Segundo o BCV, este desempenho das reservas externas líquidas resulta da conjugação de vários factores, principalmente a política monetária, a dinâmica do turismo, o aumento do Investimento Direto Estrangeiro (IDE) e das remessas dos emigrantes.
Em relação à procura turística internacional, e de acordo com dados do INE, de Janeiro a Setembro deste ano, entraram no país 806.169 hóspedes estrangeiros, um aumento de cerca de 56.344 hóspedes face ao período homólogo do ano anterior. As receitas (líquidas) provenientes do turismo têm aumentado, situando-se, até Setembro, em cerca de 415 milhões de euros, cerca de 35 milhões de euros a mais, comparando ao período homólogo do ano passado.
O aumento do Investimento Direto Estrangeiro (IDE) realizado em Cabo Verde e das remessas dos emigrantes (em divisas) contribuiu igualmente para o reforço da posição externa do país. Entre Janeiro e Setembro, o IDE (líquido) e as remessas dos emigrantes aumentaram em cerca de 18 milhões de euros e 6 milhões de euros, respetivamente, face ao período homólogo, fixando-se em 79 milhões de euros e 200 milhões de euros.
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As reservas externas oficiais são activos externos detidos e geridos pelo Banco de Cabo Verde, que incluem moeda estrangeira (euros, dólares, ienes), títulos de dívida de outros países e outros activos líquidos. Estes activos funcionam como uma espécie de "poupança" do país, utilizada na execução da política monetária e cambial, servindo igualmente para garantir a capacidade de honrar os compromissos financeiros com o exterior e manter a confiança no sistema financeiro nacional.
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Indicadores Económicos e Financeiros
Dados do relatório de Novembro deste ano, e de acordo com estimativas do Instituto Nacional de Estatísticas, no segundo trimestre, o PIB em volume cresceu 6,2% (3,7% do trimestre anterior). Do lado da procura, este desempenho deveu-se ao aumento do contributo tanto da procura interna como da procura externa líquida. A procura interna aumentou 5,2%, em termos homólogos, resultado das subidas nos consumos público e privado. A procura externa líquida registou uma melhoria devido ao aumento das exportações de bens e serviços em 3,2%.
Do lado da oferta, o crescimento da actividade económica nacional no segundo trimestre deveu-se, principalmente, à aceleração (em termos homólogos) registada nos sectores de “alojamento e restauração” (15%), “transportes e armazenagem” (7,9%), “administração pública e segurança social” (9,0%), “construção” (23,2%), “actividades imobiliárias” (6,4%), bem como nos “impostos líquidos de subsídios” arrecadados no período (8,3%). Por outro lado, há a destacar o menor contributo da actividade do sector da “agricultura, pecuária e silvicultura”, que cresceu 11,8% no segundo trimestre, quando no trimestre anterior tinha crescido 25,7% em termos homólogos.
A inflação em Cabo Verde continuou a aumentar em Setembro, com as taxas de inflação homóloga e média anual a fixarem-se em, respetivamente, 2,2% e 2,1% (ambas as taxas eram de 1,0%, em Setembro do ano passado). Principal razão? O aumento dos preços das classes de “vestuário e calçado” (15,3%), “restaurantes e hotéis” (9,4%), “produtos alimentares e bebidas não alcoólicas” (0,6%) e “acessórios para o lar, equipamento doméstico e manutenção corrente da habitação” (5,2%).
Já as contas públicas registaram um superavit de 2.991,2 milhões de escudos, em Setembro deste ano (défice de 1.080,7 milhões de escudos no período homólogo). Este desempenho positivo reflectiu o aumento das receitas de impostos, das transferências (em donativos) e das outras receitas, bem como o abrandamento das despesas correntes.
As receitas de impostos cresceram 16,8% em termos homólogos, traduzindo o crescimento (ainda que moderado, segundo o BCV) da actividade económica nacional, a introdução da taxa específica sobre o álcool, o agravamento da taxa sobre o tabaco, a cobrança de dívidas negociadas em prestações e o aumento do número de contribuintes. O crescimento das receitas resultou, principalmente, dos aumentos registados na arrecadação dos impostos sobre o rendimento de pessoas singulares e coletivas (23,5%), sobre o valor acrescentado (16,2%), sobre o consumo, incluindo a taxa de tabaco e a taxa específica sobre o álcool (25,7%) e sobre as transações internacionais (7,6%).
As transferências em donativos fixaram-se nos 2.105 milhões de escudos (um aumento de 40,2% em termos homólogos), resultado da evolução positiva das transferências de governos estrangeiros, bem como de organismos internacionais. As outras receitas cresceram 18,5%, devido ao aumento registado nos rendimentos de propriedade (111,5%), sobretudo rendas de outras concessões e dividendos, e o acréscimo de 4,1% nas vendas de bens e serviços, decorrente da cobrança de taxas na prestação de serviços.
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Índice de preços do comércio externo
Dados do INE, os preços dos produtos importados diminuíram 0,4% em Novembro de 2025, o que representa um aumento de 0,7 pontos percentuais face ao registado no mês anterior (-1,1%).
Já a taxa de variação mensal dos preços dos produtos exportados fixou-se em 2,7%, também em Novembro, um aumentando 4,6 pontos percentuais face ao registado no mês anterior (-1,8%).
Nas importações, o aumento dos preços ocorreu nas seguintes categorias de grupo: “Bens Intermédios” (1,4%): justificado essencialmente pela subida dos preços de “Produtos transformados para a construção” (2,9%); e “Bens de Capital” (7,2%): que se deveu, principalmente, à subida de preços da subcategoria “máquinas”, que apresentou um acréscimo de 9,7%
Já as categorias de grupos que mais contribuíram para a descida dos preços foram: “Bens de Consumo” (-1,2%): impulsionada, sobretudo, pela diminuição dos preços dos “Produtos alimentares transformados” (-2,5%); e “Combustíveis” (-1,7%): prende-se com a descida da única subcategoria, denominada “Combustíveis” (-1,7%).
Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 1256 de 24 de Dezembro de 2025.
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