As equipas mistas era um dos aspectos abordados no referido artigo, com a indicação de que já há alguns desportos que utilizam o sistema de equipas mistas, ou seja, equipas compostas por homens e mulheres e preconizando que no futuro é possível que mais desportos enveredem por este caminho.
Interessante este tema, para discussão nas várias modalidades desportivas.
O xadrez, que já utiliza esta vertente, poderá debruçar-se mais sobre a forma do que sobre o conteúdo.
No xadrez, ao contrário de outras modalidades, o que não existe são competições específicas para homens.
Há as competições femininas e as competições Open e a menos que algum organizador queira fazer uma competição exclusiva para o sexo masculino, situação a que nunca assisti, não existem competições reservadas só a atletas masculinos.
Nas competições femininas de xadrez, como é evidente, só podem participar atletas do sexo feminino, enquanto que as competições Open estão abertas á participação de qualquer um dos sexos..
Nas competições de equipas, estas podem também ser femininas ou Open, ou seja, exclusivamente compostas por atletas do sexo feminino ou compostas sem descriminação do sexo dos seus atletas.
Há casos extraordinários de competições em que o próprio regulamento prevê as equipas mistas, como foi o caso em 2019 nos “Jogos Africanos” que decorreram em Marrocos, onde as equipas nas competições colectivas tinham de ser constituídas com dois atletas do sexo feminino e dois do sexo feminino, ou como no zonal sub-16 jogado em S. Tomé e Príncipe em que cada equipa tinha de jogar, obrigatoriamente, com uma atleta do sexo feminino.
Embora, geralmente nas principais competições colectivas de xadrez, as equipas da secção Open sejam quase sempre formadas com atletas do sexo masculino, isso não quer dizer que seja essa a regra e, a prová-lo, está a nossa equipa Open que irá participar na 44.ª Olimpíada de Xadrez que se realizará de 28 de Julho a 10 de Agosto em Chennai (Índia), e que é formada por 4 atletas do sexo masculino e 1 atleta do sexo feminino.
Pela segunda vez, Cabo Verde irá participar na maior competição mundial de xadrez para equipas nacionais.
Se em 2018 participamos somente com uma equipa na secção Open, cujo objectivo era não ficar na última posição da tabela classificativa, para este ano, a nossa fasquia elevou-se mais um bocadinho e, além de participar com uma equipa Open, vamos estrear-nos internacionalmente com uma equipa feminina.
Se para a equipa feminina, os nossos objectivos são os mesmos que tínhamos em 2018 para a nossa participação de esreia, para a equipa OPEN, este ano, objectivamos ser uma das três primeiras classificadas da nossa zona, a 4.2.
É de realçar que a nossa equipa feminina é muito jovem, tendo uma média de idades de 15 anos, devendo ser a equipa mais jovem que se apresentará nesta Olimpiada.
A equipa Open que se deslocará a Chennai, tem ao seu serviço o Campeão Nacional Absoluto e Campeão Africano da Zona 4.2, a Campeã Nacional Feminina e os melhores classificados no último Campeonato Nacional Individual Absoluto, portanto, uma formação com muito mais experiência que a de 2018 em Batumi (Geórgia).
A participação de Cabo Verde, com 2 equipas, nesta 44.ª Olimpíada, só vai ser possível porque a FIDE (Federação Internacional de Xadrez) prestou enorme ajuda financeira à nossa jovem Federação.
A comitiva para Chennai será composta por 12 elementos, sendo 6 do sexo femininino e 6 do sexo masculino, não tendo havido necessidade recorrer a qualquer tipo de quotas para se chegar a este equilibrio.
Eis os elementos da comitiva crioula para a 44.ª Olimpíada 2022:
Equipa OPEN
1. IM Mariano Ortega (ODERF-Sal);
2. Aires Fortes
(GS Mindelense);
3. Gil Teixeira
(Casa Benfica Praia);
4. David Mirulla
(GS Mindelense);
5. FI Célia Guevara (ODERF-Sal);
Capitão – FI Francisco Carapinha
Equipa FEMININA
1. Divânia Spínola (EBSOM-Sal);
2. Katlene Martins (EBSOM-Sal);
3. Juliana Monteiro
(GS Amarante)
4. Jacira Almeida
(Casa Benfica Praia);
5. Akiane Moreno (EBSOM-Sal);
Capitão – DI Diogo Neves.
Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 1076 de 13 de Julho de 2022.