Os dados constam do relatório e contas de 2019 da empresa, a que a Lusa teve acesso, que referem que a empresa manteve no ano passado a potência instalada de 25,5 MegaWatts (MW), com 30 turbinas eólicas, distribuídas pelos parques nas ilhas de Santiago (11), Sal (09), São Vicente (07) e Boa Vista (03).
No documento, a administração refere que a operação manteve-se em 2019 “eficiente e rentável”, apesar de ter sido um ano “com uma das condições de vento menos favoráveis registadas na história da empresa” e do ano excepcional de produção de electricidade pelos mesmos parques em 2018, que já antevia uma quebra.
“Embora esse pressuposto tenha sido efectivamente verificado, tratou-se de mais um ano de contínua produção e entrega à rede pública de distribuição de electricidade de origem eólica, segura, de qualidade e sustentável, o que sublinhou o papel da empresa na promoção dos objectivos de Cabo Verde de incrementar a participação de energias renováveis na matriz energética, enquanto mantém a imagem de referência local e global a nível de energia eólica”, sublinha a Cabeólica.
No “estrito cumprimento” do contrato de compra e venda de energia eléctrica, assinado com a concessionária do sector, a empresa pública Electra, os parques da Cabeólica produziram em 2019 cerca de 78.575 MWh (-7,7% face a 2018), evitando a libertação do equivalente a 53.692 toneladas de CO2 com a mesma produção por energias fósseis.
Desde a sua criação, estes parques já evitaram a libertação de 420.000 toneladas de emissões de gases com efeito estufa.
A Cabeólica foi responsável em 2019 pela produção de cerca de 15% da electricidade consumida no país, “mantendo Cabo Verde como uma referência internacional e um líder na África subsaariana a nível de taxa de penetração de energia eólica”, assinala a empresa.
Com a venda da energia produzia à rede pública, a Cabeólica fechou 2019 com lucros de quase 277 mil contos – dos quais 20% para distribuição de dividendos e 80% para reservas -, recuando 9% face ao ano anterior.
“As receitas atingiram um nível satisfatório, mas verifica-se que parte significativa da energia disponível continua a não ser utilizada, essencialmente devido a restrições técnicas da compradora, principalmente nos parques eólicos do Sal e de São Vicente”, alerta a empresa, no mesmo relatório.
Os parques da Cabeólica resultaram de um acordo de Parceria Público-Privada, de 2008, entre InfraCo Africa Limited, o Governo de Cabo Verde e o grupo estatal Electra, e seis anos depois atingiu o seu recorde, garantindo cerca de 24% da electricidade consumida no arquipélago, tornando-o num dos países com a maior taxa de penetração de energia eólica no mundo.
A empresa é liderada pela Anergi Asset Company, que integra o grupo Anergi, detentor de participações em diversas empresas na área da produção de electricidade em África, com uma capacidade instalada total de cerca de 1.800 MW.
Actualmente, 94% do capital social da Cabeólica está nas mãos da Anergi Asset Company, pertencendo ainda 3,75% ao grupo Electra e 2,25% ao Estado de Cabo Verde.
Contudo, a empresa refere no mesmo relatório que em 03 de Setembro de 2020 foi concluída a transferência da totalidade da participação da Anergi Asset Company no capital da Cabeólica à AFC Equity Investments Limited, uma subsidiária detida a 100% pela Africa Finance Corporation.
Estes parques eólicos recorreram do financiamento do Banco Europeu de Investimento (BEI) e do Banco Africano de Desenvolvimento (BAD), no valor total de 45 milhões de euros, reembolsáveis em 28 prestações semestrais, tendo vencido a primeira em 01 de Julho de 2012.