardo Cunha,7 jan 2022 12:40

Este é ano dos Jogos Olímpicos de Inverno Beijim2022 que irá decorrer sobre uma forte contestação internacional e com um boicote político devido à acusação de violação dos direitos humanos por parte do país organizador. A Casa Branca anunciou que nenhum funcionário do governo dos Estados Unidos da América (EUA) iria participar nos Jogos, embora os atletas ainda pudessem competir.

O "boicote diplomático" visa protestar contra as violações dos direitos humanos de Pequim e, em especial, o tratamento dos uigures na província de Xinjiang. A China é acusada de encarcerar mais de um milhão de uigures em campos e prisões de "educação política" duras, enquanto doutrina os seus filhos e se dedica à tortura — sendo esta uma acusação que a China nega.

Esta não é a primeira vez que um líder mundial se manifesta num evento olímpico organizado pela China para reforçar uma posição. Contudo, o esforço deste ano é o mais abrangente. Desde que os Estados Unidos anunciaram o seu boicote diplomático, a Nova Zelândia, a Grã-Bretanha, a Austrália, o Canadá e o Kosovo seguiram o exemplo. Dias antes do anúncio dos EUA, representantes de altos funcionários lituanos alegadamente disseram que as autoridades não iriam comparecer nos Jogos.

Embora um boicote diplomático possa ser improvável que desencadeie mudanças de forma a se transformar num boicote total, este poderá cumprir um propósito mais restrito: mostrar desaprovação e consciencializar das graves violações dos direitos humanos da China (sem penalizar os atletas).

Numa tomada de posição, o Comité Olímpico Internacional (COI), afirmou que respeita a decisão dos Estados Unidos de boicotar diplomaticamente os próximos Jogos Olímpicos. "Pedimos sempre o maior respeito possível e o menor possível interferência do mundo político", disse Juan Antonio Samaranch Jr - chefe da comissão de coordenação do COI para os Jogos. "Temos que ser recíprocos. Respeitamos as decisões políticas tomadas pelos órgãos políticos."

Os direitos humanos serão sempre uma questão intrínseca ao Olimpismo, nomeadamente pelo facto de ser parte dos seus direitos fundamentais inscritos na Carta olímpica. Sobre este tema, o eMuseu do Desporto e o Comitê Brasileiro Pierre de Coubertin (CBPC) - coordenado pelo Professor Nelson Todt, publicaram uma obra chamada “Reflexões olímpicas e Dignidade humana”. Esta obra foi lançada em formato e-book e está disponível gratuitamente online. A obra reúne 24 especialistas dos âmbitos nacional e internacional para tratar dos temas “Liberdade de Expressão”, “Desporto e Valores”, “Refugiados” e “Intersexualidade”.

O lançamento do mesmo, é uma importante pista para poder seguir a responsabilidade do Movimento Olímpico no tema dos direitos humanos. Alem disso, o tema tem especial importância devido aos fatores pelos quais os vários agentes do movimento olimpico tiveram que repensar seus papéis na sociedade. Esta pandemia provocou o estabelecimento de novas percepções de respeito, tolerância, amizade, paz e igualdade. Da mesma forma, o período pandêmico também suscitou grandes mudanças no Movimento Olímpico moderno, sobretudo após as ações do Comitê Olímpico Internacional (COI) referentes à adaptação de discursos, medidas e atividades conforme as necessidades exigidas pelo contexto.

Tive a oportunidade de colaborar nesta obra que foi lançado no dia 1 de janeiro de 2022 em celebração do 156º aniversário do fundador do olimpismo – Pierre de Coubertin. A obra pode ser obtida aqui: https://www.emuseudoesporte.com.br/br/home.

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Autoria:Leonardo Cunha,7 jan 2022 12:40

Editado porA Redacção  em  8 jan 2022 9:46

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