CV Interilhas chega a um milhão de passageiros e aguarda certificação para colocar “Dona Tututa” a navegar

PorLusa, Expresso das Ilhas,3 nov 2021 11:31

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A CV Interilhas (CVI), concessionária dos transportes marítimos em Cabo Verde desde Agosto de 2019, alcança hoje a marca de um milhão de passageiros transportados, disse o administrador da empresa, liderada pelo grupo português ETE, em entrevista à Lusa. Quanto ao navio “Dona Tututa” está em fase final de preparação para entrar ao serviço das ligações interilhas, após o processo de certificação.

Segundo o presidente do conselho de Administração da CVI, Jorge Maurício, para a marca de um milhão de passageiros contribuíram os resultados dos últimos meses, com a empresa a transportar este ano, até Setembro, mais de 380 mil passageiros, um aumento de 47% em relação ao período homólogo de 2020, então fortemente afectado pelas restrições devido à pandemia de COVID-19, além de 41 mil viaturas (+46%) e 170 mil toneladas (+37%) de carga geral, num total de 3.160 escalas (+13%) de navios.

Com a empresa ainda a recuperar dos efeitos da pandemia de COVID-19, Jorge Maurício aponta o exemplo da importância dos transportes marítimos assegurados pela CVI já no último verão, com o progressivo levantamento das restrições na lotação dos navios e aos movimentos de pessoas.

“O verão foi intenso e graças à CVI podemos garantir valores verdadeiramente expressivos, para além da regularidade, dos itinerários e das rotas bem definidas. As pessoas já sabem com o que podem contar, já começam a ganhar confiança num processo também que é novo e ainda em construção. A CVI tem cumprido o seu propósito e neste último verão demonstrou a forma muito pragmática a sua importância para Cabo Verde, a importância de termos a funcionar o sistema de transporte marítimos de passageiros e carga para garantir a coesão territorial e para promover a circulação de pessoas e bens”, assumiu Jorge Maurício.

Só no período de verão, a CVI transportou mais de 190 mil passageiros, correspondente a valores de 12 meses antes da pandemia. “Por exemplo, movimentamos mais de 16 mil viaturas, acima de 70 mil toneladas de carga geral e fizemos mais de 1.250 escalas de navio. Isto garante uma capacidade já forte em termos de logística, meios, equipamento de processo e procedimentos”, sublinha o presidente do conselho de Administração da CVI.

Certificação “Dona Tututa”

Quanto à certificação de "Dona Tututa, diz o responsável que “o processo em si é complexo e as pessoas às vezes possuem alguma ansiedade, e percebemos naturalmente, porque querem ver as coisas a acontecer. Um navio, assim como um avião, os seus processos e procedimentos de certificação não são de um dia para o outro, porque são complexos, devem ser muito bem escrutinados porque todos os intervenientes têm responsabilidade, principalmente na parte da segurança dos passageiros, de que não abdicamos”.

De acordo com o administrador, o navio está em perfeitas condições para começar a navegar - antes de adquirido pela CVI navegava entre as diversas ilhas das Bahamas e a Florida (Estados Unidos) e chegou a Cabo Verde depois da conclusão do processo de remodelação no estaleiro português Navaltagus (grupo ETE) -, está classificado internacionalmente pela sociedade Norte-Americana ABS (America Bureau of Shipping) e já está registado em Cabo Verde.

Entretanto, já foi feita a última inspecção estatutária para que tenha licença para operar de acordo com as normas marítimas nacionais.

“Nos próximos dias esperamos a inspecção final para constatarem que as pequenas recomendações já foram resolvidas e eram detalhes que não colocavam em causa a sua navegabilidade. Posso até enumerar as recomendações que têm a ver com uma peça de um radar, com um ar condicionado das instalações do comando do navio que avariou neste percurso, as pinturas da baleeira do navio que ainda tinha o nome do armador anterior, algumas pinturas de sinalização de segurança”, apontou Jorge Maurício.

O administrador garante que a estrutura e o desenho do navio, bem como os sistemas de alarme e o seu motor, estão em perfeitas condições.

Admite, ainda assim, que com mais flexibilidade das autoridades marítimas locais o navio já poderia ter a emissão do certificado e da licença de operação, e em alguns dias seriam regularizadas as recomendações.

“De qualquer forma a autoridade marítima faz o seu trabalho de forma isenta, independente, com muito profissionalismo, é preciso que se diga, porque às vezes confundimos o rigor e o profissionalismo com o bloqueio, mas nem sempre é isto. Temos que nos pôr do lado da autoridade marítima, são processos complexos, a responsabilidade é enorme quando se trata de segurança de passageiros e por isso respeitamos na integra e o relacionamento é construído numa base de confiança”, realçou Jorge Maurício.

Recorda que há navios que já demoraram mais do que os três meses de espera do “Dona Tututa” para conseguir o certificado navegabilidade em Cabo Verde, apesar de desejar que fosse um processo mais célere.

“Porque o navio está parado, está a ter custos, não está a ter rendimento e é a própria empresa que assume os custos. Está a ser penoso e neste caso são os accionistas da empresa que assumem esta factura”, sublinhou.

A CVI é liderada (51%) pela Transinsular (grupo português ETE) e participada nos restantes 49% por 11 armadores cabo-verdianos, tendo assumido em Agosto de 2019 um contrato de concessão do transporte público marítimo de passageiros e cargas interilhas, num contrato válido por 20 anos após concurso público internacional.

Quanto ao navio “Dona Tututa” chegou ao país em Julho e deveria começar a operar em Setembro, segundo previsão anterior da empresa, o que não aconteceu, continuando no cais do porto do Mindelo, em São Vicente.

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CVI

Autoria:Lusa, Expresso das Ilhas,3 nov 2021 11:31

Editado porSara Almeida  em  4 nov 2021 11:29

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