400 mil hóspedes. Quase um terço do total de turistas que visitaram Cabo Verde em 2024 ficaram alojados nos seis hotéis que o Grupo RIU tem no país.
Um valor que confirma a empresa espanhola como o maior operador turístico a nível nacional.
O Grupo tem “um peso enorme na economia nacional se atendermos à contribuição que o turismo tem no PIB”, reconhece o ministro do Turismo, José Luís Sá Nogueira, em entrevista ao Expresso das Ilhas.
“Se nós considerarmos que tivemos quase 1,2 milhões de turistas em 2024 e o Grupo quase atingiu os 400 mil turistas e fizermos um pequeno cálculo, isso representa praticamente mais de 7% do PIB, o que demonstra, de facto, um peso enorme” na economia nacional, acrescenta o ministro, que esteve no Sal a participar na Gala do 20.º Aniversário do Grupo RIU em Cabo Verde.
Além da contribuição económica para o PIB, há igualmente que referir que, só no ano passado, o Grupo RIU entregou ao Estado quase 5 milhões de contos em impostos, fruto dos 26,6 milhões de contos que teve em receitas durante o ano passado.
Mas, além de ser o maior operador turístico em actividade, a empresa liderada por Joan Trian é, igualmente, o maior empregador privado do país. Ao todo, 3.378 pessoas trabalham nas seis unidades hoteleiras que o grupo detém no Sal e na Boa Vista.
José Luís Sá Nogueira destaca, igualmente, o papel que o Grupo RIU tem tido, ao longo dos anos, na criação de empregos indirectos que, aponta, “são significativos”.
Ao longo dos anos, o tema do turismo de massa e os seus benefícios/prejuízos tem sido motivo de várias discussões, motivando críticas sobre os [poucos] gastos dos turistas fora dos resorts.
Sá Nogueira defende que foi “graças ao turismo de massa, graças ao All Inclusive” que Cabo Verde “criou a massa crítica e foi projectado a nível do mercado internacional”.
“Hoje, Cabo Verde é conhecido como um destino turístico e, cada vez mais, há uma demanda em relação ao destino que há a ver. O facto de haver investimentos em resorts e no âmbito do all inclusive não significa que seja mau para o país, antes pelo contrário. Gera empregos directos e indirectos, contribui em termos fiscais, faz com que novos negócios possam surgir a nível da conectividade e de outros tipos de prestação de serviços”.
Crescimento turístico, impacto social e compromisso sustentável
Durante a gala dos 20 anos do grupo em Cabo Verde, o primeiro-ministro Ulisses Correia e Silva lembrou que, em 2005, Cabo Verde recebia 233.538 turistas e que, em 2024, o número ultrapassou o milhão de visitantes.
“Grande parte deste crescimento deve-se ao Grupo RIU”, afirmou o chefe do Governo, sublinhando que este percurso foi feito através de investimentos, promoção da qualidade e exigência na qualificação profissional.
“O crescimento foi feito com investimento, criação de propostas, qualidade, e exigiu do Estado investimentos na qualificação profissional”, disse Ulisses Correia e Silva, que também destacou o papel das escolas de hotelaria e turismo, por onde passaram muitos dos jovens que hoje trabalham em hotéis em todo o país.
O impacto social também foi destacado, com referência à taxa turística que tem financiado projectos de coesão social, como a transformação do antigo “bairro das barracas” na Boa Vista, agora rebaptizado de Bairro da Boa Esperança. “Mais de 10 milhões de euros foram investidos em habitação, saneamento e segurança graças a essa contribuição de 2,50 euros por turista”, salientou Correia e Silva.
Em entrevista ao Expresso das Ilhas, o ministro do Turismo destacou o papel que o programa social e ambiental do Grupo RIU tem tido em Cabo Verde, e que “é um exemplo e que deve ser explorado a nível de outros investimentos no sector do turismo”.
“O [Grupo] RIU tem um programa muito forte de sustentabilidade social, com atendimento às crianças, com várias acções ligadas também a aspectos ambientais, à protecção de tartarugas e, a nível de energia renovável, estão a fazer um investimento extraordinário em termos de energia fotovoltaica. Eles já têm, aqui no Sal, uma capacidade instalada de 4 megawatts”.
Proudly Committed
Como foi destacado pelos governantes, o Grupo RIU tem vindo a implementar em Cabo Verde, e noutros países onde está presente, a estratégia Proudly Committed, onde se englobam os projectos sociais da empresa.
No Sal, especificamente, esta estratégia tem a sua face mais visível no Consultório Solidário de Saúde Infantil.
Desde que foi inaugurado em 2023, em parceria com o Ministério da Saúde, este consultório, localizado em Chã de Matias, no Sal, já prestou atendimento a um total de 3.030 crianças na ilha, das quais 60,8% tinham uma média de idade entre 0 e 5 anos.
Segundo o grupo hoteleiro, esta estratégia é “um processo de transformação com o qual a empresa coloca a sustentabilidade no centro de todas as suas decisões” e tem como objectivo que “o impacto da sua actividade seja sempre o mais positivo possível, tanto na sociedade como nos ecossistemas”.
Além da saúde, esta estratégia tem, também, implicações ambientais, uma vez que, a par da inauguração do Consultório Solidário de Saúde Infantil, em 2023 o Grupo RIU assinou o primeiro acordo público-privado com o Ministério do Ambiente e, além disso, tem colaborado activamente com várias ONG ligadas à defesa do meio ambiente no Sal e na Boa Vista, especialmente no que respeita à conservação das tartarugas Caretta caretta.
Emprego directo e indirecto
Os números são claros. São mais de 3 mil os empregos gerados directamente pelo Grupo RIU em Cabo Verde, mas, para o ministro do Turismo, o impacto vai muito além desse número.
Os hotéis, destaca José Luís Sá Nogueira, “não só precisam de emprego para assegurar o seu funcionamento, mas precisam também de empresas de manutenção em várias áreas, desde ar-condicionado, equipamentos de frio, e tudo isso são negócios que são prestados por pequenas e médias empresas nacionais. Se formos ver, até o consumo de produtos nacionais está a aumentar significativamente. Ou seja, importam-se produtos porque, de facto, o país não produz tudo o que precisa, mas há uma consciência cada vez maior por parte dos nossos produtores de certificar os seus produtos, para que possam ser comprados por estas cadeias turísticas, que têm que garantir a segurança alimentar, que é muito importante para não criar uma perturbação no nosso destino turístico”.
Diversificar o turismo
A diversificação do turismo para além do All Inclusive e do Sol e Praia não é um tema esquecido, garante o ministro. No entanto, essa mudança só poderá ser feita se associada ao turismo de massa.
“Praia e sol é o carro-chefe, não tenho dúvida”, explica, garantindo que também existe um segmento a nível do turismo cultural e do património histórico, de montanha, de natureza, “que nós precisamos de explorar mais. É isso que nós estamos a fazer neste momento com base no chamado plano operacional do turismo, que não só diversifica, mas também procura desconcentrar. A diversificação faz-se através do desenvolvimento desses nichos de mercado que eu acabei de referir e da atracção de novos”.
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De um pequeno hotel a um gigante do Turismo
A empresa RIU começou a dar os primeiros passos no sector turístico quando, em 1953, Juan Riu e Maria Bertrán adquiriram, juntamente com o seu filho Luis Riu Bertrán, o hotel San Francisco, em Maiorca, e fortaleceu a sua presença nas Ilhas Baleares graças a uma aliança com a TUI (Touristik Union International) em 1977.
Em 1985, abriu o seu primeiro hotel em Gran Canaria, o hotel Riu Palmeras, marcando o início da sua expansão para além das Ilhas Baleares. O início da expansão internacional dá-se em 1991, com a abertura do hotel Riu Taino, em Punta Cana. Era o primeiro dos 45 hotéis que o grupo detém no continente americano.
Em 2010, a RIU embarcou num “dos seus maiores desafios como empresa: o lançamento da sua marca urbana Riu Plaza”, abrindo hotéis em cidades-chave a nível mundial, como Nova Iorque e Madrid.
Hoje, a cadeia tem 98 hotéis em 21 países e 6,7 milhões de clientes.
Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 1223 de 07 de Maio de 2025.