Ivan Bettencourt, que falava em entrevista à Inforpress, a propósito dos 40 anos dos estaleiros navais, Cabnave, que se celebra hoje 22 de Novembro.
Segundo a mesma fonte, a ideia é estabelecer uma parceria através da qual Cabo Verde envia os navios que não tenha a capacidade de colocá-los na doca e à Dakarnave, uma empresa afiliada da Lisnave Internacional, que, por sua vez, enviará também navios para reparação em Cabo Verde, numa lógica de parceria e complementaridade entre os dois estaleiros navais.
“Estamos numa região com 72 navios de pesca espanhóis registados, passam nas nossas águas 2 mil navios de pesca chineses. São potenciais clientes que servem para ser compartilhados entre nós e Dakar e que diminuiu a pressão que hoje a Dakarnave tem em termos de espera para a entrada do navio”, avançou.
Para isso, acrescentou, a Cabnave tem de melhorar a sua eficiência de trabalho, “fazer melhor em menos tempo” e ser “mais produtivo”.
Um desiderato que, conforme Ivan Bettencourt, só será cumprido com a nova largada da Cabnave, através de novos investimentos.
Além de Dakar, o presidente do conselho da administração da Cabnave informou que pretende ir à Espanha, “um dos grandes clientes” da empresa, e a outros países exatamente porque quer os estaleiros navais mais próximos dos armadores que enviam os seus navios para reparação em Cabo Verde.
“A China continua a ser um dos principais clientes da Cabnave e qualquer empresa chinesa que queira fazer parceria a Cabnave estará aberta”, garantiu Ivan Bettencourt, salientando que no plano de actividades da Cabnave para 2024, a meta é passar de 50 navios recebidos para 150 navios por ano para reparação.
Empréstimo de 100 mil contos para modernizar e garantir a sustentabilidade
O PCA da Cabnave disse também que a empresa recorreu a um empréstimo de 100 mil contos para preparar a modernização das infraestruturas para ter as melhores condições de rentabilidade.
Segundo Ivan Bettencourt, a nova direcção mudou os paradigmas e focou na sustentabilidade e investimentos que se traduzem na modernização.
E é com base nessa modernização, ajuntou, que contraíram o empréstimo em dois bancos comerciais e já começaram a substituição da grande parte das máquinas lá existentes que já estão com cerca de quatro décadas.
“Os investimentos já começaram. Fomos à banca neste momento para comprar equipamentos para melhorar o nosso sistema de equipamentos, melhorar o nosso sistema de entrada dos navios para aumentar a capacidade de podermos ter mais navios nas nossas seis linhas. Paulatinamente, já começamos a substituição e modernização dos equipamentos tornando a Cabnave mais rentável e sustentável, de acordo com o que se tem no mundo hoje”, explicou.
Para o PCA a perspectiva é ser melhor não apenas na sub-região africana, mas, sim, uma referência no mundo para que qualquer estaleiro que tenha um cliente que esteja a passar pelas águas de Cabo Verde possa também contactar a Cabnave para prestar esse serviço de reparação, em parceria com esse estaleiro”, explicou.
No quadro dessa modernização, avançou, a Cabnave está vai contratualizar a modernização de todas as máquinas de sistemas de soldagens, vai partir para um novo tipo de decapagem mais amiga do ambiente e está a negociar a sustentabilidade energética partindo para as energias limpas, já que a energia é um custo que pesa muito no orçamento da empresa.
Conforme lembrou, Ivan Bettencourt, o primeiro-ministro já assinou um pré-acordo para os investimentos que estão dentro de um pacote global através do qual, numa primeira fase, a Cabnave pode ter um investimento no mínimo de 12 milhões de euros (1,3 milhões de contos).
Por isso, elucidou, mesmo antes do investimento que o Governo vai iniciar, através do Banco Europeu de Investimentos, há necessidade de infraestruturar a Cabnave para receber esses investimentos de uma forma mais linear e mais sustentável.
A Cabnave foi inaugurada em 22 de Novembro de 1983 e, nessa altura, também tinha vocação para a construção naval.
Na altura quando foi construída tinha falta de mão-de-obra, por isso desde os primeiros momentos até hoje a Cabnave tem um centro de formação que, segundo Ivan Bettencourt, em 40 anos já formou mais de 500 jovens internamente, muitos deles ainda são funcionários da empresa.
Nessas quatro décadas também fez três embarcações de pesca metálicas de dimensões de 30 metros e garantiu a sustentabilidade e a segurança da navegabilidade de todos os barcos que passam nas águas de Cabo Verde, principalmente dos que fazem as ligações internas, e os que ligam as ilhas ao mundo.