Estádios, campos, polidesportivos, pavilhões, placas, ginásios, fitness, mares, piscinas…enfim, tudo imóvel, cerrado. E a sete chaves. Nunca dantes vista. Tudo por uma nobre causa. Prevenção total. E pairam as incertezas, dúbias sobre tudo, mas tudo. Quase tudo o que se vinha investindo, nada, agora é certeza.
E nem as maiores e milionárias ligas mundiais escapam a esta pandemia provocada pelo coronavírus. Já nem se sabe se o Liverpool, exacto, esta equipa que vinha espalhando o seu perfume na Premier League, o campeonato mais disputado do mundo do futebol, coloque a faixa do tão almejado título de campeão de Inglaterra neste 2020, depois de um jejum de 30 anos.
A bola deixa de circular. Afinal conseguimos viver sem a magia de Lionel Messi, sem a acutilância de CR7, sem o malabarismo de Sadio Mané, sem os dribles de Neymar, sem os cestos de Lebron James, sem tantas e tantas maravilhas que sobretudo, aos finais de semana, nos coloca clérigos às transmissões televisivas.
E nós por cá, por estas terras arquipelágicas, implantadas no meio do mar, na encruzilhada do Atlântico, que tanto bazófia do turismo, a nossa menina de olhos, somos obrigados, paradoxalmente, e muito bem, a fechar a fronteira, a reforçar, mais do que nunca, à guarda, dos nossos portos e aeroportos, àquele tanto se deu ao trabalho para incentivar os estrangeiros a descobrir estas ilhas que Cesária Évora deu ao mundo a conhecer.
E para não fugir a regra, esta praxe já imposta pelo vírus da Covid-19, a maldita Sar-Cov-2permanece a incógnita, curiosamente quanto dias antes já se caminhava, indubitavelmente para uma firmeza.
A aguerrida formação da Académica da Praia, a Micá que o mister Humberto Bettencourt soube, tão bem, trabalhar e escaloná-la, de forma a desafiar, com propriedade dentro das quatro linhas, todos os $$ dos clubes que mais se investiram, diria, já não se sabe se a Briosa, não obstante a vantagem mais do que confortável para com os mais directos adversários, Boavista e Travadores, vai colocar a mão no caneco.
É que assim como igrejas, universidades, liceus, escolas, jardins, os campeonatos param. Futebol, andebol, basquetebol, voleibol, atletismo, ginástica, boxe, ténis, judo, xadrez, culturismo, natação, enfim, todos são interrompidos. Já a selecção nacional de futebol não defronta Ruanda neste Março na dupla jornada de qualificação para o CAN’2021.
Os combinados masculinos de Cabo Verde de sub-17 e sub-19 de andebol suspendem, num ápice os treinos para o Trophy Challenge que deveria ser disputado no Mali. Já o paralímpico internacional cabo-verdiano, Marilson Semedo, aborta os treinos para a qualificação para os paralímpicos de Tóquio’2020. Esta que é, sem sombras de dúvidas, a maior prova desportiva do mundo, tem a sua realização indecisa.
E de repente o Boavista da Praia e o Celtic, não veem forma de salvarem a época com a conquista da Taça Praia, (finalistas) prova que dará o apuramento, para a Taça Cabo Verde.
Esta dúvida é também extensiva à Segundona. Já clubes como Fiorentina, São Filipe, ou Tira Chapéu, não sabem se sigam ou não Eugénio Lima na ascensão ao escalão principal na próxima temporada futebolística.
Crise é crise! E dúbias mantem-se em relação ao universo dos campeonatos nacionais, e aos regionais. Que o diga o Santo Crucifixo da região desportiva de Santo Antão Norte ou o Sporting da Boa Vista, já aclamados campeões regionais, mas que, como todo o mundo, já não se sabem quando regressem à montra maior, cuja inicio estava aprazado para Abril.
Assim como a UEFA, a CAF, a CONMEBOL, a AFC, a nossa FCF bem como as demais federações desportivas nacionais, pura e simplesmente, sentem-se obrigadas a refazerem o calendário competitivo. E o FN-CV do meu confrade Oldemiro Moreira? Certamente melhores dias virão. Um choque tremendo ao desporto e não só. Claro está. Vamos ganhar esta guerra!
Um autêntico desafio a tudo e todos. Confinados em casa. Não é que parece que, afinal, as 24 horas do mundo, que outrora pareciam parcas, são mais do que bastante para as nossas vidas. É que tudo parece candente, grande. Já há tempo de sobra para as famílias, e há já quem reclame por este monótono time de remanescente. Talvez seja uma lição para que a Homem refaça o seu próprio modo de vida.
Afinal os valores que sempre fomos ensinados a cultivar desde o berço - a união, a fraternidade e a solidariedade - por mais incrível que pareça - são hoje colocados em causa. Não é que agora prevaleça, por assim dizer, o egoísmo? Nada de aglomeração de pessoas. O distanciamento torna-se a palavra de ordem. Cada um na sua toca. Nada de aglomeração. Como já se canta por aí “Sem abraços, sem beijinho sem aperto de mão, não é desprezo é apenas é apenas protecção”.
E tudo o que dantes era sujeito a indignação torna-se crucial para que a mundo possa ser precavido, daquele que é, incontestavelmente, o bem maior, a VIDA.
Um vírus incomensurável, cuja origem é atribuída a China em finais de 2019, de propagação e contágio a se evitar, o máximo, coloca o planeta terra em sentido máximo de alerta. E com o credo na boca. Mas sem açambarcamento. Oposição e situação unidos a uma só voz com uma única direcção.
Com três casos positivos registados em Cabo Verde, todos turistas detectados na Boa Vista, dos quais já resultou numa morte, a Ilha das Dunas, foi colocada, em devida hora, em quarentena indispensável, como forma de evitar a propagação.
Unámo-nos na prevenção, mas todos sem excepção, à volta deste inimigo que já provocou milhares de mortos no universo e muito mais infectados.
Façamos valer a máxima “depois da tempestade vem a bonança”. Havemos de fintar, decerto, sine dúbio, mais este desafio.
Quo Vadis Covid-19! Tudo parado!
Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 955 de 25 de Março de 2020.