Com uma potência instalada situada entre cinco e seis megawatts, conforme os dados divulgados pelo Governo durante a cerimónia, o parque ocupa uma área aproximada de sete hectares e está preparado para produzir, anualmente, mais de 10.800 MWh de energia eléctrica. O investimento, estimado em 200 mil contos, representa um marco para a matriz energética de São Vicente, que passa a contar com uma componente solar mais expressiva e alinhada com as metas nacionais de transição energética.
Falando à imprensa após o acto inaugural, Alexandre Monteiro sublinhou que o principal ganho da central está na poupança de combustíveis fósseis utilizados na produção de electricidade. De acordo com o ministro, o parque permitirá reduzir o consumo diário em cerca de seis mil litros, o que, acumulado ao longo do ano, ultrapassará duas mil toneladas de combustível poupado. Em termos financeiros, essa redução traduz-se em mais de 160 mil contos por ano, quantia que o país deixará de gastar na importação de combustíveis fósseis.
O governante acrescentou que esta diminuição dos custos de produção terá impacto directo na estabilidade das tarifas de electricidade, um objectivo reiterado pela política energética nacional. Segundo Alexandre Monteiro, a central solar permitirá não apenas uma gestão mais eficiente dos recursos, mas também maior previsibilidade tarifária para consumidores e empresas, contribuindo para a competitividade económica do país.
Para além dos benefícios económicos, o ministro destacou igualmente a importância ambiental do novo parque solar. A infra-estrutura permitirá uma redução significativa das emissões de dióxido de carbono, estimadas em cerca de 9.194 toneladas por ano. Este contributo reforça o compromisso internacional de Cabo Verde no combate às alterações climáticas e na promoção de um modelo de desenvolvimento sustentável que privilegia a produção de energia limpa.
Em termos de penetração de energias renováveis, São Vicente deverá registar uma evolução notável com a entrada em funcionamento da nova central. Actualmente, a ilha produz cerca de 30% da sua electricidade a partir de fontes renováveis. Com o reforço proporcionado pelo parque de Salamansa / Norte de Baía, essa percentagem poderá ultrapassar os 40%, graças à integração simultânea da energia solar e eólica disponível na ilha. O ministro realçou que esta capacidade de penetração, que atinge aproximadamente 12% quando agregada às outras unidades de produção renovável existentes, coloca São Vicente acima da meta nacional de 35% até 2026 e aproxima o país do objectivo de alcançar 50% até 2030.
Alexandre Monteiro aproveitou ainda a ocasião para recordar que o Governo tem em curso diversos projectos estruturantes destinados a aumentar a produção nacional de energia renovável. Entre eles estão a instalação de parques solares em todas as ilhas, a expansão do parque eólico na ilha de Santiago e a criação de sistemas de armazenagem de energia, considerados essenciais para garantir maior estabilidade e segurança no fornecimento eléctrico.
Segundo o ministro, estes investimentos demonstram o compromisso contínuo do Executivo com a transição energética e com a modernização do sector eléctrico nacional. A aposta em fontes renováveis, afirmou, tem como objectivo reduzir a dependência externa, diminuir progressivamente os custos associados à produção de electricidade e fortalecer a resiliência ambiental do país.
A inauguração da Central Solar Fotovoltaica de Salamansa / Norte de Baía representa, assim, um passo significativo para São Vicente e para Cabo Verde. Para além de reforçar a capacidade de produção de energia limpa, o projecto assegura vantagens económicas e ambientais que, segundo Alexandre Monteiro, serão visíveis desde o primeiro ano de operação. Ao mesmo tempo, contribui para consolidar a estratégia nacional de desenvolvimento sustentável e para posicionar o arquipélago entre os países africanos mais avançados na implementação de políticas de transição energética.
Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 1252 de 26 de Novembro de 2025.
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