O grupo RIU celebrou esta terça-feira 20 anos de actividade em Cabo Verde.
No passado dia 29 de abril, em conferência de imprensa, os responsáveis do maior operador turístico em Cabo Verde apresentaram os resultados alcançados ao longo do último ano.
“Em 2025 celebramos vinte anos da nossa presença em Cabo Verde, duas décadas desde que abrimos o primeiro hotel, o Rio Funaná, aqui na Ilha do Sal”, começou por apontar Hilda Teófilo, responsável pelas relações-públicas do Grupo RIU em Cabo Verde. “E ao longo desses tempos, temos crescido juntos, consolidando uma relação que vai muito além do empresarial. Pensamos que o grupo e Cabo Verde construíram uma história comum, baseada na confiança, no trabalho conjunto e numa visão partilhada de um turismo que deve ser sustentável e gerador de oportunidades”, reforçou.
Resultados
Substituindo Juan Trian e Naomi Riu, que ficaram retidos em Espanha por causa do apagão que esta segunda-feira afectou Portugal e Espanha, Hilda Teófilo traçou um retrato dos resultados do Grupo RIU em Cabo Verde.
“Em termos de quartos, totalizamos 4.649 quartos e a nível de clientes hospedados durante o ano de 2024, estivemos próximos de atingir a cifra dos 400 mil” o que representou “um aumento de 7%” relativamente ao ano de 2023.
Em termos económicos, o Grupo RIU teve receitas na ordem dos 26.6 mil milhões de escudos, mais 4,6 mil milhões de escudos do que em 2023.
Em termos de impostos, o Grupo RIU deixou nos cofres do Estado 4.947 milhões de escudos e realizou investimentos de 352 milhões de escudos. “As receitas aumentaram e aumentaram também os impostos pagos na ordem dos 25% em 2024”, frisou Hilda Teófilo.
O investimento realizado foi o único factor que decresceu. “Aqui falamos de mais investimento em termos de hotéis e melhorias dentro dos hotéis, que diminuiu cerca de 50% relativamente ao ano de 2023”.
Maior empregador privado
Os números apresentados esta terça-feira mostram que nos seis hotéis que o grupo tem em Cabo Verde (três hotéis no Sal e outros tantos na Boa Vista) trabalham 3.378 pessoas “dos quais 3.120 são cabo-verdianos" referiu Carlos Almeida, Director de Recursos Humanos do Grupo RIU em Cabo Verde. “Temos 1.438 homens e 1.940 mulheres”, especificou dando destaque ao “forte pendor feminino” no quadro de pessoal.
"Este responsável salientou igualmente que 225 trabalhadores nacionais ocupam actualmente cargos de direcção em vários hotéis do país, todos eles cabo-verdianos, o que traduz a valorização e a aposta feita nos recursos humanos nacionais. Acrescentou ainda que esta aposta se estende ao papel que os trabalhadores cabo-verdianos vêm assumindo na formação de colaboradores do grupo noutros países."
“Em 2022 cinquenta dos nossos funcionários foram ao Senegal dar formação no Hotel RIU Baobab” que o grupo inaugurou naquele país.
Questionado sobre se a recente onda de emigração teve impacto no funcionamento do hotel, Carlos Almeida reconhece que “tem havido algumas saídas”, mas que tal não é visto “como dramático” no seio do grupo.
“É natural e é normal. As pessoas fazem as suas opções para terem uma melhor qualidade de vida”, referiu.
Responsabilidade social e ambiental
Mas não é só de números e pessoas que se faz a história do Grupo RIU em Cabo Verde. Também os programas ambientais e sociais assumem um papel importante. Josiane Barbosa, responsável pela área de sustentabilidade do Grupo RIU em Cabo Verde, apresentou os investimentos feitos em matéria de sustentabilidade e projectos futuros junto da comunidade local e na área da biodiversidade.
"No âmbito desta estratégia, o grupo prevê um investimento de 165 milhões de escudos cabo-verdianos, destinados a impulsionar projectos de âmbito social e ambiental no país.", apontou Josiane Barbosa que destacou, entre outros projectos, o consultório solidário de saúde infantil do Sal, localizado em Chã de Matias, em parceria com a Associação África Avança. “Inaugurado em 2023, em colaboração com o Ministério da Saúde, este consultório oferece atendimento gratuito e permanente a crianças dos 0 aos 14 anos, tendo acumulado, até Dezembro de 2024, um total de 5.505 consultas. Relativamente à faixa etária e às patologias, em 2024, registou-se o atendimento de 1.562 crianças dos 0 aos 5 anos, 754 dos 6 aos 10 anos e 239 dos 11 aos 14 anos".
A nível ambiental, destacam-se as acções de protecção e conservação das tartarugas, que, segundo Josiane Barbosa, “têm tido excelentes resultados para o ecossistema nacional”.
Na Ilha da Boa Vista, que concentra 60% do total de tartarugas do país, “em parceria com os Bioscape Verde, registaram-se 22 mil ninhos, dos quais 600 foram protegidos numa incubadora, alcançando uma taxa de sucesso de eclosão de 77,9%, o que resultou na libertação de 34.592 crias no mar”.
Já na Ilha do Sal, em colaboração com a Associação Projeto Biodiversidade, “registaram-se 36.587 ninhos, dos quais 2.225 foram monitorizados nos cinco viveiros existentes, um deles situado em frente ao hotel Riu Funaná. A partir desses viveiros, foram libertadas 115 mil crias no mar, com uma taxa de sucesso de eclosão de 82,3%”, referiu a responsável.
Energias renováveis
Para além da protecção ambiental, importa igualmente destacar a aposta nas energias renováveis.
Segundo Josiane Barbosa, o grupo dispõe actualmente de uma capacidade instalada de 4,18 MW em vários equipamentos de energia solar fotovoltaica, o que permitiu evitar a emissão de 3.400 toneladas de dióxido de carbono para a atmosfera. “O equivalente à quantidade de CO₂ emitida por 34 voos entre Lisboa e a ilha do Sal”, destacou.
Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 1222 de 30 de Abril de 2025.