Destaque também para a entrevista de fim-de-ano a Manuel Brito-Semedo. Um mundo em ebulição, e um ano que se revela complicado para todos. Por cá, continuamos “a viver como se os problemas globais fossem algo distante” e a esperar resultados diferentes com os mesmos actores e práticas. A observação é de Manuel Brito-Semedo que escolhe a palavra incerteza para perspectivar 2025, numa entrevista em que também se passa em revista 2024. Nesta conversa, o antropólogo não poupa críticas ao governo, que considera 'fraco', nem ao Presidente da República, que, acusa, alimenta temas fracturantes para a sociedade cabo-verdiana.Brito-Semedo, que este ano esteve no centro de uma polémica ao afirmar que 'culturalmente Cabo Verde não é África', aborda estas e outras questões sensíveis do país, antevendo que “vida vai ser mais difícil, e precisamos estar preparados”.
Entrando nas retrospectivas, da varredela autárquica ao salário da primeira-dama, da saída e entrada de novos ministros, ao bater da porta com estrondo por parte do histórico do PAICV Júlio Correia, este foi um ano político bastante animado.
Na Economia, 2024 trouxe o maior orçamento de estado de sempre, a evolução do turismo e o que se espera para o futuro do sector, mas também os leilões do INPS. Estes foram alguns dos tópicos que dominaram o ano económico nacional, tudo isto num contexto que continua a ser de grande incerteza.
Em São Vicente, do “entendam-se” nas urnas ao “li kê terra” na Baía, uma ilha como só ela. Para o bem e para o mal, 2024 deu a São Vicente muito com que se entreter.
Na Sociedade, 2024 foi marcado por diversos avanços, como a certificação como país livre de malária, a expansão dos serviços de saúde mental e o reforço na prevenção da dengue. No entanto, desafios como greves laborais, o aumento de casos de dengue, tensões no sector educativo e questões de segurança marcaram o panorama nacional.
Na secção Mundo, o ano de 2024, o mais quente desde que há registos, foi marcado não só pelas temperaturas extremas, como por um cenário com várias frentes de guerra e uma escalada de tensão ao nível mundial. Na Ucrânia, a guerra contra a Rússia intensificou-se e no Médio Oriente, o conflito entre Israel e o Hamas atingiu níveis alarmantes, com graves consequências humanitárias e críticas internacionais. Em ambos os conflitos, há um rastilho que se estende a outras nações e faz periclitar a frágil “estabilidade” mundial. O futuro é uma incógnita, mas a herança para 2025 é pesada.
Na Cultura, este ano ficou marcado pela classificação do Funaná como Património Cultural Imaterial Nacional. O Instituto do Património Cultural (IPC) registou “Fongo” como Património Imaterial de Fontainhas, no concelho de Ribeira Grande, Santo Antão. Já a Aldeia de Fontainhas, na ilha de Santo Antão, foi classificada como Património Cultural e Natural Nacional. O ano terminou com um aumento no Orçamento de Estado para 2025 para o sector.
Por fim, no Desporto, o destaque vai para os Jogos Olímpicos de Paris 2024, que marcaram um capítulo especial na história desportiva de Cabo Verde. Com uma delegação composta por sete atletas em cinco modalidades distintas, o país não apenas enviou sua maior representação de todos os tempos, como também conquistou sua primeira medalha olímpica: David Pina no boxe.
Na opinião, esta última edição de 2024 traz “Não é só uma mudança de ano”, de Paulo Veiga.