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“De repente, demos conta que a nossa actividade no desenvolvimento de rotas, atraindo novas companhias, tendo turistas de outras origens, causou, no Sal, num período de cerca de 12 meses, falta de camas”, disse Jorge Duarte, num painel do Fórum de Negócios da África Lusófona, organizado pela Sociedade Financeira Internacional (IFC, sigla inglesa), grupo do Banco Mundial, naquela ilha.
“Há aqui uma oportunidade clara para investimento em hotéis, tanto no Sal como na Boa Vista, mas no Sal a situação já é crítica. Eu creio que todos tiveram dificuldade em encontrar hotéis, pelo menos o que queriam”, exemplificou, dirigindo-se à plateia.
“O mérito não é apenas dos aeroportos, mas temos um papel importante e uma grande responsabilidade, porque estamos na cadeia de valor do negócio do turismo que representa 25% da nossa riqueza”, acrescentou Jorge Duarte.
Entre os números que apresentou, o CEO da Cabo Verde Airports indicou que “cada 13 turistas produzem um posto de trabalho, no mínimo”, na plataforma aeroportuária, que, além do negócio aéreo, inclui serviços associados, como lojas nos aeroportos, actividades logísticas, segurança ou limpezas.
A acompanhar o impacto do turismo, aquele responsável recomendou “cuidado”, defendendo que “é preciso diversificar a economia”, apontando Cabo Verde como o único país na rede Vinci em que o sector tem tanto peso, ao representar cerca de 25% do Produto Interno Bruto (PIB), valor "normalmente abaixo de 10%".
O movimento de passageiros nos aeroportos de Cabo Verde atingiu um recorde, em 2024, ao alcançar os três milhões, de acordo com dados da Agência de Aviação Civil. O total supera o número pré-pandemia de 2,7 milhões, em 2019, que era até agora o mais alto de sempre.
Mais de metade do movimento de passageiros regista-se nas ilhas do Sal e da Boa Vista, principais destinos de turistas estrangeiros.
O turismo está em crescimento em Cabo Verde e o país alcançou no último ano o número recorde de 1,2 milhões de hóspedes.
O Governo concessionou, em 2023, o serviço público aeroportuário à Cabo Verde Airports, firma do grupo Vinci, com o objectivo de expandir e modernizar os quatro aeroportos internacionais (Boavista, Praia, Sal e São Vicente) e três aeródromos (Fogo, Maio e São Nicolau) com um plano de investimentos a 40 anos.
