A informação foi avançada pelo líder do Programa de Desenvolvimento Sustentável do Banco Mundial, Lorenzo Carrera, durante a apresentação do documento no Mindelo.
Segundo Lorenzo Carrera as mudanças climáticas causarão uma redução no Produto Interno Bruto (PIB) em até 3,6% e um aumento da pobreza em 6,4% até 2050.
Salientou ainda que haverá diminuição dos ganhos do turismo e da agricultura em 10%, lembrando que um em cada cinco cabo-verdianos está directamente exposto a eventos extremos.
Mas, conforme a mesma fonte, Cabo Verde pode transformar essa crise em oportunidade, revender as perdas e impulsionar o crescimento em 2% até 2050 com “significativos benefícios” sociais e económicas, além de criar novas oportunidades de emprego.
“O que é necessário são ambições altas incluindo o Governo, o sector privado e a sociedade civil, uma governança robusta, que está sendo construída, e recursos humanos e financeiros. É necessário focar em sectores importantes como economia rural, turismo, pesca, energia, gestão de terras e águas e infraestruturas resilientes”, enumerou.
Para alcançar este desejo, adiantou, o relatório estima que será preciso mobilizar 140 milhões de dólares por ano, nos próximos anos, aproximadamente 6% a 7% do PIB acumulado até 2050, através de parcerias, inovações e envolvimento do sector privado.
Conforme Lorenzo Carrera, para produzir o relatório desenvolveram dois cenários climáticos para o futuro em 2050, sendo um pessimista e outro mais optimista em disponibilidade de água.
“Mergulhamos isso com um modelo macroeconómico e vimos o impacto no PIB e na pobreza, também usando um modelo de pobreza, do nível do mar aumentando, a temperatura aumentando, a chuva aumentando, a floresta aumentando e assim por diante e estimamos esse impacto”, afirmou.
Após identificar os setores clássicos, acrescentou, modelaram como actuar neles com políticas e investimentos e fizeram recomendações no relatório que podem ter impacto no crescimento e na redução da pobreza.
Segundo Lorenzo Carrera, que citou o relatório, 20% do território de Cabo Verde tem risco de ser afectado por eventos extremos, 16% da sua população é exposta a chuvas e 7% a inundações.
“Nós sabemos que as secas longas, que afectaram Cabo Verde recentemente colocaram 10% da população em risco de insegurança alimentar, e isso é principalmente a população rural. Nós modelamos os efeitos da mudança climática na pobreza, e estimamos que a mudança climática sem uma acção ambiciosa poderia aumentar a pobreza até 6,4% em 2050”, elencou.
O relatório aponta ainda que Cabo Verde se baseia em combustíveis importados para a eletricidade, o que aumenta o custo de energia além de haver um alto nível de perdas no sector energético de cerca de 24%.
No entanto salientou que há um “potencial significativo” para a energia solar e eólica referindo que o plano para o sector energético estipula ter o País com mais de 50% de energia renovável até 2030.
Em termos da economia azul, referiu, citando o mesmo documento, o turismo e a pesca são grandes contribuintes para o PIB.
Pelo que, sustentou, é preciso diversificar a economia para reduzir as perdas decorrentes das mudanças climáticas no futuro.
Em relação à gestão de terras e águas, Cabo Verde enfrenta uma escassez de águas severa, com mudanças climáticas induzindo e diminuindo a chuva anual.
Neste sentido, recomendou a proteçcão e a regeneração das florestas como uma acção crucial para prevenir a degradação do solo e ainda proteger a biodiversidade, mas também garantir a disponibilidade de água fresca.
O documento lembra ainda que 80% dos alimentos consumidos no país são importados.
Por isso sugeriu que Cabo Verde deve aumentar a produção agrícola, que também aumentará a segurança alimentar para a comunidade rural, além de investir em dessalinização para a produção agrícola e integrar a gestão da floresta com a agricultura e o turismo.