O Ministro da Economia disse, na segunda-feira, durante a sua audição pela Comissão Especializada de Finanças (CEFO) que o anterior governo convidou a Binter para entrar no capital social da TACV. No entanto, a empresa espanhola preferiu criar companhia de raiz.
Depois de uma primeira tentativa de privatização, decidida em 2002 e que ficou sem qualquer concorrente, o governo liderado por José Maria Neves convidou a Binter, já recentemente, a entrar para o capital da TACV, disse, segunda-feira, José Gonçalves na sua audição na CEFO.
O negócio só não terá acontecido porque, avançou o ministro da Economia, a Binter terá optado por criar a subsidiária Binter Cabo Verde em vez de investir no capital da TACV.
Este foi apenas um dos vários episódios por que passou a companhia aérea nacional e que levou os parceiros internacionais de Cabo Verde a, nas palavras de José Gonçalves, perderem a paciência com Cabo Verde no que respeitava à TACV.
Com a paciência nos limites, os parceiros internacionais exigiram ao governo uma solução imediata para a questão da TACV depois de vários anos de espera por uma solução para os problemas financeiros da empresa. “Os nossos parceiros disseram que a ajuda orçamental estava condicionada à solução da TACV”, declarou José Gonçalves que acrescentou que apesar das soluções encontradas, “só a saída do Estado e a privatização da empresa irá apaziguar os parceiros”.
Por causa dessa exigência o governo optou por extinguir a secção de voos domésticos da TACV entregando o mercado à Binter Cabo Verde em troca de 30% do capital da empresa.
Gonçalves disse ainda, na Comissão Especializada de Finanças e Orçamento, que o governo recebia mensalmente ameaças de arresto dos dois ATR operados pela TACV por causa da dívida que a companhia aérea tinha com a empresa que participou na operação de sale e lease back dos aparelhos e que as aeronaves acabariam por ser devolvidas por incapacidade financeira da TACV para os manter. “Os aviões iam sair porque não havia dinheiro para os manter e nós íamos fechar às portas de qualquer forma”, disse o ministro.
Hub aéreo a funcionar em Janeiro
No final da audição, em declarações aos jornalistas, José Gonçalves garantiu que o hub aéreo vai começar a funcionar no Sal a partir de Janeiro de 2018 e que com isso haverá outras alternativas para a população das restantes ilhas, tendo assegurado que nenhum passageiro no país vai ficar prejudicado, porque estão a trabalhar para encontrar opções e em condições de concorrência e criar condições para permitir que outras companhias áreas possam entrar no mercado cabo-verdiano.
“Estamos a investir nos outros aeroportos para ter melhores condições, isso porque a nossa preocupação neste momento é que não há espaço suficiente que permita aumentar o número de aviões tanto na Praia como em São Vicente, mas há interesse por parte de outras companhias da Europa e não só”, sublinhou, realçando que o aeroporto do Sal é o único que reúne as condições para se lançar o hub aéreo.
José Gonçalves adiantou, por outro lado, que o hub é um negócio de grande envergadura que nunca foi perspectivado nesta dimensão em Cabo Verde e que só pode funcionar na ilha do Sal que tem toda a estrutura necessária que permite alojar cerca de 11 Boeings, o que no seu entender vai permitir criar mais emprego, mais riqueza e fazer do arquipélago uma plataforma que sirva não só o país, mas toda a região.
Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 836 de 06 de Dezembro de 2017.