De acordo com o relatório provisório das contas do Estado de Janeiro a Dezembro, do Ministério das Finanças, a que a Lusa teve hoje acesso, ainda foi condicionado pelas consequências económicas da pandemia de covid-19, mas com as receitas da administração central a subirem 17,5% face ao ano de 2021, bem como as despesas totais, neste caso em 6,6%.
O défice equivalente a 4,2% do Produto Interno Bruto (PIB) de Janeiro a Dezembro compara com o saldo negativo superior a 14.371 milhões de escudos (130,6 milhões de euros) no final de 2021, então equivalente a 7,3% do PIB estimado, segundo os dados do Ministério das Finanças.
De Janeiro a Dezembro, as contas públicas registaram ainda um saldo corrente primário negativo em 265,7 milhões de escudos , equivalente a 0,1% do PIB.
"A melhoria nos saldos, comparativamente ao mesmo período de 2021, decorre do aumento das receitas em mais de 7.892,6 milhões de escudos, em face à receita arrecadada em 2021, justificado essencialmente pela retoma da actividade económica e pelo aumento dos preços, bem como pela reprogramação do lado da despesa em resposta ao impacto da crise provocada pela guerra na Ucrânia e algum efeito da variação do câmbio", lê-se no documento.
Cabo Verde recupera de uma profunda crise económica e financeira, decorrente da forte quebra na procura turística -- sector que garante 25% do PIB do arquipélago -- desde Março de 2020.
Com alguma retoma da procura turística, o país cresceu 7% em 2021, segundo dados do Instituto Nacional de Estatística. Entretanto, devido às consequências económicas da guerra na Ucrânia, o Governo reviu de 6% para 4% a perspectiva de crescimento económico em 2022. Contudo, já no final de Outubro, voltou a rever essa previsão, para pelo menos 8% de crescimento e já em Dezembro para mais de 10%.
Cabo Verde inverteu em 2020 -- défice de 9,1% do PIB - a tendência decrescente dos seis anos anteriores, de diminuição do défice das contas públicas, segundo dados anteriores do banco central.
Nos últimos 10 anos, o saldo das contas públicas (anual) foi sempre deficitário, com picos em 2012 (-10,3% do PIB) e 2013 (-9,3% do PIB), descendo até ao mínimo de -1,8% do PIB em 2019, antes da crise provocada pela pandemia.
As contas públicas registaram um défice superior a 14.371 milhões de escudos em 2021, equivalente a 8,1% do PIB estimado, mas abaixo do inicialmente previsto, segundo dados anteriores do Ministério das Finanças.
Esse défice compara com ainda com o de 8,9% no mesmo período de 2020, de acordo com a mesma fonte.