De acordo com o inquérito ao mercado de crédito, publicado recentemente pelo Banco de Cabo Verde (BCV), nos primeiros três meses do ano os critérios tornaram-se mais restritivos particularmente para os empréstimos de longo prazo.
O aumento é justificado pelo nível de incumprimento, os riscos associados às empresas sem contabilidade organizada, e as expectativas menos favoráveis quanto à actividade económica em geral.
Em sentido contrário, o BCV constatou que os critérios de aprovação de empréstimos a particulares mantiveram-se inalterados.
“Os termos e condições de aprovação de novos empréstimos permaneceram inalterados, tanto para os empréstimos às empresas como para os empréstimos aos particulares”, deu conta o regulador financeiro cabo-verdiano.
Segundo a mesma fonte, no período em análise, os bancos inquiridos registaram uma ligeira redução da procura de crédito por parte das empresas e um ligeiro aumento por parte dos particulares, tanto para aquisição de habitação como para consumo e outros fins.
“Para os próximos três meses, os bancos antecipam a aplicação de critérios ligeiramente menos restritivos na aprovação de empréstimos, tanto para as empresas como para os particulares”, referiu o BCV, indicando que os bancos perspectivam, ainda, um ligeiro aumento da procura de crédito pelas empresas e pelos particulares.
Os termos e as condições gerais aplicados na aprovação de novos empréstimos permaneceram inalterados, tanto para os empréstimos às empresas, como para os empréstimos a particulares.
A proporção de pedidos de empréstimos de empresas rejeitados pelos bancos aumentou ligeiramente, enquanto a proporção de pedidos de empréstimos de particulares rejeitados manteve-se inalterada.
Entre Janeiro e Março, o Banco de Cabo Verde constatou que a procura de financiamento bancário pelas empresas, em termos gerais, reduziu ligeiramente, o que de acordo com os bancos, deveu-se ao recurso a fontes de financiamento alternativas, nomeadamente, a empréstimos de instituições financeiras não bancárias e emissão/reembolso de títulos de dívida.
No caso dos particulares, a procura de financiamento bancário para aquisição de habitação, para consumo e outros fins aumentou ligeiramente reflectindo, de acordo com os bancos, as perspectivas para o mercado de habitação, a necessidade de financiamento para investimento, o recurso à poupança dos particulares, a confiança dos consumidores e o nível geral das taxas de juro.
“Para os próximos três meses, os bancos perspectiva um ligeiro aumento da procura de crédito tanto para as empresas como para os particulares”, lê-se ainda na nota do BCV que sintetiza os resultados.
Actualmente, o sistema financeiro cabo-verdiano conta em 10 instituições autorizadas a operar a nível nacional, sob a supervisão do Banco de Cabo Verde, sendo oito bancos comerciais autorizados e duas seguradoras.
A Lusa noticiou em Fevereiro que os bancos comerciais que operam em Cabo Verde registaram lucros históricos de 4.663 milhões de escudos em 2022, um aumento de 26,5% face ao ano anterior.