Em conversa com o primeiro-ministro, no terceiro e último dia de CV Next, na Sé Catedral de Cidade Velha, Tim Rowe apontou também as modalidades mais adequadas para desenvolver as startups no contexto nacional. A realidade socio-económica do país não oferece grande variedade de investidores interessados em apostar nas startups. “Ter apenas um investidor é um problema”, admite Tim Rowe. Nem tampouco ter apenas o governo como investidor é o melhor cenário.
Para este caso, Rowe sugeriu uma alternativa que passa pelo uso do dinheiro público para investir em entidades que financiam startups. Uma outra forma que pode ser profícua pode ser executada mediante as grandes empresas. “As empresas detectam problemas e lançam desafios as startups a procurar solução com a promessa de elas serem clientes”, explica.
Uma outra modalidade que pode ser viável em Cabo Verde, é o próprio Governo predispor-se como cliente das startups. Deste modo, teria, porém, que disponibilizar uma percentagem de verba para esse fim, ou melhor, para comprar os produtos/serviços das startups.
Para Tim Rowe está claro que o mercado de Cabo Verde não é nada mais que um mercado-teste para as startups. “Cabo Verde é demasiado pequeno para ser um mercado a longo prazo para qualquer empresa que pretende ter sucessos a nível global”, diz.
No ambiente mundial, Cabo Verde só pode competir no domínio do talento. “Realmente, talento é o único recurso existente em Cabo Verde”, considera Tim Rowe. Uma vez que a língua possa ser uma limitação, aconselhou mais aposta no ensino do inglês. “A intenção é a partir do ensino básico introduzirmos o inglês para ser falado naturalmente com fluência a partir do nível mais inicial do sistema de ensino”, volve o primeiro-ministro Ulisses Correia e Silva.
Entretanto, a inovação vai além do ensinar uma pessoa a pescar seu próprio peixe. “É inventar a melhor vara de pescar. Se inventarmos uma cana de pesca melhor, por conseguinte, milhão de pessoas possam ter o melhor peixe”, salienta o norte-americano.
O sucesso de uma inovação nascida em Cabo Verde tem que ultrapassar a fronteira das ilhas e ser útil para o mundo. “Cabo Verde precisa de ultrapassar um obstáculo que é o de sermos ilhas e pensarmos que a dimensão do nosso futuro é a dimensão das nossas ilhas”, diz Correia e Silva.
O anseio pela inovação no país é visível e, segundo Tim Rowe, o aspecto geográfico não representa um problema para a concorrência de Cabo Verde nesta matéria a nível mundial. “Actualmente, os compradores da tecnologia não ligam muito quanto ao local onde ela foi produzida”, sublinha. Para este inovador, a única barreira localiza-se na mente. “Se acreditam que as coisas são possíveis, então conseguem fazê-las”, remata.´
Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 857 de 02 de Maio de 2018.