Joan Trian, Director Executivo do Grupo RIU: “Planos de expansão do destino vão a par com a melhoria das infraestruturas”

PorAndré Amaral,11 mai 2025 7:49

O Grupo RIU entrou no mercado turístico cabo-verdiano em 2005 com a abertura do seu primeiro hotel (RIU Funaná) no Sal. Desde então, o grupo tem vindo a crescer e é, hoje, não só o maior operador turístico, como também o principal empregador privado do país. Mas Joan Trian, Director Executivo do Grupo RIU, deixa um alerta: novos investimentos estão associados a melhorias nas infraestruturas.

20 anos de actividade em Cabo Verde. Que balanço faz destas duas décadas?

Há vinte anos, em 2005, abrimos o nosso primeiro hotel, o RIU Funaná, na ilha do Sal. Foram duas décadas de muito trabalho e de grande satisfação. Crescemos ao lado de Cabo Verde, consolidando uma forte relação com o país e partilhando a visão de um turismo sustentável e gerador de oportunidades. Actualmente, temos um portfólio completo de seis hotéis no destino – três na ilha do Sal e três na da Boa Vista – com um total de 3.378 colaboradores, 92% dos quais são cabo-verdianos. Pessoalmente, tenho uma relação especial com este país. Em 2009, trabalhei como assistente de direcção do RIU Funaná Garopa. Foi uma etapa decisiva na minha vida profissional. Cabo Verde ensinou-me muito, e é um país ao qual estarei sempre ligado. Para além disso, no ano passado tive a honra de receber, juntamente com a minha mãe, Carmen Riu, e o meu tio, Luis Riu, a nacionalidade cabo-verdiana.

A procura de Cabo Verde como destino turístico tem vindo a crescer. Em 2024, foi ultrapassada a barreira de 1,2 milhões de turistas. Quais são os planos do Grupo RIU para Cabo Verde no futuro próximo? Há possibilidade de novas unidades hoteleiras serem construídas?

Os nossos hotéis estão a ter um desempenho muito bom e apresentam taxas de ocupação bastante elevadas. Desenvolvemos vários projectos importantes nos últimos anos, como a abertura do RIU Palace Santa Maria, em 2021, e a remodelação completa do RIU Karamboa, em 2022. Quanto ao futuro, temos terrenos para construir mais quartos na Boa Vista e queremos também investir numa grande remodelação do RIU Touareg, também na “ilha fantástica”. Mas estes investimentos estão totalmente dependentes das melhorias pendentes no aeroporto da ilha, tanto na ampliação como na iluminação da pista, para aumentar a capacidade e as operações. Trata-se de uma infraestrutura fundamental para o desenvolvimento do turismo, porque não só está em jogo o investimento da RIU, como sabemos que há outros hoteleiros interessados no destino e muito ansiosos por estes projectos.

A infraestrutura do país (neste caso, os aeroportos do Sal e da Boa Vista) é satisfatória ou os novos investimentos da RIU poderão estar condicionados por melhorias nessas infraestruturas?

Como já referi, os planos de expansão do destino acompanham a melhoria das infraestruturas. Já mencionámos o aeroporto da Boa Vista, mas temos também de abordar a melhoria da saúde e do alojamento dos trabalhadores desta ilha. Tivemos a oportunidade de dizer às autoridades, em muitas ocasiões, quais são as necessidades mais urgentes. Sabemos que elas tomaram em consideração as nossas preocupações e que os planos estão prontos. Agora, temos de passar à acção.

Ao longo destas duas décadas, quais foram os momentos mais importantes para o Grupo RIU em Cabo Verde?

Embora não possa destacar um único momento, Cabo Verde é um dos destinos mais importantes para a RIU e mudou-nos como empresa. No entanto, quero salientar o nosso início no país, que foi cheio de desafios. Sempre que chegamos a um novo destino, um dos nossos principais objectivos é transmitir a nossa filosofia aos futuros funcionários. Neste caso, contámos com a ajuda do nosso Director de Recursos Humanos em Cabo Verde, Carlos Almeida, que, juntamente com Félix Casado, Director-Geral e responsável pela RIU em Cabo Verde, percorreu bairros e ruas explicando o nosso projecto, à procura de colaboradores para a abertura do primeiro hotel. Estabelecer a rede de abastecimento necessária foi também um grande desafio para as nossas equipas. Na RIU, operamos hotéis grandes e movimentados, algo que não existia no Sal e na Boa Vista antes da nossa chegada. Devido ao volume e às exigências higiénicas e sanitárias, os requisitos dos nossos fornecedores são muito elevados. Conseguir este fornecimento estável tem sido um desafio que os nossos fornecedores também enfrentaram, tanto aqueles com quem já trabalhávamos como outros fornecedores locais que se juntaram a nós. É por isso que todos eles mereceram reconhecimento durante a Gala do 20.º Aniversário. E outro momento que nos marcou profundamente foi a pandemia de Covid-19. Atrevo-me a dizer que Cabo Verde foi o destino que mais sofreu, porque o encerramento turístico durou muitos meses. Fizemos grandes esforços para apoiar os nossos colaboradores, a comunidade local e também para recuperar a confiança dos operadores para reabrir o destino. Hoje, com os hotéis quase cheios, já esquecemos esses meses, mas foram muito difíceis.

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Têm desempenhado também um papel importante a nível social e ambiental, não só em Cabo Verde, mas em todos os países onde os hotéis RIU estão localizados. O que vos leva a ter este tipo de iniciativa?

Em 2023, empreendemos uma profunda reflexão e trabalho interno que resultou na nossa estratégia Proudly Committed. Com ela, iniciámos um processo de transformação que coloca a sustentabilidade num papel decisivo em todas as áreas da empresa. O objectivo é minimizar o impacto da nossa actividade no ambiente e gerar impactos positivos na comunidade. Para isso, estamos envolvidos em vários projectos em todo o mundo, aplicando o chamado Método RIU, uma metodologia pioneira no sector do turismo, que nos permite identificar e apoiar as acções que têm um impacto mais benéfico e real em cada comunidade. Acções como a Clínica Solidária de Saúde Infantil, no Sal, em conjunto com a Fundação Des Bem e a Africa Avanza, que eu próprio tive o prazer de inaugurar em Abril de 2023, são o resultado desta metodologia. Outro exemplo é o desenvolvimento de um plano de protecção da área natural de Ponta do Sinó, na ilha do Sal, resultado do primeiro acordo público-privado assinado entre a cadeia hoteleira e o Ministério do Ambiente, também em 2023. O trabalho conjunto com a Direcção Nacional do Ambiente e a associação local Projecto Biodiversidade impulsionou este ano as primeiras fases do processo de recuperação de Ponta do Sinó, contando ainda com a colaboração da Agência Espanhola de Cooperação, que está a financiar o alargamento da área de acção à Costa Fragata.

Durante as comemorações dos 20 anos, foi destacado o papel que os funcionários cabo-verdianos tiveram na formação dos trabalhadores do RIU Baobab, no Senegal. O que é que isto significa para a RIU e que mensagem envia aos trabalhadores?

Durante estes 20 anos, pudemos ver a evolução dos profissionais que trabalham connosco. Actualmente, muitos deles são líderes e formadores de novos colaboradores e são responsáveis por lhes transmitir a nossa filosofia. A mensagem é clara e faz parte da filosofia da nossa empresa: a RIU oferece oportunidades de crescimento e desenvolvimento profissional a todos os que têm talento e ambição. Como estamos em constante crescimento internacional, estas oportunidades podem surgir no mesmo hotel, noutros hotéis da zona, no país ou, como no caso do Senegal, Zanzibar ou Maldivas, noutros países.

Existem colaboradores cabo-verdianos a trabalhar noutros hotéis do Grupo em todo o mundo?

Vários funcionários cabo-verdianos estão, actualmente, a trabalhar noutros destinos da RIU em todo o mundo. Para além disso, alguns deles foram promovidos. É o caso de Cristiano dos Santos, que era chefe da sala de jantar do hotel RIU Touareg quando foi convidado a participar na abertura da RIU nas Maldivas, sendo agora subgerente do hotel RIU Palace Zanzibar.

Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 1223 de 07 de Maio de 2025.

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Autoria:André Amaral,11 mai 2025 7:49

Editado porFretson Rocha  em  12 mai 2025 9:33

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