Nova dívida na África subsaariana duplica para 16,5 mil milhões de dólares em 2018

PorExpresso das Ilhas, Lusa,16 jan 2019 7:51

​Os países da África subsariana emitiram em 2018 dívida no valor de 16.500 milhões de dólares, quase duplicando os 8.400 milhões de 2017, segundo a agência de notação financeira Standard & Poor’s (S&P).

“2018 foi um ano recorde para as emissões de ‘eurobonds’ nos países que analisamos na África Subsaariana, chegando a 16,56 mil milhões de dólares, quase o dobro dos 8,4 mil milhões emitidos em 2017, mas a segunda metade do ano viu apenas uma emissão [da Nigéria] no valor de 2,86 mil milhões”, lê-se numa nota de análise sobre as tendências dos ‘ratings’ desta região para este ano.

No documento, enviado aos investidores, e a que a Lusa teve acesso, os analistas liderados por Ravi Bhatia, em Londres, explicam que dos 18 países analisados, 17 ‘ratings’ estão abaixo da recomendação de investimento, sendo o Botsuana o único que não tem a análise de crédito em ‘junk’ ou ‘lixo’, categoria em que se inclui Angola e Moçambique, este último em ‘default’ – incumprimento financeiro desde 2017.

Para a S&P, as emissões de dívida pública soberana “vão continuar” este ano “a um ritmo mais moderado do que na primeira metade de 2018, num contexto de financiamento mais apertado para os africanos” motivado pela política monetária das autoridades centrais dos Estados Unidos e da União Europeia.

“O provável fortalecimento do dólar contra as moedas locais na região continua a ser um risco para os países subsaarianos com grandes montantes de dívida em moeda estrangeira, como Angola e a Zâmbia”, escrevem os analistas da S&P, que vincam que “Angola, Nigéria, Gana e Zâmbia estão entre os países mais vulneráveis a pressões nas taxas de juro, tendo mais de 20% das receitas fiscais consignadas ao pagamento dos juros”.

A subida do custo de financiamento da dívida africana mais do que duplicou nos últimos anos, diz a S&P, passando de “5% das receitas fiscais, em 2011, para cerca de 12% em 2018”, o que mostra que o custo com o serviço da dívida voltou aos níveis anteriores à iniciativa de Alívio da Dívida dos Países Pobres Muito Endividados (HIPC, no original em inglês), no final dos anos 90.

Apesar dos problemas com a dívida pública, as economias da África Subsaariana devem conseguir conter os défices orçamentais, que chegaram a uma média de 4,8% no ano passado, o que compara com os 1,1% de 2011.

“Esperamos que o crescimento económico mostre uma modesta recuperação em 2019”, lê-se no documento, que aponta que os preços relativamente estáveis das matérias-primas vão ajudar os países exportadores.

Para este ano, a S&P prevê um crescimento de 3% para Angola, mantendo ainda a estimativa feita no princípio do ano passado, que apontava para uma expansão económica de 2% em 2018, o que parece altamente improvável dada a recessão acumulada superior a 6% até setembro, segundo os dados do Instituto Nacional de Estatística de Angola.

Para Moçambique, as previsões apontam para crescimentos de 3,5% em 2018 e 4% este ano.

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Autoria:Expresso das Ilhas, Lusa,16 jan 2019 7:51

Editado porNuno Andrade Ferreira  em  16 jan 2019 16:59

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