Djokovic e a sua equipa jurídica recorrera da decisão e o controverso jogador de 34 anos permaneceu num centro de detenção de imigração. Djokovic, conhecia as regras. Ele estava plenamente consciente de que ao não ser vacinado podia causar-lhe um problema e impedi-lo de defender a sua coroa neste Open.
Os organizadores e o ténis australiano ofereceram isenções por motivos médicos, sendo Djokovic entre os “poucos” jogadores a receber um. Esta foi uma decisão que provocou uma revolta furiosa de outros tenistas quando foi revelada pela primeira vez. As suas candidaturas foram avaliadas por dois painéis independentes de especialistas reunidos pelo Ténis Austrália e pelo Governo da Austrália.
No entanto, obviamente que o Ténis Austrália quereria que o melhor jogador do mundo e campeão reinante competisse no seu evento emblemático. Este facto, em princípio, revoga a sua qualidade de independente. Dificilmente deixaremos de considerar que a Djokovic foi concedida uma isenção devido ao seu estatuto de estrela do ténis.
Os benefícios para os organismos de radiodifusão televisiva e para o próprio torneio são claros. Um Open da Austrália sem o seu nome desta estrela não é tão atraente. Conforme os relatos, supõe-se que Djokovic tenha usado uma lacuna que permitiu que aqueles com uma infeção COVID-19 confirmada nos últimos seis meses recebessem uma isenção.
Desde então o Primeiro-Ministro Scott Morrison veio afirmar publicamente que a entrada de Djokovic não foi realizada por uma razão válida conforme as regras federais. O facto de haver isenções irritou aqueles na Austrália que esperaram meses — anos, em alguns casos — para visitar os entes queridos após o país ter implementado alguns dos mais rigorosos controlos fronteiriços do COVID-19 no mundo.
O ex-diretor do torneio australiano, Paul McNamee, disse aos meios de comunicação locais que o visto concedido era inédito. Para tudo ser evitado, bastaria que Djokovic fosse vacinado. Igualmente, este acaba de admitir o facto de ter omitido informações necessárias para a sua viagem para a Austrália. Neste preciso momento considera-se vir a ser constituído criminalmente tanto na Austrália como na Sérvia.
Contudo, teremos de pensar neste caso, na perspetiva de como o Desporto em geral (e o ténis em particular) terá de ser usado como uma forma positiva de superar os desafios da pandemia. Este particular caso de Djokovic parece não ter feito isso e as principiais autoridades devem clarificar que o mais importante será sempre a salvaguarda dos direitos individuais com a proteção integridade da população.
Este é mais um momento de aprendizagem sobre os efeitos da pandemia de Covid-19. Será necessário rever e ponderar a sua nova classificação de endemia. Esta evolução irá obrigar não só as entidades sanitárias, mas como todas as entidades ligadas ao Desporto a adaptar-se uma nova realidade (caso ainda não o tenham feito).