“É um investimento considerável, permite-nos aumentar a nossa oferta para São Vicente, onde haverá um maior número de escalas no Porto Grande, e isso ajudará certamente os importadores locais a terem uma maior flexibilidade no abastecimento dos seus ‘stocks’. Contribuirá para uma economia mais fluída e, portanto, haverá uma maior previsibilidade”, afirmou hoje, no porto da Praia, o administrador do grupo português, Guilherme Gomes.
Trata-se do navio “Ferdinanda S”, de 172 metros de comprimento e capacidade para transportar mais de 1.200 contentores com 14 toneladas, que se junta ao “Raquel S”, navio gémeo que já operava a rota entre Portugal e Cabo Verde desde 2018.
“O Grupo Sousa iniciou a sua estratégia de internacionalização exactamente em Cabo Verde. Somos um grupo nascido na ilha da Madeira, portanto sabemos as necessidades arquipelágicas e estamos disponíveis, na medida do possível e daquilo que são as nossas actividades ‘core’, para contribuir e cooperar com as entidades cabo-verdianas e ajudar a dinamizar a economia de Cabo Verde”, afirmou ainda.
Segundo o Grupo Sousa, a aquisição deste navio reforça e complementa o serviço já existente, fazendo a ligação regular, para carga, entre os portos de Leixões, Lisboa, Praia, São Vicente e Bissau, antes de regressar a Portugal. Após esta escala inaugural na Praia, o navio atraca também pela primeira vez no Porto Grande, São Vicente, na sexta-feira.
“Também está totalmente dedicado ao mercado cabo-verdiano”, acrescentou Guilherme Gomes, após receber a bordo do “Ferdinanda S” o ministro do Mar, Abraão Vicente.
“É um grande momento para mostrar a confiança que o Grupo Sousa tem em Cabo Verde e a gestão portuária que Cabo Verde oferece a operações como esta. Eu creio que são investimentos como este, de 28 milhões de euros, que consolidam Cabo Verde como um ‘hub’ da economia marítima. Sem instrumentos, sem barcos, sem dinâmica e fluxo comercial não podemos falar de um ‘hub’ da economia azul”, afirmou o ministro, em declarações aos jornalistas.
“Creio que é com parceiros como este que Cabo Verde deve contar para o futuro, no sentido também de ligar de uma forma mais eficiente a nossa diáspora, que envia mercadorias, mas também os nossos comerciantes. Terá um impacto brutal nas empresas cabo-verdianos na relação com o exterior, portanto, é mais uma boa notícia não só para a comunidade cabo-verdiana, mas para o tecido empresarial cabo-verdiano”, disse ainda Abraão Vicente.
Cabo Verde, segundo dados do Governo, importa cerca de 80% de todos os produtos que consome, essencialmente por via marítima e a partir da Europa.
“Temos agora dois navios para fazer essas escalas, o que significa que há um menor tempo de espera para que as mercadorias desembarquem em Cabo Verde, a gestão portuária está a garantir que, de facto, haja os instrumentos e as infraestruturas de apoio em terra para que as operações demorem o mínimo tempo possível. Isso significa que haverá um maior fluxo, maior eficiência e menor tempo de espera na circulação dos produtos, o que significa também que as lojas serão abastecidas num tempo mais curto”, sublinhou o governante.
“O nosso mercado ganhará também na forma como o produto poderá circular e, claro, diminuir a possibilidade de haver cortes e carências de produtos no mercado. É um apoio absolutamente extraordinário à economia de Cabo Verde, muito mais do que apenas ao sector da economia marítima”, concluiu Abraão Vicente.
Fundado na ilha da Madeira há cerca de 40 anos, o Grupo Sousa é um operador marítimo-portuário, de logística e energia, tendo contado com um volume de negócios consolidado de 195 milhões de euros em 2021, empregando cerca de mil funcionários nos Açores, Madeira, Portugal continental, Cabo Verde e Guiné-Bissau.