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Na declaração, os atletas apontam falhas críticas na preparação e na logística, acusando a actual liderança federativa de desorganização e amadorismo que, segundo afirmam, comprometeram o desempenho e a dignidade da Selecção Nacional de Basquetebol, com destaque para o Afrobasket .
“A preparação da Selecção para o torneio foi marcada por um alarmante nível de desorganização e amadorismo, comprometendo seriamente o nosso desempenho e a dignidade dos atletas”, lê-se no documento.
Entre os problemas relatados, destacam-se os estágios realizados em Paris e Portugal, descritos como “afectados por falhas logísticas graves”, incluindo “falta de condições de treino e problemas de alojamento e pagamento que resultaram na saída precipitada do Centro de Estágio em Rio Maior”.
Os atletas referem também suspeitas de má gestão financeira, afirmando que “foram forçados a depender da intervenção crucial da Diáspora e de entidades como o Instituto do Desporto e da Juventude (IDJ) e o Comité Olímpico” para cobrir despesas básicas de alojamento e logística, o que, segundo a declaração, colocou em risco a própria participação da equipa.
“Informamos ainda que o nosso ‘per diem’ (ajuda de custo diária) ainda não foi pago”, acrescentam os jogadores.
Além das questões financeiras, os atletas denunciam irregularidades administrativas, afirmando que chegaram “a ter de assumir tarefas que competiam à FCBB”, incluindo a comunicação directa com a Federação Internacional de Basquetebol (FIBA) para garantir a inscrição oficial da selecção na competição.
A declaração prossegue com críticas à “falta de respeito e abandono” por parte da actual liderança da Federação, referindo uma “reiterada falta de profissionalismo e respeito para com os atletas, que dedicam o seu esforço e talento à nação”.
“As ajudas de custo prometidas ficaram aquém do acordado. A culminar, a nossa viagem de regresso de Angola foi gerida de forma improvisada e desrespeitosa, culminando no abandono da comitiva por parte de membros da direcção em Lisboa, sem qualquer aviso ou organização para o seguimento da viagem dos atletas”, denunciam.
Os jogadores referem ainda “tentativas de interferência na hierarquia e coesão da equipa” e a “divulgação inoportuna de vídeos de apelo que prejudicaram o foco competitivo” durante o estágio.
Num ponto intitulado “O Grito dos Atletas Históricos”, os signatários da declaração evocam as “recentes e dolorosas despedidas” de figuras marcantes da selecção, como Keven Gomes e Betinho Gomes, e as declarações de Ivan Almeida, classificadas como “reflexo do esgotamento e da frustração gerados por um sistema de gestão que desvaloriza o património desportivo e ignora a dignidade dos seus melhores representantes”.
Os atletas sublinham, por outro lado, que o problema ultrapassa o plano desportivo, colocando em causa “a integridade da imagem de Cabo Verde no panorama internacional” e “o futuro do basquetebol nacional”.
“Apelamos veementemente às entidades governamentais e de fiscalização competentes, nomeadamente o Governo, IDJ e Comité Olímpico, para que procedam a uma investigação exaustiva e transparente aos factos aqui expostos, analisando as contas e exigindo a devida prestação de contas dos fundos públicos envolvidos. O silêncio institucional é inaceitável e perigoso”, defendem.
A declaração termina com um ultimato, em que os atletas anunciam a decisão de não participar em competições sob a actual direcção da FCBB, liderada por Hélder Gonçalves.
“Visto as irregularidades e a falta de pagamento que persistem, nós, os atletas da Selecção Cabo-verdiana de Basquetebol, recusamo-nos a participar em qualquer evento da FIBA liderado pela presente Federação, sob a liderança do Sr. Hélder Gonçalves. Exigimos respeito, profissionalismo e transparência”, conclui o documento.
A Inforpress tentou, sem sucesso, obter uma reacção da direcção da Federação Cabo-verdiana de Basquetebol.
