Cabo Verde entra na ‘autoestrada’ Dakar – Abidjan com corredor marítimo da Praia

PorExpresso das Ilhas, Lusa,7 mar 2023 14:12

Cabo Verde aprova esta semana, no parlamento, o tratado que em 2017 criou o “Corredor Rodoviário Dakar-Abidjan”, projecto multimodal de 3.164 quilómetros, após a garantia da incorporação da componente marítima “Praia-Dakar”, de 500 quilómetros.

O tratado com vista à implementação deste projecto foi adoptado em Junho de 2017, em Monróvia, por sete Estados-membros da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), casos da Costa do Marfim, Gâmbia, Guiné, Guiné-Bissau, Libéria, Serra Leoa e Senegal, prevendo “a construção de uma autoestrada” com início em Dakar, Senegal, até Abidjan, Costa do Marfim, passando por todos aqueles países.

Cabo Verde, único país arquipelágico da CEDEAO, não assinou a adesão ao projecto, mas 18 meses depois os Estados-membros adoptaram o designado “Ato Adicional” ao tratado, aceite então pelo Governo cabo-verdiano, passando o projecto a incorporar a componente marítima entre o porto da Praia e Dakar, com cerca de 500 quilómetros, passando a ser designado “Corredor Praia-Dakar-Abidjan”.

Cinco anos depois, o parlamento cabo-verdiano é chamado esta semana a discutir e votar a adesão do país ao tratado que cria o corredor e à ratificação do Acto Adicional na sessão parlamentar que vai decorrer de 08 a 10 de Março, na Assembleia Nacional, na Praia.

"Não obstante as implicações financeiras de adesão e eventuais riscos a ela associados em termos de segurança interna, face aos impactos sociais e económicos muito promissores para o país e toda a sub-região oeste-africana, recomenda-se a adesão plena de Cabo Verde ao mencionado Tratado e a ratificação do referido Ato Adicional”, lê-se na proposta de resolução a discutir no parlamento, consultada hoje pela Lusa.

Trata-se de um projecto multimodal que engloba, além de estradas, num total de 3.164 quilómetros, a construção de pontes, estacões de transporte fluvial e linhas de caminhos de ferro, bem como a inclusão de outros projetos paralelos, desenvolvimento de energia, das Tecnologias de Informações e Comunicações, telecomunicações, transportes marítimos e condutas de água e de gás, entre outros, interligando “algumas das maiores cidades urbanas de África”, nomeadamente, Praia, Dacar, Banjul, Bissau, Conacri, Freetown, Monróvia e Abidjan.

Sublinhando tratar-se de uma iniciativa de “transcendental importância para os Estados e respetivos povos” da CEDEAO, a proposta do Governo cabo-verdiano recorda que está subjacente ao projecto “o défice de infraestruturas e equipamentos de transporte na sub-região”, que “continua a ser um obstáculo significativo ao desenvolvimento e à prestação de serviços básicos para a integração regional”.

“A interconectividade inadequada impede os países da Comunidade de desenvolver intercâmbios rentáveis e alavancar oportunidades nacionais, regionais e globais”, lê-se.

A componente marítima entre a Praia e Dacar “resultou do reconhecimento, tanto por parte das autoridades cabo-verdianas, como dos demais Estados-membros da CEDEAO, das dificuldades de conexão de Cabo Verde, enquanto Estado insular, com a região oeste-africana, o que tem vindo a acarretar custos adicionais de transporte, penalizando o seu desenvolvimento económico e social”, reconhece ainda o Governo cabo-verdiano.

Gerar “fluxos adicionais” de carga e passageiros, “estimular a cooperação comercial e económica” entre Cabo Verde e os restantes países da África Ocidental, “facilitar o movimento seguro, eficiente e competitivo de pessoas e mercadorias” bem como o comércio regional e internacional, “melhorando os equipamentos e infraestruturas marítimas”, simplificar e harmonizar os requisitos e controlos que regem a circulação de mercadorias e pessoas, com vista a reduzir os custos de transporte e os tempos de trânsito, são objectivos da componente marítimo do projecto.

“O entendimento generalizado no espaço da CEDEAO é no sentido de que as inadequadas infraestruturas rodoviárias têm sido uma fonte constante de frustração na região, que há muito impede ou limita as transações comerciais, bem como, em parte, responsáveis pelo elevado custo do transporte de mercadorias em toda a região”, acrescenta igualmente o Governo.

Com a concretização do projeto global, espera-se, entre outros resultados, “obter uma integração regional aprimorada”, um “acompanhamento comercial”, a “eficiência de transporte” e “crescimento económico e empresarial”, além de novas oportunidades para as dentro da CEDEAO, o aumento do comércio regional, o crescimento económico e a redução da pobreza, e o aumento do número de pequenas e médias empresas e de negócios.

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Autoria:Expresso das Ilhas, Lusa,7 mar 2023 14:12

Editado porAndre Amaral  em  8 mar 2023 10:53

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