Cabo Verde pode transformar crise climática em oportunidades e aumentar crescimento até 2% em 2050 - BM

PorExpresso das Ilhas, Inforpress,18 jan 2025 9:51

​O Relatório de Desenvolvimento Climático do País, realizado pelo Banco Mundial (BM) e pelo Governo, indica que Cabo Verde pode transformar a crise climática em oportunidades, reduzir perdas e aumentar o crescimento até dois 2% em 2050.

A informação foi avançada pelo líder do Programa de Desenvolvimento Sustentável do Banco Mundial, Lorenzo Carrera, durante a apresentação do documento no Mindelo.

Segundo Lorenzo Carrera as mudanças climáticas causarão uma redução no Produto Interno Bruto (PIB) em até 3,6% e um aumento da pobreza em 6,4% até 2050.

Salientou ainda que haverá diminuição dos ganhos do turismo e da agricultura em 10%, lembrando que um em cada cinco cabo-verdianos está directamente exposto a eventos extremos.

Mas, conforme a mesma fonte, Cabo Verde pode transformar essa crise em oportunidade, revender as perdas e impulsionar o crescimento em 2% até 2050 com “significativos benefícios” sociais e económicas, além de criar novas oportunidades de emprego.

“O que é necessário são ambições altas incluindo o Governo, o sector privado e a sociedade civil, uma governança robusta, que está sendo construída, e recursos humanos e financeiros. É necessário focar em sectores importantes como economia rural, turismo, pesca, energia, gestão de terras e águas e infraestruturas resilientes”, enumerou.

Para alcançar este desejo, adiantou, o relatório estima que será preciso mobilizar 140 milhões de dólares por ano, nos próximos anos, aproximadamente 6% a 7% do PIB acumulado até 2050, através de parcerias, inovações e envolvimento do sector privado.

Conforme Lorenzo Carrera, para produzir o relatório desenvolveram dois cenários climáticos para o futuro em 2050, sendo um pessimista e outro mais optimista em disponibilidade de água.

“Mergulhamos isso com um modelo macroeconómico e vimos o impacto no PIB e na pobreza, também usando um modelo de pobreza, do nível do mar aumentando, a temperatura aumentando, a chuva aumentando, a floresta aumentando e assim por diante e estimamos esse impacto”, afirmou.

Após identificar os setores clássicos, acrescentou, modelaram como actuar neles com políticas e investimentos e fizeram recomendações no relatório que podem ter impacto no crescimento e na redução da pobreza.

Segundo Lorenzo Carrera, que citou o relatório, 20% do território de Cabo Verde tem risco de ser afectado por eventos extremos, 16% da sua população é exposta a chuvas e 7% a inundações.

“Nós sabemos que as secas longas, que afectaram Cabo Verde recentemente colocaram 10% da população em risco de insegurança alimentar, e isso é principalmente a população rural. Nós modelamos os efeitos da mudança climática na pobreza, e estimamos que a mudança climática sem uma acção ambiciosa poderia aumentar a pobreza até 6,4% em 2050”, elencou.

O relatório aponta ainda que Cabo Verde se baseia em combustíveis importados para a eletricidade, o que aumenta o custo de energia além de haver um alto nível de perdas no sector energético de cerca de 24%.

No entanto salientou que há um “potencial significativo” para a energia solar e eólica referindo que o plano para o sector energético estipula ter o País com mais de 50% de energia renovável até 2030.

Em termos da economia azul, referiu, citando o mesmo documento, o turismo e a pesca são grandes contribuintes para o PIB.

Pelo que, sustentou, é preciso diversificar a economia para reduzir as perdas decorrentes das mudanças climáticas no futuro.

Em relação à gestão de terras e águas, Cabo Verde enfrenta uma escassez de águas severa, com mudanças climáticas induzindo e diminuindo a chuva anual.

Neste sentido, recomendou a proteçcão e a regeneração das florestas como uma acção crucial para prevenir a degradação do solo e ainda proteger a biodiversidade, mas também garantir a disponibilidade de água fresca.

O documento lembra ainda que 80% dos alimentos consumidos no país são importados.

Por isso sugeriu que Cabo Verde deve aumentar a produção agrícola, que também aumentará a segurança alimentar para a comunidade rural, além de investir em dessalinização para a produção agrícola e integrar a gestão da floresta com a agricultura e o turismo.

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Autoria:Expresso das Ilhas, Inforpress,18 jan 2025 9:51

Editado porEdisângela Tavares  em  19 jan 2025 8:17

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