Como é que surge este projecto de renovação da iluminação pública?
O projecto surge para termos uma melhoria substancial na eficiência do sistema de iluminação pública. Se verificarmos, a contribuição para a iluminação pública é deficitária. Cobre em torno de 60% dos custos de consumo, ou seja, a contribuição que cada cliente tem na factura, para a iluminação pública, só dá resposta à 60% do consumo, não incluindo a operação e manutenção do sistema. Para fazer face a este défice é necessário que adoptemos medidas estruturantes, visando sua sustentabilidade. Então, desenhamos um novo conceito de iluminação pública e, agora em Novembro, inauguramos um novo paradigma, que se consubstancia num reforço e extensão, inicialmente nas cidades da Praia e Santa Maria, sendo o projecto de âmbito Nacional. Assim sendo, melhoraremos significativamente a eficiência energética do sistema de iluminação pública, trazendo a jusante impactos positivos a nível de segurança, no embelezamento das nossas cidades e potenciando actividades nocturnas de cariz sociocultural e económico.
Quanto é que este projecto vai custar e quanto é que vai permitir poupar a nível de consumos por parte da Electra?
Gostaríamos de começar pelos antecedentes: nós lançamos um concurso internacional, selecionamos a empresa vencedora, assinamos o contrato no passado mês de Maio e a execução teve início na semana passada. A engenharia financeira desenhada para o projecto contempla a cobertura de 80% do financiamento através de poupanças, ou seja, a eficiência que se irá conseguir nos consumos irá financiar essa percentagem da execução do projecto. Os restantes 20% virão do Fundo do Turismo. Com relação à poupança que se consegue, devemos referir que os actuais candeeiros, que são em vapor de mercúrio e de sódio, serão todos substituídos por luminárias LED, com economias de consumo na ordem dos 55%. Estamos a falar de um ponto de partida em que, legitimamente, as pessoas anseiam por mais e melhor iluminação pública e não devemos descurar que, não obstante, nos últimos tempos houve reforço da cobertura da iluminação pública em todo o País. Neste momento estamos a beirar mais de 8 pontos de iluminação pública por cada 100 habitantes. Entretanto, e atendendo a este ponto de partida, o que é fundamental é que não haverá aumento da contribuição para a iluminação pública e que as poupanças conseguidas irão libertar recursos suficientes para financiar este projecto em 80%, vindo o restante do Fundo de Turismo. O contrato com a empresa vencedora do concurso contempla, ainda, um acordo de manutenção de seis anos e meio e uma garantia de 10 anos (“period of energy-saving service”).
Dando um significado aos números, em quanto se vão traduzir financeiramente os 55% de poupança?
Creio que o essencial é que serão recursos suficientes para garantir a execução de grande parte do projecto. Podemos dizer que é uma redução substancial no consumo energético. Quando referíamos que a contribuição para a iluminação pública é deficitária e só cobre em torno de 60% dos custos, a nível Nacional, temos também de dizer que em determinados concelhos aquilo que arrecadamos nessa contribuição só chega para pouco mais de 25% dos consumos. No fundo o que queremos é criar condições de sustentabilidade do sistema, isto é, que a contribuição esteja alinhada aos custos efectivos, num cenário em que haverá melhoria efectiva da iluminação pública.
Já fez uma referência a isso, mas perguntava-lhe qual é o investimento e financiamento deste projecto.
O investimento do projecto, para as Cidades da Praia e Santa Maria, ronda os 416 mil contos, financiados, como atrás referido, em 80% pela eficiência energética e 20% através do Fundo do Turismo. Quer isto dizer que o cliente não será onerado na factura, em matéria da contribuição para a iluminação pública. É esta a engenharia financeira montada para este projecto, que pretendemos que seja o início de um novo paradigma para a iluminação pública no País. Temos verificado que a população da Praia está muito agradada com o projecto. A execução começou na passada terça-feira (13 de Novembro) e até agora já substituímos cerca de 500 candeeiros. O cronograma indica seis meses, mas acreditamos que o prazo de execução do projecto será reduzido.
Toda a capital vai ficar coberta.
Sim. Gostaríamos de reiterar que todos os atuais 8200 candeeiros, na Cidade da Praia, serão substituídos e teremos ainda mais aproximadamente 1200 novos. Passaremos de um parque de 8200 para cerca de 9400, num horizonte de seis meses, com iluminação totalmente em LED. O mesmo vai acontecer em Santa Maria, passando de 632 para mais de 740 luminárias LED, no mesmo horizonte temporal.
Depois da Praia e de Santa Maria qual vai ser o próximo passo?
Há outros mercados. Vamos de seguida contemplar São Vicente e outras ilhas. O objectivo do projecto é contemplar o todo Nacional. Neste momento não podemos, por uma questão de precaução, avançar datas exactas, mas confirmamos que este é um projecto de âmbito Nacional. Iremos proceder à avaliação da execução do projecto nestas duas cidades, por forma a permitir-nos, com passos mais firmes, avançar de imediato para as outras ilhas e cidades do País.
Vai ser palpável a redução do consumo de combustível na produção de energia?
Com certeza. O que estamos a dizer é que aquilo que é a demanda de consumo para a iluminação pública nas cidades onde estamos a instalar luminárias LED, teremos reduções à volta de 55%. Reduzindo o consumo, reduzem-se as necessidades de produção de energia para o sistema de iluminação pública. Estamos criando todas as condições para proximamente tenhamos mais e melhor iluminação pública à nível Nacional, com recurso a tecnologia LED. Adicionalmente, gostaríamos de frisar que, em se tratando de um projecto faseado, e enquanto não cobrirmos todos os pontos do território Nacional com recurso às luminárias LED, montamos um sistema de gestão dos candeeiros retirados, por forma a que, os que ainda estejam em excelente estado de utilização, possam ser recolocados em outras ilhas, mitigando os problemas que ainda persistem.
Texto originalmente publicado na edição impressa do expresso das ilhas nº 886 de 21 de novembro de 2018.